Outono
em Madrid
Rui
Peralta, Luanda (continuação - ler anteriores)
IV
- Existem quatro grandes Federações de Zonas Autónomas: A União das Republicas
Bolivarianas da América, a Federação do Caribe, a Federação Verde do Canadá e a
União Austral.
A
União das Republicas Bolivarianas da América, composta pela Venezuela, Equador,
Peru, Chile e Bolívia, para além de parte da Colômbia, partilha o MERCOSUR com
a CCI, embora tenha na Colômbia uma situação de guerra generalizada entre a
zona bolivariana do país e as áreas dominadas pelos monopólios da CCI (com as
quais está em curso um processo de negociação) e pelos gangues da Casa de
Narquino, financiadas e suportadas pelos USA. As Republicas Bolivarianas são
grandes espaços de liberdade e de igualdade, estados plurinacionais onde
convivem, no mais estrito cosmopolitismo e respeito pelas identidades
culturais, os povos indígenas da região e os restantes habitantes de origem
diversa.
A
Federação do Caribe é uma Federação arquipelágica, composta por Cuba, Republica
Dominicana, Haiti, Porto Rico. Jamaica, Trinidad y Tobago e Ilhas Caimão. É uma
vasta região que vive em estreita colaboração com a União das Republicas
Bolivarianas da América e tem um relacionamento pacífico com a CCI. A sua base
política é extremamente diversificada, englobando vastas comunidades
socialistas e comunistas (em Cuba e Porto Rico), enclaves verdes
social-democratas (Republica Dominicana e Trinidad y Tobago) eco-socialistas e
de culturas alternativas (Jamaica, Ilhas Caimão e Haiti). As restantes ilhas do
Caribe são bases da CCI, da U.E (caso das Bahamas) ou dos USA.
A
Federação Verde do Canadá é um enclave verde, que para além do Canadá
anglo-saxónico engloba a Republica Socialista do Quebeque. É um espaço
pluridimensional onde convivem, em regime comunitário diversas comunidades
socialistas, verdes, anarquistas e libertárias e uma das áreas de abastecimento
dos nómadas, que ali implementaram bases logísticas (as restantes localizam-se
no Caribe e na Austrália).
Na
União Austral - formada pela Austrália e Nova Zelândia - coabitam as
comunidades aborígenes e maoris, com enclaves socialistas libertários e de
culturas alternativas. Sidney é um enclave eco-socialista, em reconstrução,
pois as lutas contra os gangues da Casa Amarela assumiram grandes proporções,
assim como em Adelaide, uma comunidade de culturas alternativas. Na Nova
Zelândia as comunidades maoris e as comunidades eco-socialistas e alternativas
assumem a gestão dos seus espaços. Foram os neozelandeses a manterem o suporte
logístico às comunidades australianas durante o longo período de conflito com
os gangues, na Austrália, antes da formação da União.
V
- A América Central caiu nas mãos dos gangues e tanto as zonas autónomas, como
as dos monopólios foram aniquiladas, sendo as suas populações exterminadas ou
escravizadas, para serem usadas nas plantações de coca e marijuana, ou
trabalharem nas minas. O Panamá é controlado pela Casa de Narquino (gangue
colombiano), a Costa Rica, Guatemala e Salvador, pelos Consórcios da Família
Centro-América, sendo os restantes territórios palcos de uma guerra
interminável entre gangues mexicanos, russos, brasileiros e chineses.
A
mesma situação é vivida em parte da Ásia, como as Filipinas, Indonésia, Nova
Guiné Malásia e Tailândia, inteiramente nas mãos dos gangues da Casa Amarela. A
Indochina, Coreia Unificada e Japão pertencem á CCI, por pressão de Pequim, que
logo depois do Grande Colapso e em colaboração estreita com a Federação Russa,
tomaram uma posição de força e ocuparam militarmente estas áreas.
