Em Angola a UNITA
está preocupada com a saída dos militantes do partido. A corrupção e a falta de
diálogo entre a liderança e as bases são no entender do deputado Paulo Lukamba
Gato, alguns dos motivos das deserções.
As deserções de
militantes da UNITA, o maior partido da oposição, tem estado a gerar
preocupação no seio dos dirigentes da formação. Os ex-militantes estão a
filiar-se a outros partidos, principalmente ao partido no poder, o MPLA.
O facto foi
assumido, pela primeira vez, pelo deputado e antigo secretário-geral da UNITA,
o general na reforma Paulo Lukamba Gato.
O general Gato, que falava à margem de um seminário na província do Huambo,
disse que uma das principais razões que provoca o abandono de muitos militantes
das fileiras da UNITA tem origem na ''falta de diálogo permanente'' entre a
direção do seu partido, liderado por Isaías Samukuva, e os militantes da base.
E o ex-secretário-geral da UNITA apresenta soluções: "Temos a receita, é o
diálogo permanente, institucional a todos os níveis. Tem de se dialogar, os
dirigentes têm de ter tempo para dialogar, de aprofundar o contacto, estar
próximo das preocupações dos militantes para podermos previnir esse tipo de
casos que são sempre prejudiciais para a imagem do partido."
Corrupção na UNITA
A corrupção é também para o alto dirigente da UNITA, Paulo Lukamba Gato, um
outro fator por detrás deste abandono.
Ou seja, dadas as
condições económicas difíceis que grande parte dos dirigentes do maior partido
na oposição atravessa, o partido governante tem estado a tirar proveito dessa
fragilidade aliciando-os com dinheiro e cargos governantivos para que possam ingressar
nas suas fileiras.
Gato discorda desta forma de operar e diz que "não há nenhum partido que
aplauda uma defeção. É sempre um motivo de preocupação para a direção do nosso
partido e vamos fazer tudo para que o partido possa estancar este movimento de
abandono."
O general destaca
também que "este não é um movimento permanente, mas de vez em quando surge
como fruto da situação muitas vezes difícil, da situação que as pessoas estão a
atravessar e, face a certas promessas, as pessoas cedem frente as dificuldades
do dia a dia."
Liderança de
Samakuva questionada
Entretanto, para muitos analistas e até mesmo dirigentes do maior partido na
oposição, a fuga de militantes da UNITA tem também origem numa alegada apatia
em relação à atual liderança de Isaías Samakuva.
A fuga de
militantes como Carlos Morgado, Joaquim Icuma, os irmãos Abel e Américo
Chivukuvuku, e tantos históricos da UNITA invidencia esta tese.
Atualmente, na cúpula do maior partido na oposição em Angola, uma das figuras
contestatárias da atual liderança é o deputado e ex-secretário-geral, o general
Abílio Kamalata Numa.
O general Numa
pensa que a atual liderança não tem sido capaz de fazer uma verdadeira oposição
contra o atual Governo do MPLA, o que de certa forma, origina as defeções.
Por isso Numa
defende o seguinte: "Precisamos de uma liderança firme na UNITA. A
lierança atual do meu presidente Samakuva é uma liderança que vai fazendo o que
pode, mas não pode pressionar o MPLA para as alterações que Angola precisa.
Temos de mudar isso tudo, só nesse contexto é que todos esses aspetos irão
mudar."
Deutsche Welle - Autoria Nelson
Sul d´Angola (Benguela) - Edição Nádia Issufo / António Rocha
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