Hong
Kong, China, 24 jun (Lusa) - O líder do governo de Hong Kong defendeu hoje que
a China deve respeitar a "esperança e exigências" dos habitantes da
cidade, que manifestaram num referendo informal a vontade de escolher
democraticamente o seu líder e parlamento.
A
participação no referendo informal, atualmente acima das 700 mil pessoas, está
acima do previsto, apesar dos receios de que Pequim volte atrás na sua promessa
de permitir que os eleitores de Hong Kong escolham em 2017 o seu líder, e em
2019 todos os deputados do Conselho Legislativo, o parlamento local.
Depois
de inicialmente ter afirmado que o referendo, feito através de consulta eletrónica,
seria contra a Lei Básica local, uma espécie de constituição que rege a cidade,
Leung Chun-ying disse hoje que os eleitores "manifestaram a sua esperança
e exigências" para as eleições de 2017.
O
mesmo responsável reagiu negativamente à opinião do diário oficial chinês
Global Times, que classifica o referendo de "farsa ilegal" e que
sustenta que a opinião da população chinesa, de 1.300 milhões de pessoas,
supera a vontade da população de Hong Kong.
"Ninguém
deve colocar a população de Hong Kong em confronto com os cidadãos da China
continental", disse, ao defender o direito de escolha da população local,
que apenas manifesta a sua opinião.
O
líder do Governo de Hong Kong é atualmente designado por um comité eleitoral de
1.200 pessoas controlado por Pequim, que afirmou estar disposto a aceitar em 2017 a eleição de um
candidato que tenha o aval desse comité.
Até
ao início da tarde de hoje (hora local), cerca de 732.000 pessoas tinham votado
no referendo que dá a escolher um de três métodos de votação para a escolha do
próximo líder do Governo, os quais incluem a nomeação civil dos candidatos,
como requer Pequim.
Se
na sexta-feira Leung Chun-ying afirmou que as escolhas possíveis no referendo
estavam contra a Lei Básica, hoje afastou-se de qualquer comentário da
'votação' que se prolonga durante 10 dias na antiga colónia britânica.
Para
Sonny Lo, líder do departamento de Ciências Sociais no Instituto de Educação de
Hong Kong, Leung Chun-ying demonstra que o Governo da antiga colónia britânica
está "ensanduichada" entre a posição oficial e a da população, que
reclama a escolha do líder do Governo por voto universal.
O
diário Global Times, controlado por Pequim, volta hoje a criticar o referendo,
no que é o seu terceiro editorial a propósito da consulta popular.
"Os
radicais de Hong Kong estão a levar a cidade a um futuro sombrio", refere
o jornal ao salientar que a China não é a Ucrânia e Hong Kong não será
"Kiev ou Donetsk" até porque "é o poder de Pequim que garante a
prosperidade e o desenvolvimento político estável" da antiga colónia
britânica.
Os
receios de uma maior influência do poder chinês sobre Hong Kong tiveram lugar
já este mês quando Pequim revelou um "Livro Branco" onde estabelecia
considerações sobre o futuro do desenvolvimento democrático de Hong Kong.
Tal
como Macau, Hong Kong é uma região administrativa especial da China com
autonomia administrativa, legislativa e judicial sob o princípio "um país,
dois sistemas"' idealizado pelo antigo líder chinês Deng Xiaoping para a
reunificação chinesa, que inclui Taiwan.
JCS
// APN / Lusa
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