Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
Desde
a investidura deste governo que Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa
digladiam-se nos seus monólogos semanais de televisão sobre quem revela em
primeira mão ao país as acções do governo. Entretanto, Marcelo, na sua eterna
estratégia de preparação de candidatura a Belém, inventou uma demarcação de
Passos Coelho declarando, qual patinho feio, que o líder e a moção aprovada no
Congresso do PSD não permitiriam a sebastiânica pré-candidatura, o que o tem
limitado no acesso a fontes e mexericos.
Ao
invés, Mendes, inchado com o protagonismo de ter anunciado ao país a solução do
governo para o BES, avançou na semana passada que estaria a ser preparado um
aumento do IVA. Se no primeiro caso é de enorme perplexidade que o cidadão
ainda não tenha sido chamado ao ministério público para prestar declarações por
evidente informação privilegiada - recorde-se que na semana anterior ao anúncio
houve inúmeras operações financeiras suspeitas - no caso do aumento do IVA, a
"notícia", foi desmentida por Passos Coelho no dia seguinte.
Nunca
se saberá se Mendes foi enganado ou se aceitou ser a lebre estouvada do
governo, mas o facto é que permitiu que a notícia da semana fosse o não aumento
do IVA durante este ano, abrindo caminho para que comece a parecer inevitável
fazê-lo no ano que vem.
A
inexistência de uma vida profissional relevante fora da política - Mendes
iniciou-se como vereador a tempo inteiro em Fafe em 1977 - não lhe permitirá
perceber os tremendos reflexos que a perspectiva de um novo aumento do IVA tem
na maioria dos cidadãos e empresas e por isso, anuncia-o com o esgar malicioso
de actor de filme pornográfico.
Na
verdade, a excitação na forma e a crueza no argumento, são caracterizadores do
espetáculo pornográfico do regime obsceno a que estamos sujeitos. Espetáculo,
em que a dimensão televisiva sobretudo em horário nobre, baralha informação com
propaganda sendo cada vez mais totalitária na forma e na performance dos seus
actores.
Escreve
ao sábado
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