O
Japão é hoje uma Republica e Tóquio uma grande Zona Económica Exclusiva da CCI.
O Imperador e respectiva família foram assassinados durante o Grande Colapso e
as forças de ocupação da CCI eliminaram as bolsas de resistência. Grande parte
da classe politica e empresarial japonesa receberam os chineses e os russos de
braços abertos, porque a invasão era a única garantia de estabilidade do país.
A CCI eliminou toda a concorrência dos gangues no país.
A
Indochina e a Coreia Unificada, foram integradas na CCI, de forma pacífica e a
pedido dos próprios governos, que no caso da península indochinesa estavam
ameaçados pelos gangues da Casa Amarela. A Coreia Unificada fez uma adesão
absolutamente consensual e é hoje uma das principais zonas administrativas dos
monopólios do Capitalismo BRICS.
VI
- A vida nos Sovietes e zonas piratas é complicada, pois implica um estado de
alerta permanente, embora muito mais saudável do que viver na putrefacção
alienante dos monopólios ou ser escravo de gangues. O Soviete de Numancia, por
exemplo, tem os serviços comunitários essenciais á sobrevivência, como a água,
energia e saneamento básico, clínicas, um hospital, um centro politécnico (lembro
que nos Sovietes e nas zonas piratas não existem crianças) serviços de limpeza
geral para os espaços públicos, sistemas de manutenção geral, de comunicação e
transportes, serviços farmacêuticos e outros.
Todos
os dias estão abertos, a qualquer hora, teatro, cinema, concertos, espectáculos
de rua, performances artísticas e cada quarteirão está equipado com uma galeria
de arte. Meetings, palestras e conferências são um hábito nos grandes espaços
do Soviete. Imensas bibliotecas locais, para alem das inúmeras digitais,
espaços verdes e grandes áreas de exercitação física, áreas para meditação e
espaços de reflexão (construídos a partir das igrejas), constituem parte da
elevada qualidade de vida neste Soviete.
Existem
alguns problemas com a alimentação, pois os monopólios bloqueiam constantemente
as linhas logísticas, o que cria inúmeras dificuldades no abastecimento de bens
alimentares. Para superar este problema, foi criado um imenso parque de
contentores frigoríficos, onde os bens alimentares e perecíveis são
armazenados. Grande parte destes bens é transaccionada pelos nómadas e pelas
suas inúmeras redes de trocas de mercadorias e bens culturais.
O
Soviete de Numancia é uma zona de trabalho-zero, ou seja, aqui não existem funções
laborais, para além das necessárias ao funcionamento do Soviete. Desenvolvem
grandes processos de automação e tem um centro cibernético e de investigação
energética. Como não é uma zona ecologista, utiliza gasóleo, gasolina, petróleo
e urânio, para além da rede solar, hidráulica, eólica e os biocombustíveis.
Desenvolve processos diversos na robótica e nanotecnologia, o que conseguem
graças aos sucessivos ataques e assaltos que efectuam aos laboratórios dos
monopólios, instalados em Madrid.
Decorrem
negociações com um grupo de nómadas que pretende sedentarizar-se no Soviete.
São judeus e pretendem estabelecer um kibutzin em Numancia. Há espaço
mais do que suficiente para a instalação do kibutzin e todas as comunidades do
Soviete são favoráveis á sua instalação. Os kibutzes são eco-socialistas e
dominam as técnicas de agricultura biológica, criação de animais e de energia
solar e eólica, para além dos seus conhecimentos na utilização da biomassa, não
só para fins energéticos, mas também alimentares e na farmacologia. Outro
grande contributo dos kibutzes é a sua vasta experiencia nas redes de
distribuição e logística, alem de proporcionarem uma maior afluência de
nómadas, principalmente os de origem tuaregue e berbere, que lidam com a
comercialização de armas, equipamentos militares e munições, o que deixará o
Soviete em condições de empreender a formação de uma Republica, pois poderá
escorraçar os monopólios da UE instalados nas zonas limítrofes e juntarem-se a
duas ou mais zonas autónomas adjacentes.
