Decisão
abre caminho para que Tribunal Penal Internacional tenha jurisdição sobre
crimes cometidos em territórios palestinos. Gesto irrita Israel, que promete
resposta e diz não temer a corte.
O
presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) assinou nesta quarta-feira
(31/12) um protocolo de adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e outros
20 tratados internacionais, num gesto desafiador a Israel e Estados Unidos um
dia após uma resolução
pedindo o fim da ocupação na Cisjordânia e na Faixa de Gaza ter sido
derrubada na ONU.
A
medida abre espaço para o tribunal de Haia ter jurisdição sobre crimes
cometidos em territórios palestinos. A corte poderá investigar a conduta dos
líderes israelenses e palestinos durante as décadas de conflito na região.
"Quem
tem que temer o TPI é a própria Autoridade Palestina", disse o
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Nós daremos passos em
resposta, para defender os soldados israelenses."
Os
palestinos, afirmou o chefe de governo, formaram um governo de unidade com o
Hamas, "uma organização terrorista que perpetra crimes de guerra como o
'Estado Islâmico'".
Resposta
ao Conselho de Segurança
Os
palestinos haviam relutado até aqui em assinar a adesão ao TPI por temores de
que também pudessem ser julgados pelos sucessivos confrontos na região.
"Eles
nos atacam em nossas terras todos os dias. A quem vamos nos queixar?",
questionou Abbas. "O Conselho de Segurança nos desapontou. Queremos ir a
instituições internacionais e vamos apresentar queixas perante elas."
Além
do Tratado de Roma, que regulamenta o TPI, Abbas assinou acordos relativos à
jurisdição da corte, compromissos contra armas proibidas e outros textos menos
polêmicos, sobre direitos das mulheres e meio ambiente.
O
gesto desta quarta-feira é considerado uma resposta aos EUA, que, em apoio a
Israel, votaram contra a resolução no Conselho de Segurança que pedia a saída
israelense, até 2017, dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em
1967.
Para
ser aprovada, a resolução precisava de nove votos a favor e nenhum veto dos
cinco membros permanentes do Conselho (EUA, Rússia, China, França e Reino
Unido). Os oito países que aprovaram a minuta foram Jordânia, Argentina, Chade,
Chile, China, França, Luxemburgo e Rússia. Além dos americanos, os australianos
votaram contra.
RPR/rtr/dpa/afp
Sem comentários:
Enviar um comentário