domingo, 16 de novembro de 2014

Portugal: BANDIDOS À SOLTA COMEM TODOS À MESMA MESA



Carlos Tadeu, Setúbal

Bandidos à Solta, Família do Crime, Jantares do Crime, Cidadãos Acima de Qualquer Suspeita, Os Intocáveis, Submarinos e Árvores das Patacas, Negreiros do Século XXI, Os Filhos da Mãe, Feios Porcos e Maus, Ladrões de Casaca, Crimes Perfeitos, O Chico Esperto de Boliqueime, Passos Livre de Impostos, A Mentira é Uma Arma...

Há títulos de filmes que definem bem os comportamentos da casta de políticos e outros bandidos associados que detêm os poderes em Portugal. Uns, eleitos. Outros, não. Mas isso para o caso não tem importância porque as eleições servem somente para ser uma fachada que legitima membros de autênticas associações criminosas em que políticos, banqueiros, empresários e outros do mesmo jaez se resfastelam à mesma mesa a comer aquilo que os portugueses ainda produzem e pagam em impostos exuberantes e incomportáveis para inúmeras famílias.

A impunidade da maioria dos elementos desta bandidagem é flagrante. Não há polícias que lhes leve temor, não há justiça que lhes toque. E se lhes tocar é arredada através de manigâncias que incompreensivelmente lhes permite viver no fausto e em liberdade. Intocáveis. Se necessário Presidentes. Ministros. Deputados. Diretores-Gerais, etc. O que de melhor estatuto sócio-profissional e desempenho de cargos oficiais existe.

Este razoado de palavras acima por via de mais uma embrulhada do capítulo Vistos Gold. Uma invenção com a chancela de Paulo Portas, o ministro submarino e subterrâneo também em liberdade e acima de qualquer suspeita. São atores deste calibre que surgem embrulhados em títulos escabrosos de roubo e corrupção na imprensa portuguesa. Títulos. Só títulos e narrações, porque os casos dão em nada. E se houver alguém que tenha de se “queimar” – o que acontece raramente – leva um “cheiro” de reclusão muito ao-de-leve e depois pavoneia-se em Portugal e no estrangeiro em absoluta liberdade e a viver à custa dos roubos e outros expedientes cujos prejuízos foram e são de monta - mas que os contribuintes portugueses pagam porque os seus cúmplices estão instalados nos poderes para isso mesmo. Para deliberarem e decidirem como melhor aprouverem em defesa das associações criminosas poderosíssimas que representam e lhes fez o caminho rumo às cadeiras dos poderes que deveriam de ser da República e da Democracia…

É assim que de volta e meia vimos, ouvimos e lemos “embrulhos” que não conseguimos desatar. Agora é o Caso dos Vistos Gold. Ele há ministros, sócios, ex-ministros, polícias das secretas, diretores… Um ror de gente importante que sacode a àgua do capote de algo que correu mal e que caiu nas malhas da Polícia Judiciária. Algo com que os “artistas” não contavam.

Só pela rama é do conhecimento público. Preparem-se porque vai dar em nada. Mesmo que se “queime” um ou dois o miolo da associação criminosa continuará impune, ativa e de boa saúde. Como habitualmente quem se lixa é o mexilhão. Leia-se a seguir o pouco que virá à tona. Eles comem todos à mesma mesa. Mas isso não é crime. Não é?
  
Chefe das secretas identificado em vigilância da PJ a jantar com suspeitos

Secretário-geral do Sistema de Informações, Júlio Pereira, não era o alvo. Estava a jantar com dois suspeitos agora detidos.

O secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa foi identificado na investigação ao processo dos vistos gold pela equipa da Polícia Judiciária. Júlio Pereira estava num jantar com Maria Antónia Anes, ex-secretária-geral do Ministério da Justiça, e António Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado, ambos detidos nesta operação. Júlio Pereira não era o alvo da investigação nem suspeito, mas a sua presença naquele encontro serviu para ajudar a consolidar a dimensão da rede de influência dos suspeitos. Para os investigadores, o grupo do jantar no Parque nas Nações seria mais uma pista de ligações potencialmente privilegiadas entre os que na altura eram suspeitos de crimes relacionados com a concessão dos vistos dourados e os mais altos dirigentes das secretas.

Ouvido ontem pelo juiz Carlos Alexandre, o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Palos, foi indiciado por dois crimes de corrupção passiva. Para já, os indícios contra Palos são duas garrafas de vinho e uma escuta a António Figueiredo, em que o diretor do SEF terá sido referido como agilizador dos processos de concessão de vistos.

Diário de Notícias


Marques Mendes: "Não tenho nada a ver com este assunto" dos vistos gold

“Não tenho nada a ver com este assunto”. Foi deste modo pragmático que Marques Mendes comentou o facto de ser sócio de uma empresa de que é também sócio Jaime Gomes, um dos arguidos no caso sobre a atribuição de vistos gold.

Marques Mendes falou esta noite à antena da SIC a partir de Moçambique para comentar o caso em torno das suspeitas de corrupção relacionadas com os vistos gold. Questionado sobre o facto de ser sócio de um dos arguidos no processo, Jaime Gomes, na JMF – Projects & Business, o social-democrata é perentório: “não tenho nada a ver com este assunto”.

Afirmando que “quem não deve não teme”, o comentador adianta que a sociedade em causa foi criada em 2009, “muito antes dos vistos gold” e da ‘Operação Labirínto’ que está a ser levada a cabo. E que já desde 2011 que achava que estava “inativa”. E vai mais longe: “enquanto sócio, nunca tive uma reunião, um contacto, uma diligência, nem sequer uma conversa sobre vistos gold”.

Ainda sobre este caso, o ex-líder do PSD conta que conhece duas das pessoas indiciadas no caso, algo que lhe causou “uma certa surpresa”, já que “são pessoas que conheço há muitos anos”, acrescentando que se se apurarem responsabilidades envolvendo estas pessoas- além de Jaime Gomes, referia-se ao colega de faculdade António Figueiredo –, tal situação será “um enorme desgosto”.

Já sobre o impacto mediático do caso, Marques Mendes percebe que se fique com a ideia de que “a corrupção no Estado alastra” mas que ainda assim prefere realçar o lado positivo: “a Justiça funciona”, afirma.

Recorde-se que desta mesma sociedade, a JMF, faz também parte o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Sobre o ministro e amigo pessoal, Marques Mendes diz que não é uma pessoa “agarrada ao poder” e que “há que separar o plano pessoal do plano político”, já que ele “não é objeto de nenhuma investigação”. Marques Mendes disse ainda que não sabe se o ministro pôs ou não o lugar à disposição, como chegou a ser noticiado.

Pedro Filipe Pina – Notícias ao Minuto

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