Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
A
verve anti-políticos sofre uma derrota com a Comissão Parlamentar de Inquérito
ao BES. A Comissão, composta na sua maioria por deputados bem preparados, está
a mostrar ao país os meandros de uma zanga entre poderosos que revela a rede
mafiosa em que se sustenta. Não quero com isto dizer que espero um relatório
conclusivo desta Comissão. Para obstar a que isso suceda teremos uma maioria de
deputados - alguns concomitantemente assalariados do GES - encarregues de
tratar da sua ineficácia. Mas esses foram quem a maioria dos portugueses que
votou nas últimas eleições decidiu eleger.
Um
regime podre como o nosso pode ser derrubado de duas formas: por um processo
revolucionário ou pela desagregação e decadência dos seus poderosos. O caso BES
personifica a segunda hipótese. Ricardo Salgado, aquele que o
"Negócios" considerava como a terceira pessoa mais importante no
país, já deixou claro que não cairá sozinho. Das suas declarações sobram os
avisos. Quando Salgado torna público que cinco pessoas receberam comissões no
negócio dos submarinos e quatro eram da família, o quinto feliz agraciado
tremerá. Por outro lado, na comissão de inquérito, Salgado envolveu de uma
forma propositada e irremediável Cavaco Silva ao referir que mantinha conversas
com o Presidente da República sobre o banco. Ou seja, a tese ensaiada por Belém
de que nada sabia aquando da sua declaração de confiança no BES dez dias antes
da derrocada, pode não ser verdadeira.
Estamos
pois perante um caso em que a própria Comissão devia poder chamar o Presidente
da República para depor. A declaração de Salgado e o facto de ter sido revelado
durante a semana que os membros do grupo GES foram os principais financiadores
da campanha presidencial de Cavaco em 2011 (17% do total obtido), levam a que o
Presidente da República tenha de dizer um pouco mais do que escudar-se num
lacónico: "matéria reservada".
Escreve
à segunda-feira
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