Hong
Kong, China, 01 set (Lusa) -- Ativistas pró-democracia interromperam hoje o
discurso de um alto funcionário de Pequim durante uma sessão em Hong Kong sobre a
controversa reforma política anunciada, no domingo, por Pequim, para a eleição
do chefe do Executivo em 2017.
Ecoando
'slogans' e exibindo cartazes, os ativistas acusaram Pequim de não cumprir a
sua promessa de permitir a Hong Kong escolher diretamente o seu líder, um dia
depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular ter decidido que o
chefe do Executivo será, pela primeira vez, eleito por sufrágio direto em 2017,
mas só após a aprovação dos candidatos por um comité de nomeação.
Li
Fei, vice-secretário-geral do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular,
foi interrompido no centro de convenções Asia World Expo, na ilha de Lantau,
quando se preparava para discursar numa sessão de duas horas sobre a
controversa reforma política, para a qual foram convidadas cerca de mil
pessoas, incluindo deputados e representantes de Hong Kong na Assembleia
Nacional Popular e na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, segundo a
imprensa local.
Vários
manifestantes, incluindo deputados, levantaram-se quando Li Fei se aproximou do
palanque, erguendo cartazes e gritando: "O governo central quebrou a sua
promessa, é vergonhoso".
Imagens
televisivas mostram manifestantes, incluindo o deputado ao Conselho Legislativo
(Legco, parlamento) a serem escoltados pela segurança até à saída.
A
polícia de Hong Kong terá, segundo imagens divulgadas, usado gás pimenta contra
os manifestantes que se encontravam no exterior do edifício, sob forte aparato
policial.
Li
Fei prosseguiu com o seu discurso sobre a controversa decisão, afirmando que
qualquer líder que deseje que "Hong Kong se torne uma entidade política
independente ou que queira mudar o sistema socialista do país não terá qualquer
futuro político".
O
alto funcionário chinês, que partiu de Pequim na noite de domingo rumo a Hong
Kong, já se tinha confrontado com uma multidão de manifestantes, muitos dos
quais estudantes, que se concentraram no exterior do seu hotel, criando um
cenário impensável no interior da China.
O
método de eleição do chefe do Executivo de Hong Kong tem desencadeado inúmeros
protestos na antiga colónia britânica nos últimos meses.
Partidos
e movimentos democráticos organizaram manifestações massivas nas ruas,
rejeitando esse processo, por considerarem que representará uma "falsa
democracia", uma vez que há primeiro uma "triagem" dos
candidatos a chefe do Executivo.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Este
domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio
de mais de 50% do comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois
ou três serão selecionados.
Logo
após o anúncio vindo de Pequim, milhares de pessoas juntaram-se aos líderes do
movimento 'Occupy Central' e outros grupos civis, com os manifestantes a
prometerem unir forças para encetar uma "era de desobediência civil",
com uma série de ações como a ocupação e paralisação de Central, o distrito
financeiro de Hong Kong.
DM
// APN – Lusa – foto Bobby Yip/Reuters
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