Hong
Kong, China, 14 nov (Lusa) - Representantes dos manifestantes pró-democracia de
Hong Kong querem viajar no sábado para Pequim com o objetivo de se reunirem com
representantes do Governo central e pedir o pleno sufrágio universal nas
próximas eleições, em 2017.
A
Federação de Estudantes de Hong Kong, que agiu como interlocutor oficial no
diálogo com o Governo de Hong Kong, pretende enviar três representantes para
tentarem uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e membros do
Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional que participaram na reforma
política do sistema eleitoral de Hong Kong, escreve a agência Efe.
A
viagem é descrita como um "protesto político" depois de o governo de
Hong Kong ter rejeitado o diálogo entre os manifestantes e as autoridades
centrais, disse na noite de quinta-feira o secretário-geral da Federação de
Estudantes, Alex Chow, durante um discurso em Admiralty, uma das três zonas
ocupadas pelos estudantes.
Alex
Chow, Eason Chung Yiu-wa e Nathan Ley Kwun-chung são os três responsáveis da
Federação de Estudantes que pretendem viajar até Pequim, uma viagem que segundo
o primeiro é um sinal de que "os cidadãos de Hong Kong não têm medo da
manipulação de Pequim".
"Estamos
dispostos a ser detidos ou presos. Ao avançarmos com esta missão temos de
enfrentar as consequências", disse Alex Chow.
Lester
Sum, secretário-adjunto da Federação de Estudantes, não deu detalhes sobre a
viagem, numa altura em que alguns dos membros estavam a tratar das autorizações
da visita ao interior da China.
Alex
Chow, que mostrou dúvidas sobre se as autoridades chinesas vão permitir a
entrada dos estudantes, disse que a viagem será cancelada se a polícia avançar
com a retirada das barricadas das zonas ocupadas, tal como tem sido referido
esta semana.
O
secretário-geral da Federação dos Estudantes explicou que no caso da
intervenção da polícia em
Hong Kong , os jovens teriam de ficar no território para lidar
com a situação. Alex Chow defendeu, porém, que qualquer ação de dispersão dos
protestos iria demonstrar que Pequim rejeitou por completo a voz da população
de Hong Kong.
Fontes
do governo central, citadas hoje pelo diário de Hong Kong Mingpao, descartam a
hipótese de o executivo de Pequim se envolver nas ações para devolver a
normalidade às zonas ocupadas.
Segundo
o diário independente, a visita que o Presidente chinês, Xi Jinping, tem
prevista a Macau em dezembro, no âmbito das celebrações do 15.º aniversário da
transição do exercício de soberania, é a principal razão pela qual o governo
central não quer intervir.
A
pressão sobre as centenas de estudantes que permanecem acampados nas ruas
intensificou-se nos últimos dias, sobretudo depois de o Tribunal Superior de
Justiça se ter pronunciado contra a possibilidade de os jovens apelarem da
ordem judicial que dá autoridade à polícia para desocupar várias das ruas
ocupadas no âmbito dos protestos iniciados há mais de seis semanas.
A
polícia tem ainda autorização judicial para levar a cabo detenções no caso de
os manifestantes manifestarem algum tipo de resistência física.
A
antiga colónia britânica vive a mais grave crise política desde a transição de
soberania para Pequim, em 1997.
Pequim
aprovou o princípio "uma voz, um voto", mas reserva a um comité
eleitoral, maioritariamente favorável ao Partido Comunista chinês a pré-seleção
dos candidatos a chefe do Executivo em 2017, condições consideradas
inaceitáveis pelo movimento pró-democracia.
FV
// JCS
Sem comentários:
Enviar um comentário