O
stock de sangue na maior unidade sanitária da Zambézia está esgotado, numa
altura em que é maior o fluxo de pacientes que necessitam de transfusões. Em
Maputo, passagem de ano ficou marcada por acidentes de viação.
O
Banco de Sangue do Hospital Provincial de Quelimane, na província moçambicana
da Zambézia, está sem reservas. A unidade precisa, no mínimo, de 50 unidades de
sangue por dia, necessárias para atender os pacientes neste período festivo.
A
quantidade de doentes que dão entrada no hospital é bastante alta e as unidades
de sangue atualmente não são suficientes, afirma Albino Isidoro, responsável
pelo Banco de Sangue.
“Em
condições normais, temos tido sempre brigadas móveis para aquisição deste
precioso líquido humano, que muitas vezes nem chega. Mas nesta época do ano, os
problemas duplicam ou triplicam”, explica.
Campanhas
de sensibilização
Na
tentativa de solucionar o problema da falta de sangue, uma equipa de técnicos
de saúde da cidade de Quelimane está a mobilizar campanhas em locais públicos,
como mesquitas, igrejas e mercados com vista a sensibilizar as pessoas a doarem
sangue voluntariamente para salvar vidas.
Trata-se
de “uma questão de prevenção, porque tudo pode acontecer”, afirma Albino
Isidoro. “É característico desta época do ano acontecerem acidentes. E se em
condições normais temos tido acidentes nas nossas estradas, quando chega esta
altura esses acidentes aumentam”, lembra o responsável, apelando mais uma vez à
população para doar sangue.
Porém,
as campanhas para a doação voluntária de sangue têm registado fraca adesão.
Muitas pessoas não querem oferecer o seu sangue porque não há incentivos.
Por
outro lado, “os doadores de sangue afirmam que estão a ser desprezados pelas
autoridades de saúde caso precisem de assistência médica”, refere Rachid
Ossifo, coordenador da Associação de Doadores de Sangue na Zambézia.
“Antes,
o Ministério dava cadernos, canetas. As pessoas aderiam e o Banco de Sangue
tinha um movimento constante de pessoas que queriam doar sangue. Isso
encorajava as pessoas a doar sangue”, explica.
Mais
de 30 acidentes de viação ocorrem geralmente entre o final de dezembro e o
início de janeiro por causa da maior circulação de automóveis e peões, contra
os dez acidentes mensais registados, em média, no período não festivo.
Acidentes
de viação
Na
capital moçambicana, Maputo, a passagem de 2014 para 2015 ficou marcada pelo
elevado número de acidentes de viação, mau uso de objectos pirotécnicos e
agressões físicas, de acordo com a Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Na
noite da passagem de ano, o Hospital Central de Maputo (HCM) recebeu um total
de 323 pacientes, o que representa um aumento de 50 casos em relação a igual
período de 2013, revelou Raul Cossa, porta-voz da maior unidade sanitária do
país, citado pela AIM.
Deste
número, 143 doentes foram hospitalizados devido a traumas provocados por
agressões físicas, mau manuseamento de objectos pirotécnicos e acidentes de
viação.
Durante
o mesmo período foram também registados 35 acidentes de viação, mais 14 casos
do que no ano anterior. Em termos de óbitos houve uma redução em relação a
2013, adiantou ainda o porta-voz, sem adiantar números.
Marcelino
Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle
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