terça-feira, 24 de junho de 2014

Fundado no exílio primeiro grupo de oposição à junta militar tailandesa




Banguecoque, 24 jun (Lusa) -- Um político do governo deposto da Tailândia fundou hoje no exílio a primeira organização de oposição à junta militar, no poder no país desde o golpe de Estado de 22 de maio.

Jarupong Ruangsuwan, ex-presidente do partido Puea Thai e ex-ministro, lidera a "Organização dos Tailandeses Livres para os Direitos Humanos e Democracia", cuja criação foi anunciada através de um vídeo publicado no portal Youtube.

"A junta violou o Estado de Direito, abusou dos princípios democráticos e destruiu a liberdade e dignidade humanas", disse Jarupong Ruangsuwan em comunicado.

O grupo, estabelecido em paradeiro desconhecido fora da Tailândia, insta os tailandeses a oporem-se "sem violência" à junta militar com o objetivo de restaurar a democracia no país.

"Proporcionaremos apoio psicológico a todos que estão contra o golpe e aos grupos democráticos dentro e fora da Tailândia", declarou o mesmo responsável.

Pelo menos dez pessoas foram detidas no passado domingo por terem supostamente tecido críticas, ainda que de forma pacífica, à junta militar.

Os chefes de diplomacia da União Europeia (UE) decidiram, esta segunda-feira, no Luxemburgo, reduzir a cooperação com a Tailândia, como protesto contra o golpe de Estado militar, garantindo que só haverá normalização nas relações quando houver governo democraticamente eleito.

Na declaração adotada, os 28 instam a junta militar atualmente no poder a "restabelecer, com urgência, o processo democrático legítimo e a Constituição", através de eleições credíveis.

A decisão foi tomada no mesmo dia em que a junta militar na Tailândia pediu à UE que compreendesse as razões do golpe de Estado, reiterando que tomou o poder para evitar uma espiral de violência após mais de seis meses de protestos antigovernamentais.

Mais de 500 pessoas, incluindo políticos, ativistas e jornalistas, foram convocadas e detidas temporariamente pela junta militar tailandesa desde o golpe.

A Tailândia vive uma grave crise política desde o golpe de Estado de 2006 contra o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que vive exilado no Dubai para evitar cumprir a condenação à revelia de dois anos de prisão por corrupção.

Thaksin ou aliados ganharam todas as eleições na Tailândia nos últimos 13 anos, incluindo a vitória eleitoral em 2011 da irmã, Yingluck, destituída em maio pelo Tribunal Constitucional.

Desde o fim da monarquia absoluta em 1932, a Tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de Estado, das quais 12 tiveram êxito.

DM (ACC) // DM / Lusa

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