Jornal
de Notícias, editorial
Já
estamos em 2015! O ano novo que ontem iniciou abre um ciclo de 365 dias de
novas oportunidades que os moçambicanos terão para enfrentar desafios e
realizar sonhos de desenvolvimento individual e colectivo.
Por
tradição, quando um ano chega ao fim e um novo começa não resistimos à tentação
de fazer uma retrospectiva do que conseguimos realizar ao longo dos doze meses
passados, ao mesmo tempo que avançamos com o desenho de novos objectivos com o
esboço daquilo que pretendemos que seja o ano seguinte.
Como
cidadãos, olhamos para trás e orgulhamo-nos dos nossos feitos no plano social,
os sucessos que logramos para nós e para as nossas famílias. Mas como nação
também reflectimos sobre os passos que demos rumo à meta colectiva. Neste
exercício muitas vezes nos vangloriamos pela qualidade de soluções que fomos
encontrando para os problemas.
Fazendo
este exercício temos a oportunidade de identificar, reconhecer e corrigir as
falhas que cometemos e que condicionaram, em grande ou pequena medida, a nossa
caminhada individual e colectiva.
Na
verdade, só identificando e reconhecendo os nossos pontos fracos poderemos
consolidar os pontos fortes. E precisamos disso para estabelecer melhores
objectivos e metas para o futuro e definir estratégias adequadas e exequíveis
para o seu alcance.
2014
foi, no nosso entender, um ano de muito trabalho para os moçambicanos. Um ano
que exigiu muito esforço e sacrifício, individual e colectivo. Chegado ao fim,
todos testemunhamos um nível de realizações que nos orgulham como nação.
Foi
um ano difícil, que ficou profundamente marcado pelas hostilidades com que a
natureza desafiou os moçambicanos logo no início do ano, cheias e inundações
que geraram prejuízos profundos na economia e na sociedade, alguns dos quais
vão levar anos a ser suplantados.
Ainda
hoje há zonas do país que estão a ser fustigadas pelas chuvas, em mais uma das
suas incursões que começou na região sul na semana passada.
No
entanto, para um ano que corria com manchas devido ao conflito armado, foi
refrescante testemunhar, uma vez mais, a maturidade com que os moçambicanos
souberam encontrar uma solução à sua dimensão, tal que rapidamente devolveu a
esperança de se continuar a trilhar os caminhos do desenvolvimento, dentro de
um quadro de normalidade constitucional.
Mais,
2014 ficará marcado na história de Moçambique como o ano das quintas eleições
gerais e multipartidárias. O nosso entendimento é que o coro de contestações
geradas à volta do processo é algo normal em processos do género, sobretudo
quando eles se desenvolvem em democracias ainda jovens, que precisam de vários
ensaios para atingir o ponto óptimo.
Ficaram
mais lições que certamente serão tidas em conta na organização de futuros
processos, porque acreditamos que o desejo de todos moçambicanos é que os
processos eleitorais que organizam sejam tão exemplares como têm sido os passos
dados na construção de uma democracia moderna.
E
acreditamos que todos nós continuaremos a dar e a receber lições ao longo do
tempo que nos conduzirão à melhoria permanente dos processos, a uma maior
clareza na definição dos objectivos e metas de desenvolvimento, e à escolha de
estratégias acertadas para avançar.
Na
verdade, nada melhor para os moçambicanos que terminar o ano com clareza sobre
os resultados eleitorais, fechar o ano com uma nova aposta na condução dos
destinos do país. A validação, na última terça-feira, dos resultados eleitorais
pelo Conselho Constitucional, não é senão uma clara demonstração da vontade que
os moçambicanos têm de continuar a trilhar os caminhos do desenvolvimento por
via de processos democráticos ajustados à Constituição.
Não
temos dúvidas que os últimos pronunciamentos do líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, não só desafinam o ritmo de reconciliação com que os moçambicanos vêm
caminhando nos últimos anos como também ameaçam a harmonia social e desafiam o
desiderato colectivo de viver em paz para melhor trabalhar pelo desenvolvimento
do país.
Acreditamos
que a razão acabará vencendo e Afonso Dhlakama vai perceber que não é da guerra
e desordem que nós precisamos, neste momento. Na verdade, o que almejamos é a
construção de uma sociedade de paz e justiça social, de igualdade de direitos,
de respeito pelas diferenças e, sobretudo, pela Constituição e pelas demais
leis que regem sociedades civilizadas como a nossa.
*Título
PG
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