Folha
8 – 28 junho 2014
Os
angolanos ricos estão na classe dos clientes mais frequentes, mas não são os
únicos e têm a fama de “bons pagadores”. Normalmente, chegam num jacto privado
e procuram um hotel longe de olhares indiscretos.
O
negócio do sexo está em expansão no Mindelo e parece que está a conseguir dar
a volta à crise. Se nas ruas as “meninas que dão café” sentem a falta de
clientes, nos salões, nas festas particulares o negócio prospera. Isto devido
à procura por parte de homens de negócio ou aventureiros ricos que descobriram
no Mindelo o lugar ideal para o turismo do sexo.
Os
angolanos ricos estão na classe dos clientes mais frequentes, mas não são os
únicos e têm a fama de “bons pagadores”. Normalmente, chegam num jacto privado
e procuram um “ hotel longe de olhares indiscretos”. Já têm os contactos das
mulheres e ligam para marcar os encontros nos hotéis. “Normalmente vão
passando os contactos de uns para outros e já conhecem as meninas. Assim, não
perdem tempo à procura”.
cliente
sabe o que procura: não quer uma prostituta clássica. Quer uma mulher bonita,
muito bonita, com corpo de “avião” que lhe dê a sensação de que foi
conquistada.
Mas
que pagou não pela mulher, mas pela festa, pelas bebidas, pela alegria, pelo
amor. As moças chegam a cobrar 300
a 500 euros por noite fora os presentes. Ninguém sabe ao
certo o que são “os presentes”. O certo é que para as “cappuccinas” esses
encontros são verdadeiras bolsas de contactos. Algumas já foram convidadas a
viajar para Angola de férias, outras conseguiram trabalho, outras continuam a
dar “cappucinno” agora em África ao sabor dos petrodólares.
Em
rigor não se pode dizer que são prostitutas, embora cobrem pelo sexo. Essas, são
as meninas que “dão café”, sexo barato. Tão pouco a garota de programas do
Brasil. Estas mulheres baptizadas de “cappuccinas”, em analogia ao café
expresso italiano e por ser mais caro que o simples café, trabalham, estudam ou
são sustentadas por um ou mais “titios”. Outras conhecidas como “cafezeiras”
vivem unicamente e simplesmente dos “cafés” e dos “cappuccinos” que vão dando.
Mas existem muitas jovens que não são nem uma coisa nem outra. Podem acabar
como “cappucinas” ou “cafezeiras”, mas vão a essas festas por prazer, para se
divertirem e, ainda por cima, são pagas.
Os
espaços nocturnos na cidade do Mindelo também têm facturado com essa nova
clientela. Às vezes, o “organizador” opta por alugar um desses espaços com
serviço de bar aberto. Leva as “cappuccinas” e começa a festa. Mais uma. Nas
nossa investigação apurámos que “certa vez um grupo de empresários alugou uma
boîte na cidade do Mindelo e um organizador contratou mais de trinta mulheres
para ‘encherem’ o local”.
Os
dados recolhidos nesta investigação permitem chegar à conclusão que Mindelo é
um destino do turismo sexual? É claro que sim. E mais: todos os dias surgem
novas ofertas de locais e mulheres para animar o mercado crescente dos
negócios à volta do sexo em
São Vicente. E não é verdade que são apenas os angolanos a
animarem esse mercado com os seus muitos petrodólares. Se calhar são os que
mais dão nas vistas. Mas portugueses, espanhóis, italianos, descobriram
também esse mercado e os que procuram sexo nas férias já conhecem os circuitos.
Só não conseguem competir com os angolanos.
Dependendo
dos dólares que se têm para gastar, mas que normalmente são muitos, a
organização de festas particulares já entrou no menu que é oferecido aos
turistas do sexo. Normalmente os turistas recorrem a um “organizador” que
prepara tudo e recebe por isso.
Os
lugares preferidos são vivendas luxuosas com piscina, onde servem comida e
bebidas. Uma festa normal. Só que as damas são escolhidas a dedo e chegam a
ganhar 40 contos por noite. Sabem ao que vão, sabem o que têm de fazer. Não
custa fingir que se está a ser engatada quando há dólares na noite. Muitos
dólares.
*In:
Notícias do Norte/Cabo Verde
Sem comentários:
Enviar um comentário