domingo, 13 de abril de 2014

Portugal: Valor das pensões vai ficar dependente do estado da economia portuguesa



TSF

O cálculo das pensões deve passar a depender da evolução da economia, mas também de indicadores demográficos. É o que consta de um documento da Comissão Europeia que fecha a 11ª avaliação, a que a TSF teve acesso.

O assunto criou polémica em março, mas este documento da Comissão Europeia, que fecha oficialmente a 11ª avaliação, indica que esta foi a medida encontrada para substituir os cortes de pensões atualmente em vigor com a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES).

O Governo tem dito que a reforma do sistema de pensões está a ser estudada por um grupo de especialistas, mas Bruxelas quer resultados a curto prazo.

O documento a que a TSF teve acesso tem a data de 19 de março. A polémica surgiu no dia 27 de março, depois de um briefing no Ministério das Finanças em que o secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, deu conta das alterações num encontro com vários meios de comunicação social.

Nessa altura, o primeiro-ministro foi confrontado pelos jornalistas e disse que não iria especular, garantindo que nenhuma decisão estava tomada.

Neste documento de Bruxelas é referido que o valor das pensões teria de variar, todos os anos, conforme a evolução dos salários, do emprego e da relação entre população ativa e reformados. A nova fórmula de cálculo pode entrar em vigor já em 2015.

No texto, a Comissão Europeia explica que «a reforma deve incluir medidas a curto prazo, reforçando o vínculo entre direitos de pensão e critérios demográficos e económicos e, simultaneamente, respeitando princípios de progressividade, em conformidade com a recente decisão do Tribunal Constitucional sobre a convergência do regime de pensões dos funcionários públicos (CGA) com o regime geral».

É explicado ainda ainda que «as especificidades conceptuais desta reforma devem ser apresentadas por ocasião da 12ª avaliação, com a entrega de um projeto de lei ao Parlamento no primeiro semestre do ano», acrescentando-se que «devem ser especificadas novas medidas que garantam a sustentabilidade a longo prazo dos regimes de pensões».

O documento não dá qualquer indicação sobre se as novas medidas conduzem a um corte de pensões superior, semelhante ou inferior aos que estão atualmente em vigor com a CES.

No documento, a Comissão Europeia confirma também que o Governo vai avançar para a criação de uma tabela salarial única na função pública durante este ano, «com vista à sua aplicação em 2015». É com esta medida que o Governo conta tornar permanente os cortes inicialmente anunciados como temporários nos salários dos funcionários públicos.

Bruxelas revela igualmente que o projecto de lei para uma tabela única de suplementos deve ser apresentado ainda antes do início da 12ª avaliação da troika, «com vista à sua execução até junho de 2014».

O Governo já afirmou que será durante a próxima semana que dará a conhecer as medidas que pretende implementar para garantir o objectivo de défice de 2,5% em 2015. Até ao final do mês será ainda apresentado o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) com estas medidas e com planos de consolidação a médio prazo.

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