O
investimento estrangeiro em África cresceu quatro por cento em 2013, para um
valor total de 57 mil milhões. Moçambique, em particular, foi o segundo país em
todo o continente a beneficiar mais com o aumento.
A
atração pelos recursos naturais é o motivo do investimento. Os dados são do
Relatório de Investimento Mundial de 2014, publicado pela Conferência das
Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED).
Apesar
do investimento em África ter crescido 4 por cento, os 57 mil milhões de
dólares aplicados neste continente não chegam a representar 4 por cento do
total do investimento mundial.
A
aposta na infra-estrutura e as expetativas de crescimento da classe média nos
mercados das indústrias orientadas para o consumidor - como a alimentação, nova
tecnologias e retalho - parecem ser as áreas que mais captam investimento
África.
De
acordo com os dados do último relatório da Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento, Moçambique e África do Sul surgem como os dois
países que mais gozaram de investimento externo.
No
total, a quantidade absorvida pelos dois países mais que duplicou para os 13
mil milhões. Só em Moçambique, esse valor ronda os 5,8 mil milhões.
Gás
atrai investimentos
Masataka
Fujita, especialista das Nações Unidas para a região, explica o aumento:
“Houve alguns grandes investimentos
O
setor do gás natural não foi, em 2013, um dos que mais gerou investimento
externo, mesmo depois da entrada da China no setor.
De
acordo com Masataka Fujita “no ano passado, as instalações da italiana ENI em
Moçambique foram em parte compradas por empresas chinesas. Tratou-se de um
investimento da China para adquirir bens já existentes em Moçambique."
O
especialista lembra entretanto, que "não é um novo investimento, é apenas
uma mudança na propriedade, que deixou em parte de ser da Itália para ser
também da China”.
Vários
relatórios recentes têm revelado um crescimento interesse em Moçambique,
sobretudo por causa dos recursos naturais. Por outro lado, há uma combinação de
fatores que atrai os investidores, como explica o especialista das Nações
Unidas.
Fatores
atrativos em Moçambique
Masataka
Fujita recorda também que “Moçambique tem muitos recursos naturais, é muito
rico em recursos naturais. Por outro lado, o país tem sido bem sucedido em
atrair investimentos privados em conjunto com programas de assistência oficial
ao desenvolvimento, os chamados ODA, como por exemplo do Japão."
Para
o especialista da ONU refere auinda que "os investimentos do Japão, que
não são pequenos, são em conjunto com programas de assistência oficial. De
facto, em países pobres esta combinação entre o setor privado (que são o
investimento estrangeiro) e o setor público (os ODA) é fundamental porque ambas
têm papéis diferentes”.
Globalmente,
o investimento estrangeiro aumentou em todo o mundo cerca de 9 por cento. Cinco
pontos percentuais acima do crescimento verificado em África. Os Estados Unidos
da América, a China e a Rússia são os países onde mais se investe.
Por
outro lado, são os Estados Unidos Japão e a China também os que mais aplicam
dinheiro no estrangeiro.
Olhando
para a distribuição do investimento no mundo inteiro, percebe-se que é nos
países desenvolvidos que este sobretudo se fixa. Regiões como a Europa e os
Estados Unidos absorvem, em conjunto, 566 mil milhões de dólares.
A
Ásia e a América Latina surgem depois como as mais atrativas com 426 mil
milhões e 292 mil milhões de dólares respetivamente.
Norte
de África em declínio
Por
outro lado, o Norte de África e o Sudoeste da Ásia foram as regiões que mais
sofreram uma redução no investimento. Masataka Fujita aponta os motivos: “O
região do Sudoeste da Ásia foi a que mais viu um declínio do investimento por
motivos políticos. Na verdade, o investimento nesta região tem caído nos
últimos cinco anos."
Mas
o fenómeno não aconteceu só no Sudoeste da Ásia, Fujita diz que "também no
Norte de África, aconteceu o mesmo. Mas quando as restrições ao investimento
são por motivos políticos, assim que esses problemas são resolvidos o
investimento privado estrangeiro regressa.”
Ainda
assim, a Ásia é uma das regiões mais atraentes para os investidores. O
especialista revela que enquanto “a Ásia capta cerca de 30 por cento do total
de investimento estrangeiro, enquanto a África consegue apenas 4 por cento.
Essa é a grande diferença entre as duas regiões.”
Quanto
ao futuro, Masataka Fujita aponta que os países desenvolvidos continuarão a ser
os preferidos: “O investimento nos países europeus vai continuar e aumenta. E
eu acho que especialmente nos próximos anos, em 2015 e 2016, o investimento nos
países desenvolvidos vai estar em destaque.”
Deutsche Welle / Autoria: Nuno
de Noronha / Edição: Nádia Issufo / António Rocha
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