Os
políticos do regime apostam em provar que, afinal, a corrupção é um fenómeno
universal e que foi exportado para o nosso país pelos colonos. Vai daí, de
forma pedagógica, têm mandado os seus mais ilustres membros explicar o que é a
corrupção, começando pelos jovens e pelas escolas primárias.
Orlando
Castro - Folha 8 Diário
Chegado
a uma escola numa recôndita aldeia do Huambo, o dirigente do MPLA explicou o
que é a corrupção, enfatizando que essa é uma doença que, infelizmente, foi
trazida para o nosso país pelos europeus.
Em
abono da sua tese, o dirigente do regime pediu que levantassem a mão todos os
meninos que soubesses como se diz corrupção em qualquer uma das línguas ou
dialectos do nosso país.
Todos
os alunos ficaram imóveis e com a mão pousada na carteira. Não sabiam como
dizer corrupção nas línguas nacionais.
Todos
não. Um deles, que estava sentado no fundo da sala, levantou a mão.
O
dirigente do MPLA, intrigado, perguntou:
-
Por que levantaste a mão?
-
Por que sei como se diz corrupção em todas as línguas nacionais, respondeu o
puto.
O
dirigente perguntou de novo:
-
Se todos nós não sabemos como se diz, se eu próprio não sei, como é que tu
sabes?
-
Porque sei, respondeu com orgulho o puto.
O
dirigente do MPLA não podia dar crédito a algo assim e exclamou:
-
Diz-me então como é que se diz corrupção em ucôkwe, kikongo, kimbundu, umbundu,
nganguela e ukwanyama.
Sorridente,
o puto orgulhoso dos seus conhecimentos, explicou que, por sinal, nessas
línguas como noutras de Angola, corrupção diz-se da mesma maneira.
Já
agastado com a petulância do miúdo, o dirigente do regime levantou-se e
vociferou:
-
De uma vez por todas, diz lá.
-
É simples, respondeu o puto. Corrupção em qualquer das línguas de Angola
diz-se: MPLA.
Nota:
História baseada no debate sobre autarquias promovido pela Rádio Ecclesia no
dia 1 de Março de 2014. Qualquer semelhança com a realidade (não) é mera
coincidência.
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