Lisboa,
20 nov (Lusa) -- O ministro da Justiça de Timor-Leste disse hoje em Lisboa que
Díli querer "mudar os modos de cooperação", quando questionado pelos
jornalistas sobre a recente expulsão de sete cidadãos portugueses.
"Somos
países irmãos e essa cooperação foi uma fase que foi regida por uma situação
diferente, quando Timor-Leste ainda estava no início da construção das suas
instituições democráticas. Agora estamos noutra fase e vamos reponderar tudo
isto e mudar os modos de cooperação", disse Dionísio Babo, sem
especificar.
O
governante timorense, que se encontrou na quarta-feira com a sua homóloga
portuguesa, Paula Teixeira da Cruz, sobre a questão da expulsão dos
portugueses, seis funcionários judiciais e um antigo oficial da PSP, reuniu-se
hoje durante pouco mais de 40 minutos com os embaixadores da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
Babo
esteve reunido com os diplomatas da CPLP para fornecer as informações "que
consubstanciaram" as resoluções do Parlamento Nacional e do governo sobre
a auditoria ao setor da Justiça e a expulsão e que acabou por provocar uma
crise diplomática, afetando diretamente a cooperação setorial.
Aos
jornalistas, o ministro timorense rejeitou que as decisões tomadas pelo governo
de Díli podem constituir ingerência contra o Estado de Direito e a
independência do sistema judicial.
"O
governo não interferiu nada. Nem nos tribunais, nem nas competências dos
juízes. Foi apenas uma resolução (parlamentar) para facilitar uma auditoria do
setor da Justiça", disse o ministro timorense, referindo-se à proposta
apresentada pelo primeiro-ministro timorense e aprovada em sede parlamentar.
Quando
confrontado com as declarações do presidente do Conselho Superior de
Magistratura de Timor-Leste, Guilhermino Silva, que no dia 07 de novembro disse
à Lusa que os juízes "só obedecem à lei e à Constituição" e que não
aceitam a auditoria defendida pelo Executivo, o ministro da Justiça disse não
ter competências para tomar posição.
"Prefiro
não responder sobre estas decisões porque não faz parte das minhas competências
responder. Queria dizer que a resolução foi apenas uma decisão para facilitar a
auditoria no setor da Justiça", disse Dionísio Babo, rejeitando
comentários sobre a posição do presidente do Conselho de Magistratura de
Timor-Leste.
Em
concreto, sobre a expulsão dos sete portugueses, Dionísio Babo disse que não
tem conhecimento do envolvimento dos magistrados expulsos e que estariam a
investigar alegados casos de corrupção que abrangem membros do governo
timorense.
A
expulsão, segundo o ministro foi provocada "por motivos de força maior e
nacional" e não teve nada que ver com "certos indivíduos" em
particular tendo-se mostrado evasivo quanto aos processos sobre os contratos
acerca do petróleo cujo recurso decorre ainda nos tribunais de Singapura.
"Timor
é um país recém-nascido. Estamos neste momento a atravessar uma situação muito
difícil sobretudo no setor da Justiça. Problemas com entidades externas que
segundo o nosso ponto de vista podiam afetar o setor da Justiça, incluindo
pondo em causa os recursos importantes do país e foi por isso que a decisão
tinha de ser proferida", justificou sem especificar a quais recursos se
estava a referir.
Sobre
as declarações do oficial da Polícia de Segurança Pública, José Brito, que
disse ao semanário Expresso no dia 08 de novembro estar na posse de elementos
que envolvem o primeiro-ministro Xanana Gusmão em casos de corrupção, Babo
respondeu que não faz comentários com base "em informações sem fundamento
nenhum".
José
Brito, oficial da PSP e que se encontrava no Gabinete anticorrupção do Governo
de Timor Leste desde 2010, ao abrigo da cooperação, diz ter documentação que
ligam o chefe do Executivo a contratos de arroz, combustível e exploração de
petróleo.
Finalmente
quando questionado sobre a possibilidade de um pedido de desculpas aos
magistrados portugueses expulsos, o ministro da Justiça timorense deixou a
resposta para mais tarde.
"Falamos
depois", concluiu
PSP
// EL
*Titulo ligeiramente alterado por PG
1 comentário:
Lamento o este acontecimento que vem por parte dos defensores da corrupção e, só me resta dizer: "Volta lá Ramalho Eanes e sua comitiva num navio para os ajudarem a saírem debaixo do poder da Indonésia!". Mal empregado tempo, pois eu já adivinhava que mais tarde ou mais cedo isto aconteceria! Estavam tão bem a serem governados pela Indonésia!
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