Os
mais velhos poderão não ir a tempo de participar nesses acontecimentos, pois
aproxima-se a idade de serem acolhidos numa Republica. Geralmente, os do
Soviete de Numancia, passam os restos dos seus dias, tranquilamente, na
Republica Livre de Hortaleza, uma zona de trabalho-zero e um mercado
alternativo, ponto de encontro dos nómadas. Aí contactam os filhos e familiares,
que habitam em diferentes zonas (No meu caso tenho família no Soviete de
Lisboa, na Federação do Caribe, na Republica Verde de Fuencarral-El Pardo, no
Soviete de Legazpi e na zona pirata de Goya e um parente nómada, do grupo
judeu-palestiniano Diáspora Vermelha). Nos Sovietes as famílias reúnem-se uma
vez por ano, quanto muito e quando as circunstancias o permitem, mas os mais
velhos já não têm a agilidade suficiente para visitar Sovietes ou zonas piratas.
VII
- Ainda não vos descrevi a actual situação em África, continente re-colonizado
e completamente destroçado, onde foram cometidos, depois do Grande Colapso as
maiores barbaridades, que fazem parecer grandes tragédia humanas (o comércio de
escravos, o Holocausto, Gaza, Ruanda, Arménia, Curdistão e inúmeras outras) a
infelicidades menores.
O
norte de África, após o Grande Colapso (que sucedeu a um período que começou
como Primavera e que acabou como um Inverno Gelado), sofreu imensas alterações.
Da Mauritânia ao Egipto, passando por Marrocos, Argélia, Líbia e Tunísia, toda
a região litoral, atlântica e mediterrânica (que engloba todo o Magreb) é uma
vasta área periférica da U.E. Mas é a única, para além da África do Sul, Lesoto,
Botswana, parte da Zâmbia, Namíbia e Zimbabwe, que possui habitantes. O resto
da população africana desapareceu devido às epidemias que atacaram o continente
pouco antes do Grande Colapso (e que, segundo alguns autores, foram factor de
aceleração deste processo).
Toda
a vida, animal e vegetal, morreu, em menos de dois anos. A OMS foi incapaz de
dar uma resposta perante a rapidez das sucessivas epidemias que afectaram o
continente, dizimando milhões de seres humanos e todo o património biológico
africano. As áreas que sobreviveram foram divididas entre a U.E. e a CCI. O
resto do continente é um imenso deserto, atravessado por ventos fortíssimos e
por vagas de calor que atingem os setenta graus, no pico solar. É um continente
inóspito, onde apenas as plataformas petrolíferas e a actividade mineira
prevalece como marca humana.
Os
monopólios reagiram de imediato às epidemias, que afectaram a sua actividade.
Os trabalhadores empregues pelos monopólios da U.E, dos USA e da CCI, são
técnicos altamente especializados, que sujeitam-se á manipulação genética para
serem imunes às epidemias e melhor se adaptarem ao calor do deserto em que o
continente africano tornou-se.
Os
rios secaram e as reservas aquíferas, imensa riqueza de África, foram
contaminadas pelas bactérias e vírus fatais. Os monopólios chineses ainda
tentaram as técnicas de purificação de água, mas depois das descobertas
realizadas nos laboratórios russos e brasileiros, que desenvolveram processos
industriais, extremamente baratos, de fabricação de água potável, os projectos
de purificação das reservas aquíferas foram abandonados, devido aos seus
elevados custos.
