Habitantes
culpam empresa por insuficiências e a construtora diz que não foi paga pelas
FAA e culpa a municipalidade pela falta de estruturas sociais
Agostinho
Gayeta – Voz da América
Moradores
do Condomínio Vila Vitória acusam a empresa Grupo Tamar de não providenciar
condições sociais dignas na zona habitacional conforme acordo prévio no acto de
aquisição dos imóveis.
Ruas
não asfaltadas, deficiência de saneamento básico e de água potável
canalizada, de escolas e hospitais para além de falta luz eléctrica da rede
pública são as preocupações que tiram o sossego aos moradores da Vila Vitória,
no Município de Belas, na zona do Kikuxi.
Entretanto,
a empresa acusa as Forças Armadas de Angola(FAA) de não cumprir o estipulado em
acordos e de não pagar o que deve à empresa, acrescetando que a construção de
estruturas sociais não depende da empresa, mas sim da municipalidade que nada
faz.
Os
residentes afirmam que da construtora da Vila Vitória, a empresa Grupo Tamar,
tinha recebido a promessa de que as condições sociais seriam melhoradas,
porém volvidos quase doze meses a situação continua na mesma estaca, as
promessas não foram cumpridas e os moradores continuam a viver os mesmos
problemas. Contam alguns que o uso de geradores e de reservatórios de água têm
sido os recursos para iluminação e para não faltar água em casa. Daí o grito de
socorro aos mentores do projecto no sentido de cumprirem as cláusulas do
contrato.
Zorinda
Chilombo vive na Vila Vitória há seis meses e diz que tem sido obrigada a
percorrer longas distâncias por forma a garantir saúde e a formação dos seus
petizes.
A
insegurança também faz moradia no condomínio, já que ainda não está totalmente
vedado e nos arredores não existe nenhum posto policial.
Com
mais de 200 casas do tipo T3, algumas das quais ainda em construção,
apenas 10 famílias habitam na Vila Vitória, que é circundada por centenas de
casas de baixa renda.
A
Tamar é a responsável pela construção de casas para desmobilizados e militares
nas províncias do Kwanza Sul, Huambo, Huíla e Kuando Kubango, além de Luanda,.
onde já edificou mais de 500 fogos habitacionais em cinco bairros diferentes,
nomeadamente Vila Vitória, com casas do tipo T3, localizada no Município
de Belas, na zona do Kikuxi, Condomínios Vilas Persistência 1 e 2, Vila
Esperança, localizada no Zango 3 e a Vila Paulino Pinheiro, no Kalumbo,
município de Viana.
Em
todo país a Tamar pretende construir 500 mil casas, em cinco anos, de acordo
com o contrato estabelecido com as FAA.
Celeste
de Brito, Directora Executiva do Grupo Tamar, não aceitou falar sobre o
valor exacto do contrato assinado com as FAA.
“Numa
primeira fase vamos conceder 50 mil casas para baixa, média e alta renda.
Definimos 5.600 casas sociais para cada uma das províncias e 1.500 casas para
as habitações de média e alta renda”, sublinhou.
Garantir
a dignidade dos militares e viúvas de antigos combatentes foi o que motivou a
concepção deste projecto habitacional ligado às Forças Armadas Angolanas.
As
casas sociais constituem-se em
modelos T 3, com 100 metros quadrados ,
sendo a T5 com uma dimensão de 175 metros quadrados
e a T6 com 200 metros
quadros. Para as casas T3, a Cooperativa de Militares cobra 60 mil dólares e
para T5 e T6, os valores estão fixados em 150 e 250 mil dólares.
Em
relação aos preços das residências, o Grupo Tamar diz que são os mais baixos do
mercado e que a negociação com as FAA foi feita pensando na possibilidade de
oferecer aos militares maior dignidade.
Porém
dignidade é o que os moradores da Vila Vitória reclamam. Eduarda Morais explica
que chegou mesmo a vender a sua vivenda no centro da capital angolana para
encontrar o sossego nesta vila habitacional. A inquilina da Vila Vitória diz
sentir-se segura no seu novo bairro, não fosse a falta de condições sociais
básicas, por isso reclama pela dignidade que lhe é de direito.
Os
gastos na compra de combustível e o barulho dos geradores, devido a falta de
energia eléctrica, retiram o sossego de quem pensou que longe da cidade teria
um canto mais sereno para descansar e desfrutar da reforma.
Celeste
de Brito, Directora Executiva do Grupo Tamara, diz que a falta de condições sociais
do condomínio resulta do incumprimento da parte das Forças Armadas Angolanas
das cláusulas do contrato.
“Nós construímos, segundo o contrato, as FAA ou a Pérola Verde, pagaria-nos e
descontariam nos salários dos clientes trabalhadores”, explicou.
A
Director da Tamar diz que apesar da gestão ser conjunta, o seu Grupo até agora
ainda «não recebeu nenhum financiamento».
«Estamos
agora em negociações com alguns bancos, que com certeza se nós tivéssemos algum
não nos seria muito difícil com mais 20 ou 30 por cento colocarmos aqui as
condições básicas”, afirmou.
Quanto
à falta de infraestruturas sociais na Vila Vitória, a Tamar atribui
responsabilidades à Administração Municipal de Belas, onde o condomínio está
localizado. A Directora Executiva da Tamar diz não fazer parte do contrato a
construção de escolas, hospitais e lugares de lazer.
A
construção das Vilas sob a responsabilidade da Tamar fazem parte do projecto de
construção de um milhão de casas, prometidos em 2008 pelo partido que sustenta
o governo angolano, o MPLA.
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