O
ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou, em resposta à TVI, que a prisão
preventiva a que está sujeito foi «utilizada para aterrorizar» e «para calar» e
que não foi confrontado «com provas e factos» quando foi interrogado pelo juiz
Carlos Alexandre.
O
ex-primeiro-ministro, que aceitou responder por escritos a seis perguntas da
TVI, alegando «legítima defesa pela violação do segredo de justiça», afirmou
que, a medida restritiva da liberdade, foi tomada para o calar.
«Sei
que quiseram inibir-me de falar», acentuou, acrescentando que a prisão
preventiva é «uma infâmia».
«A
prisão substitui-se ao processo, à investigação, aos indícios, às provas, ao
contraditório», escreveu José Sócrates, depois de o seu advogado, João Araújo,
ter sido portador das seis questões.
Sobre
o indício de corrupção, crime que lhe é imputado juntamente com o de
branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, Sócrates classificou-o
como o «mais ignominioso» e negou que tenha praticado qualquer ilícito.
«Os
factos não têm conexão com crimes», referiu.
Garantindo
que não sabia que estava a ser investigado, José Sócrates salientou que «não há
nem podem existir indícios ou provas» e vincou que o processo judicial tem
«contornos políticos».
Em
resposta a uma das perguntas, Sócrates referiu que «o dinheiro» da conta de
Carlos Santos Silva, amigo de longa duração também arguido neste processo,
resulta de um empréstimo.
«Pedir
dinheiro emprestado não é crime em lado nenhum», disse, negando as alegadas
entregas de dinheiro em Paris, designadamente a viagem do seu motorista, João
Perna, também arguido no processo.
O
ex-primeiro-ministro José Sócrates, preso preventivamente em Évora, disse hoje
que aceitou responder a perguntas da TVI por «legítima defesa contra os crimes
de violação do segredo de justiça» e «contra um poder obscuro».
Na
introdução que escreveu antes de responder às questões, José Sócrates afirmou
que as violações do segredo de justiça são «uma agressão feita cobardemente e a
coberto do anonimato».
Reiterando
inocência, José Sócrates sublinhou que aceitou dar a entrevista escrita à TVI,
através de perguntas entregues pelo seu advogado, João Araújo, contra «a
divulgação de 'informações' manipuladas, falsas e difamatórias».
O
ex-primeiro-ministro, detido preventivamente desde 25 de novembro, aludiu a um
«poder obscuro» e salientou que não foi confrontado «com provas e factos»
quando foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de
Instrução Criminal.
Sócrates
disse que existe um «poder obscuro», que tem «puro arbítrio e despotismo», com
«impunidade absoluta» e decisões com «desproporcionalidade nos direitos
fundamentais».
Considerou
ainda que «à prisão física sempre quiseram somar, em certo sentido, a prisão da
opinião pública» e responsabilizou diretamente «os que têm o processo à sua
guarda e não o guardaram como devia».
Sócrates
frisou também que o segredo de justiça «apenas foi imposto à defesa», além de
«a proibição de entrevistas, do contraditório».
José
Sócrates foi detido a 21 de novembro, no aeroporto de Lisboa, depois de viagem
desde Paris.
O
ex-chefe do governo está indiciado dos crimes de branqueamento de capitais,
fraude fiscal qualificada e corrupção.
Desde
25 de novembro que Sócrates se encontra detido preventivamente no
Estabelecimento Prisional de Évora.
Lusa,
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