António
Veríssimo, Lisboa
“Então
o Xanana disse lá no país dele que os portugueses têm de entender que a expulsão
dos portugueses não é contra os portugueses mas só contra os magistrados portugueses que foram
expulsos.” – Olívia Badanejo.
“O
Xanana Gusmão que vá à merda! Está a cagar-nos em cima e diz que não é nada
contra nós!”, exclamações do Zé das Couves frente a uma bica pingada no Café do
Malabosta.
Tudo
porque a Olívia Badanejo chegou com a novidade de “uma das últimas tiradas que
o primeiro-ministro timorense disse hoje aos jornalistas da Agência Lusa em
entrevista”. Os presentes no estabelecimento ficaram admirados e alguns até
acharam que era “invenção” da Olívia para fazer conversa. Mas não. A notícia
corre célere e até parece uma anedota de mau gosto. Xanana teve mesmo a prosápia,
o descaramento, de dizer o que a Olívia transmitiu quase na perfeição.
“Esse
Xanana julga que está a falar com os timorenses para os adormecer e soltar a
seita para os roubar. Cá em Portugal estamos fartos de aldrabões e de ladrões. Ele
escusa de estar a armar ao pingarelho porque não nos engana assim tão facilmente
como julga.” Comentou o Júlio dos Tomates com o copo na mão, quase a entornar o
bagaço “da ordem” na fatiota.
“O
que ele saiu foi um grande marmanjo. Um merdas que se põe a chorar por tudo e
por nada e afinal é um sacana de primeira. Quer mama. Mas daqui já não leva nada. Que
roube lá porque Portugal também já está cheio de ladrões de colarinho branco e
muito nos custa sustentar-lhes os vícios e as mordomias. Assim também eu.
Punha-me a roubar e quando a bófia viesse investigar-me expulsava a bófia do país
e cagava postas de pescada a armar-me em vítima…” Adiantou o Malaquias das
Arcadas (porque tem as pernas tipo arco da Rua Augusta).
“Qual
bófia qual porra.” Interronpeu a Olívia, com o ranho a espreitar numa das
narinas devido à gripe que a invadiu sem dó nem piedade. “Esse traste do Xanana
não expulsou bófias mas sim juízes, magistrados, uns 7 ou 8.”
“Ele
devia era expulsar-se a ele próprio de lá e levar de arrasto a seita com que
está feito. O tipo está inchado, tem contas gordas. Agora já não precisa de
Portugal nem dos portugueses e vá de lhes cagar em cima e ligar a ventoinha para
atingir o país inteiro. E ainda diz que não é nada contra os portugueses. Além
de ladrão também é vigarista e aldrabão!” Exclamou o Malabosta, dono do
estabelecimento, da parte de dentro do balcão enquanto tirava o café do Girafa
das Trombadas.
“Ó
Malabosta, dessa de cagar e ligar a ventoinha é que gostei.” E riram-se à
gargalhada. Por via da chamada de atenção do Malaquias, que prosseguiu: “Oxalá é
que a merda chegue a Timor e caia toda em cima do Xanana e dos compinchas. Só
ministros eram 8. Merda para os 8 também.” E vá de rir.
A
seguir a conversa estragou-se. Já havia alhos e bugados. Filhos desta e
daquela. No mesmo rol foram enfiados Passos Coelho, Cavaco Silva, o Durão
Barroso, o Portas e mais uns quantos associados aos partidos do chamado “arco
da governação” (CDS-PSD-PS), que popularmente são conhecidos por partidos do “arco da corrupção”.
Pronto.
A seguir veio a conversa azeda demais. Sem graça para uns e engraçada para os
que ficaram a participar. Cá por mim saí e partilho o que vi e ouvi, englobando de
seguida a notícia da Lusa sobre o tema tão badalado no Café Malabosta, em Lisboa. Sem me dar ao trabalho
de comentar as declarações de Xanana Gusmão porque, como às vezes se diz no Café
do Malabosta,“quanto mais se fala e mexe na merda mais mal cheira”. (PG/AV)
"Entendam
que não é nada contra os portugueses" - Xanana
Díli,
05 nov (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje
que não tem nada contra os portugueses nem contra Portugal e que a expulsão de
funcionários internacionais, a maioria portugueses, visou defender o seu país.
"Não
permitiremos que a nossa soberania seja violada. Entendam que não é nada contra
Portugal, não é nada contra os portugueses que estão aqui e não só portugueses,
porque não são só portugueses" visados na resolução, disse o
primeiro-ministro timorense, em entrevista exclusiva à agência Lusa.
Xanana
Gusmão garantiu também que não há "intenção nenhuma de esfriar as relações
com Portugal" e lembrou que todos têm problemas e que às vezes é preciso
tomar decisões.
"Só
peço para reduzirem um bocado a emoção com que se expressam", disse.
"Posso
aceitar que a surpresa que causámos foi elevada a uma dimensão maior do que
queríamos, o nosso desejo foi só o de interromper o ambiente viciado em que nós
perdemos dinheiro quando exigimos às companhias (petrolíferas) para nos pagar o
que deduziram por fraude", salientou, pedindo a todos os portugueses para
compreenderem que são questões de soberania e interesse nacional.
O
Governo de Timor-Leste ordenou na segunda-feira a expulsão, no prazo de 48
horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.
No
dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução a
determinar uma auditoria ao sistema judicial do país e a suspender os contratos
com funcionários judiciais internacionais "invocando motivos de força
maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse
nacional".
"Tentámos
sobretudo colocar os interesses da Nação em primeiro lugar e, se me permitem,
[mando] um abraço a todos os portugueses", concluiu.
MSE
// VM - Lusa
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