segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Alto funcionário chinês vaiado em Hong Kong após controversa reforma política




Hong Kong, China, 01 set (Lusa) -- Ativistas pró-democracia interromperam hoje o discurso de um alto funcionário de Pequim durante uma sessão em Hong Kong sobre a controversa reforma política anunciada, no domingo, por Pequim, para a eleição do chefe do Executivo em 2017.

Ecoando 'slogans' e exibindo cartazes, os ativistas acusaram Pequim de não cumprir a sua promessa de permitir a Hong Kong escolher diretamente o seu líder, um dia depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular ter decidido que o chefe do Executivo será, pela primeira vez, eleito por sufrágio direto em 2017, mas só após a aprovação dos candidatos por um comité de nomeação.

Li Fei, vice-secretário-geral do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, foi interrompido no centro de convenções Asia World Expo, na ilha de Lantau, quando se preparava para discursar numa sessão de duas horas sobre a controversa reforma política, para a qual foram convidadas cerca de mil pessoas, incluindo deputados e representantes de Hong Kong na Assembleia Nacional Popular e na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, segundo a imprensa local.

Vários manifestantes, incluindo deputados, levantaram-se quando Li Fei se aproximou do palanque, erguendo cartazes e gritando: "O governo central quebrou a sua promessa, é vergonhoso".

Imagens televisivas mostram manifestantes, incluindo o deputado ao Conselho Legislativo (Legco, parlamento) a serem escoltados pela segurança até à saída.

A polícia de Hong Kong terá, segundo imagens divulgadas, usado gás pimenta contra os manifestantes que se encontravam no exterior do edifício, sob forte aparato policial.

Li Fei prosseguiu com o seu discurso sobre a controversa decisão, afirmando que qualquer líder que deseje que "Hong Kong se torne uma entidade política independente ou que queira mudar o sistema socialista do país não terá qualquer futuro político".

O alto funcionário chinês, que partiu de Pequim na noite de domingo rumo a Hong Kong, já se tinha confrontado com uma multidão de manifestantes, muitos dos quais estudantes, que se concentraram no exterior do seu hotel, criando um cenário impensável no interior da China.

O método de eleição do chefe do Executivo de Hong Kong tem desencadeado inúmeros protestos na antiga colónia britânica nos últimos meses.

Partidos e movimentos democráticos organizaram manifestações massivas nas ruas, rejeitando esse processo, por considerarem que representará uma "falsa democracia", uma vez que há primeiro uma "triagem" dos candidatos a chefe do Executivo.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Este domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% do comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

Logo após o anúncio vindo de Pequim, milhares de pessoas juntaram-se aos líderes do movimento 'Occupy Central' e outros grupos civis, com os manifestantes a prometerem unir forças para encetar uma "era de desobediência civil", com uma série de ações como a ocupação e paralisação de Central, o distrito financeiro de Hong Kong.

DM // APN – Lusa – foto Bobby Yip/Reuters

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