Jornal
de Angola, editorial
A
economia de mercado só exclui os negócios ilícitos ou quem deles se exclui. Em
Angola o mercado é livre e todos os investidores são bem-vindos
independentemente da sua origem.
Os
países que falam a Língua Portuguesa têm essa vantagem, que é reforçada por
laços culturais, históricos e afectivos. Esse quadro justifica os investimentos
angolanos em Portugal, sobretudo desde que nos EUA o sistema financeiro
exportou para todo o mundo uma crise sem precedentes. Empresas angolanas já investiram
milhares de milhões de euros em Portugal nos últimos seis anos. Primeiro, por
causa dos afectos, depois pelos negócios. E o investimento em Angola tem uma
vertente: ajudar um país irmão a debelar a crise e superar as dificuldades
económicas e financeiras em que está mergulhado. Noutro sentido, milhares de
portugueses procuram também trabalho em Angola. Todos são
bem-vindos, embora alguns se comportem como ocupantes. Os angolanos investiram
em todos os sectores da economia portuguesa, desde a banca à agricultura, das
telecomunicações ao imobiliário, da saúde ao turismo. Os empresários
portugueses fizeram o mesmo em Angola. Grandes empresas portuguesas estão entre
nós e até agora ninguém se queixou do ambiente de negócios, das facilidades
institucionais, das parcerias constituídas. Se alguma coisa corre mal, os
problemas resolvem-se nas sedes próprias e nunca na comunicação social
angolana. Em Portugal, acontece o contrário. O filho de Mário Soares, deputado
do Partido Socialista e membro doConselho de Fiscalização dos Serviços de
Informação da Assembleia da República Portuguesa – portanto, com o dever de
sentido de Estado – profere insultos grosseiros contra titulares
dos nossos órgãos de soberania. O filho do senhor Louçã, dirigente do Bloco de
Esquerda por interpostas pessoas, segue o mesmo caminho mas de uma forma mais
cínica. A mulher de José Eduardo Moniz, consultor de telenovelas, até chegou ao
cúmulo de culpar o médico angolano Luís Gomes Sambo da pandemia de ébola. Ao
mesmo tempo, o marido faz contratos com Angola. Jornalistas e comentadores mais
ou menos balbuciantes vão fazendo carreira atacando os políticos angolanos
democraticamente eleitos. A situação é de tal forma anómala que até fica a
ideia de que quem quiser fazer carreira política em Portugal tem que dizer mal
do Presidente de Angola, dos políticos angolanos que fazem parte do partido que
venceu as eleições com maioria qualificada, dos nossos empresários, mesmo dos
que investem elevadas somas para ajudar Portugal a sair da crise. Chegam ao
cúmulo de levantar suspeitas sobre a origem do dinheiro dos angolanos. Mas em
Portugal ninguém quer saber da origem do dinheiro dos investidores franceses,
colombianos, norte-americanos ou de qualquer outra nacionalidade. É uma pura e
selectiva perseguição aos interesses angolanos.
Em Portugal, Belmiro de Azevedo foi paquete num banco e hoje é um dos homens mais ricos do seu país. Américo Amorim começou como operário corticeiro. Alexandre dos Santos começou como mafuka de mercearia. Hoje são multimilionários e ainda bem. Os três juntos criam riqueza em Portugal e dão emprego a milhares de pessoas. Era bom que todos os milionários portugueses tivessem o mesmo perfil dos três empresários que citámos. Se há dúvidas quanto à origem das suas fortunas, as autoridades competentes que investiguem e tirem as suas conclusões. Mas é inadmissível que todo o cão e gato em Portugal ponham em causa a origem do dinheiro dos empresários angolanos que investem naquele país. É inadmissível que levantem suspeitas sobre investidores angolanos no caso dos “Vistos Gold” e, uma vez conhecida a lista dos que investiram em troca desse visto, não está lá nenhum angolano. O que é lógico. Muitos investidores angolanos em Portugal têm dupla nacionalidade ou grandes facilidades na aquisição de vistos ordinários. Não precisam de “Vistos Gold”. Os portugueses têm que decidir de uma vez por todas se querem ou não os angolanos como parceiros. Se Portugal quer desenvolver a cooperação com Angola, não pode depois haver perseguição a cidadãos angolanos que dão o seu melhor para que os acordos de cooperação em vigor tenham sucesso. Atirar com nomes de angolanos para as páginas dos jornais ou dos meios audiovisuais como estando envolvidos em actos ilícitos é uma deslealdade que começa a cansar. Grupos financeiros internacionais manifestam vontade de comprar a Portugal Telecom. A empresária Isabel dos Santos entrou na corrida e foi logo nomeada como a “filha do presidente de Angola”. Uma atitude deselegante e desrespeitosa que não pode ser admitida. Os outros interessados não têm pai nem mãe. São apenas investidores. Uma empresária de alto gabarito, com muitas provas dadas no mundo dos negócios, é achincalhada e diminuída. O ministro Ângelo Veiga acaba de denunciar estrangeiros e partidos políticos angolanos como autores de manobras de destabilização
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