A
CCI estende os seus domínios no continente em toda a faixa litoral Atlântica da
África do Sul e a todo o litoral Indico até Nairobi. Não tem mais de dez
milhões de habitantes, em toda esta extensão. Acima de Nairobi não existe
actividade humana. Quanto á U.E. controla o litoral do Norte de África e o
litoral atlântico até Angola. Toda esta região continental litoral não tem mais
de quinze milhões de habitantes. As ilhas africanas do Atlântico são
controladas pela U.E e as do Indico pela CCI. A presença dos USA apenas se faz
sentir nos acordos existentes com a U.E e a CCI, nos sectores petrolíferos e
diamantíferos, ficando completamente afastados dos restantes sectores mineiros
(ouro, urânio, quartzo, etc.)
A
Grande Calamidade Africana (como ficou conhecida esta tragédia) afectou o clima
mundial e todo o ecossistema global, passando a existir apenas uma estação seca
e fria e outra quente e húmida (muito chuvosa), a nível global. Os níveis de
água do mar subiram mais de seis metros, nos últimos anos e grande parte das
cidades ficaram submersas ou foram reconstruídas noutros pontos (principalmente
na U.E. e na CCI, que aproveitaram a subida do nível do mar para relançarem a
actividade económica e construírem grandes centrais de energia das marés nas
zonas ribeirinhas).
É
curioso que a subida do nível do mar, apesar de ter afectado todo o mundo,
acabou por constituir uma tábua de salvação para as economias profundamente
debilitadas (mas implicou o desaparecimento de muitas nações e estados
arquipelágicos), não só em termos de reconstrução e de obras públicas, como
também em termos de relançamento da exploração dos recursos pesqueiros e
marítimos e com especial enfoque no sector energético. Países inteiros, na U.E
e na CCI foram transformados em grandes centrais geradoras de energia e muitos
deles estenderam as suas cidades para as áreas submarinas e para as ilhas
artificiais. Largos milhões de pessoas vivem, actualmente, da produção de
energia proporcionada pelo mar (ondas e marés, embora existam tecnologias
relacionadas com o aproveitamento das correntes submarinas).
Os
USA perderam mais de um terço do seu território, para o mar, mas ganharam
grandes balões de oxigénio para a sua economia. O mesmo se passou na Ásia, onde
até os gangues souberam aproveitar a subida do nível de água do mar e mantêm em
funcionamento grandes centrais de energia.
VIII - A
formação do Soviete de Numancia, foi consequência de uma terrível e prolongada
batalha, levada a cabo quarteirão a quarteirão e na fase mais critica, edifício
a edifício e que destruiu grande parte de Numancia. Tudo começou em 2015, com as grandes movimentações de ocupação,
contra o desemprego, o mercado de habitação e os cortes orçamentais na saúde e
na educação. O governo espanhol, sob forte pressão interna e externa, reagiu de
forma brutal e a Guardia Civil fez mais de trezentos mortos e dois mil feridos,
para além de cinco mil detenções.
Perante
tal demonstração de força o movimento popular alterou as suas formas de luta e
após grandes discussões sobre a forma de actuação, surgiram grupos que optavam
por acções armadas e directas. O primeiro deles foi a Guarda Vermelha ainda
nesse ano e em 2017 surgiram os Núcleos Proletários Armados, a Resistência
Popular, as Células Piratas, a Legião Vermelha, a União Nómada e a Vanguarda
Libertária. Em paralelo foram criados cibercomandos, como os Comandos
Libertários, a Linha Vermelha, o Olho do Pirata, a Democracia Directa, o
Democracia Digital e a Causa Pública.
Tudo
isto foi acompanhado por uma radicalização na actuação dos novos dirigentes
sindicais, que romperam com as anteriores estruturas. Em simultâneo e á margem
deste processo surgiram Conselhos Operários e as mais diversas associações de
trabalhadores e desempregados, rurais e urbanos. Em 2019, todos estes grupos,
associações, cibercomandos, conselhos, comissões e sindicatos, decidem criar
uma Junta de Coordenação e uma Assembleia Popular. Um ano depois as ruas de
Madrid foram ocupadas de forma pacífica. O governo espanhol e as autoridades da
cidade, por ordem dos monopólios, enviaram as suas novas forças de segurança
(forças privadas, uma vez que a Policia e Guardia Civil tinham sido extintas,
em função dos cortes orçamentais, que inclusive provocaram uma redução
substancial dos efectivos militares, passando o sector privado a assumir grande
parte das funções de segurança e defesa).
