Tal
como aumentam os confrontos e as suas consequências, sobe o tom das ameaças da
RENAMO. Enquanto isso, o Governo da FRELIMO pauta por um discurso de abertura
ao diálogo, pelo menos publicamente.
O
recrudescimento dos confrontos na região centro deMoçambique não passa da
instrumentalização do caos para obter vantagens na mediação do caso, defendeu o
analista Henriques Viola que falou a DW África, embora a RENAMO acredite que o
Governo esteja a jogar de forma menos justa, como destacou Antonio Muchanga,
porta-voz do partido da oposição em questão e do seu líder Afonso Dhlakama.
Em
entrevista, ele falou dos acontecimentos do último domingo (8.06): “Voltaram a
usar armas de destruição em massa, na mesma região onde o presidente
recenseou-se. [A situação] pode criar problemas sérios porque os comandantes da
RENAMO podem tomar a decisão de alastrar a guerra para outras regiões”,
explicou Muchanga.
Troca
de acusações
O
porta-voz da RENAMO está certo de que o Governo (FRELIMO) pretende destruir o
seu partido e matar Afonso Dhlakama. Mas Edson Macuácua, porta-voz do
Presidente moçambicano Armando Guebuza, nega tudo.
A
troca de acusações entre a RENAMO e o Governo da FRELIMO é constante.
Entretanto, as atitudes não trazem nenhum avanço à mesa de negociações. A única
coisa que se registra são guerras.
Para
o analista do Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais, Henriques Viola,
esta situação faz uso da confusão, da tensão e do medo das pessoas para se
obter vantagens.
Enquanto
as partes agravam as ações militares com vista a alcançar o que consideram
serem as posições mais justas, mais pessoas estão a morrer.
“Só
a FRELIMO pode acabar com os confrontos”
Também
em termos económicos já se registram danos. As mercadorias não chegam como
deveriam aos diversos pontos do país, encarecendo principalmente os bens de
primeira necessidade. Nas áreas de confrontos, por exemplo, já faltam
medicamentos.
O
maior partido da oposição moçambicana, entretanto, deixa claro que o fim dos
confrontos está nas mãos do Governo da FRELIMO. A este último cabe apenas aceitar
uma exigência da RENAMO, de acordo com António Muchanga: "O Governo está a
ser relutante. Está a negar coisas simples como convidar a Comunidade
Internacional para vir a Moçambique para nos ajudar a resolver o problema”,
esclarece Muchanga.
“Toda
a gente vai chorar”
Desde
o aumento da tensão entre as partes tem-se aventado a possibilidade de um
diálogo entre o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, e o Presidente de Moçambique,
Armando Guebuza, para que seja dado um maior impulso às negociações. E Macuácua
deixou claro que o chefe de Estado moçambicano está pronto para tal: “Estamos à
espera, a qualquer momento. Acreditamos que ainda possa prevalecer o bom senso.
Estamos sempre disponíveis."
A
RENAMO por seu lado, que se sente provocada também pelos ataques, aumenta as
ameaças: “Quando a RENAMO começar a responder, com a proporção que eles estão a
atacar, toda a gente vai chorar. É isso que estamos a lamentar apenas”, alerta
Muchanga.
Para
o maior partido da oposição (RENAMO), o diálogo começou a ser de “surdos e
mudos”, mas Muchanga deixa nas entrelinhas que o bom caminho deve estar por
perto ao estabelecer a seguinte analogia: “A partir da experiência da Segunda
Guerra Mundial, acredito que quanto mais intensas as coisas forem, mais
próximas do fim estão. As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram atiradas no
último mês”, compara.
Deutsche
Welle – Autoria: Nádia Issufo – Edição: Bettina Riffel / António Rocha
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