Os
confrontos iniciaram-se e numa primeira fase as forças de segurança pareciam
ter a situação sob controlo. Mas depois começaram a ser erguidas barricadas e
iniciaram-se os atentados com carros armadilhados. O terror espalhou-se nas
forças de segurança e ao fim de duas semanas de campanha, já tinham morrido
cerca de mil mercenários, para além do enorme número de feridos.
O
governo espanhol decidiu-se pela intervenção militar e quando chegaram os
primeiros soldados, a Junta Coordenadora optou por um ataque intenso às colunas
militares. Com a infantaria e a cavalaria impossibilitadas de passar e a
sofrerem enorme pressão, o Estado-maior governamental opta pelos
bombardeamentos com artilharia pesada. Estes bombardeamentos foram de tal modo
intensos que obrigaram ao recuo das forças revolucionárias. O Exército avançou
e ocupou as zonas principais de Madrid, assumindo o controlo da situação. Foi
nesta fase que foram iniciados os combates pelo controlo dos edifícios e depois
quarteirão a quarteirão. Os cibercomandos tinham conseguido isolar e manipular
as comunicações do Exército e ao fim de intensos combates os soldados começaram
a render-se ou a abandonarem as suas fileiras. Os combates, edifício a
edifício, provocaram imensas baixas. Os feridos das forças revolucionárias eram
transferidos para áreas seguras, onde os médicos da Federação do Caribe, que
cumpriam serviço solidário, estavam estacionados.
Madrid
optou pelas negociações, oferecendo tréguas, o que permitiu que a insurreição
procedesse a medidas de implementação nas zonas insurrectas. Estávamos no auge
do Grande Colapso e tanto nós como os monopólios tínhamos de fazer frente aos
gangues que assolavam toda a região. O combate aos gangues tornou-se
prioritário para ambos os lados e as tréguas foram-se prolongando, mesmo sem
haver continuidade nas negociações, até chegarmos á actual situação,
caracterizada por uma guerra secreta entre monopólios e zonas autónomas, mas
marcada frequentemente pela continuidade de negociações.
X
- Recordo-me de um grupo invulgarmente numeroso, composto por cerca de duzentas
pessoas (os grupos nómadas mais populosos não passavam de oitenta elementos),
que chegou a Numancia. Deduzi que fossem uma coligação de duas ou três
comunidades nómadas, mas os responsáveis do grupo explicaram-me que a sua
comunidade era apenas composta por cerca de sessenta elementos, sendo os
restantes refugiados que estavam aprisionados no Senegal e que foram libertados
devido a um ataque efectuado pelos nómadas em Dakar.
Segundo
os líderes nómadas, os monopólios da U.E. estavam a criar grandes colónias
penais e centros de detenção no Senegal e em Conacri. Para esses
centros iam os detidos vindos de varias zonas de África e também nómadas
berberes, tuaregues, judeus e palestinianos, capturados pelas companhias de
segurança. Os nómadas responderam com uma coligação de comunidades e assaltaram
Dakar, destruindo por completo as instalações de segurança e assegurando as
rotas vitais para o Centro e Sul do continente africano. Os refugiados que
foram libertados pelos nómadas foram enviados para os centros clínicos do
Soviete. Hoje fazem parte de uma brigada logística, que foi criada por eles, responsável
pelos contactos com os nómadas e pelo seu acompanhamento, nas áreas do Soviete.
XI
- Amanhã partirei para Hortaleza. Fui, finalmente, reformado.
Imagem:
Pablo Picasso
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