segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

África: TEMPO DE ESPERANÇA



Jornal de Angola, editorial - 2 de Fevereiro, 2015

A luta pela erradicação dos conflitos armados em África esteve uma vez mais no centro dos debates  da União Africana  na sua recente Cimeira realizada em Addis Abeba, com a  presidente da Comissão  desta organização continental, Dlamini Zuma, a assumir o compromisso de “não se levarem as guerras a outra geração de africanos”.

Compreende-se que a procura incessante de soluções pacíficas para os conflitos no nosso continente seja uma prioridade para a União Africana, na medida em que da estabilidade de África depende a execução da agenda de desenvolvimento da organização  continental.
Na verdade, de nada valerá termos bons programas de desenvolvimento  se não resolvermos o problema dos conflitos armados, geradores de crises de índole política, económica e social, que colocam milhões de africanos em situações de carência extrema. As guerras condicionam o desenvolvimento de África. Não fossem os conflitos armados, milhões de africanos teriam hoje uma melhor qualidade de vida, mais escolas, mais hospitais e condições para se entregarem ao trabalho que produz riqueza.

Sendo dramático o quadro que se vive em regiões africanas  afectadas pela guerra, é imperioso que a actual geração de políticos  do continente assuma a responsabilidade de trabalhar  para que se ultrapassem definitivamente as situações que degradam a vida de um número considerável de pessoas em África.

África deve caminhar imparavelmente para a criação de condições de paz e segurança duradouras, propícias ao combate à pobreza, ao analfabetismo, às doenças. É possível construir no continente africano sociedades com paz e exclusivamente dedicadas à luta pelo progresso. Perante as situações de guerra em África, os políticos africanos devem unir-se para juntos fazerem face aos desafios de um continente que não deve continuar a perder vidas humanas e a adiar a resolução dos seus principais problemas. 

Em face dos actuais problemas que o continente enfrenta, os políticos africanos não devem ficar indiferentes. Eles são chamados nestes momentos difíceis por que passam milhões de africanos a agir no sentido de se evitar derramamento de sangue, destruição de infra-estruturas e crises humanitárias. 

Temos nós, africanos, de dar provas de capacidade para  resolvermos os nossos próprios problemas. A luta pela paz e segurança dos povos de África não deve parar enquanto continuarem a morrer pessoas em consequência de conflitos armados. Não devemos ficar descansados enquanto  as armas não se calarem.  

Um fenómeno que deve merecer a atenção de África é o que tem a ver com  as crianças soldados , que felizmente vão sendo libertadas  e vão regressando às suas famílias. A UNICEF  tem ajudado a libertar no Sudão do Sul crianças soldados, que estão em poder de um grupo armado, e  que têm idades compreendidas  entre os 11 e os 17 anos. É uma boa notícia o facto de, segundo a UNICEF, haver um plano de libertação gradual de três mil  crianças soldados  em poder de grupos armados. 

A libertação destas crianças soldados  é um bom exemplo de como as instituições  internacionais podem  contribuir grandemente para  a solução de problemas no continente, mesmo os mais complexos. A presidente da Comissão da União Africana tem consciência do papel que instituições internacionais podem desempenhar na busca de soluções para  os problemas, pelo que  pretende que a organização continental  coopere  com outros organismos mundiais  para a eliminação dos conflitos no continente.

Pela complexidade dos conflitos em África, importa que  haja esforços conjugados para a sua resolução, esperando-se que a sabedoria de todos quantos estão envolvidos no processo de busca de soluções produza os resultados que todo o mundo deseja. 

O mundo tem interesse em ver África completamente pacificada e não admira que políticos e governantes de diferentes continentes estejam a trabalhar arduamente para que se resolvam  os problemas de África. A paz e a segurança  em África não são assuntos que digam apenas respeito aos africanos. É que a estabilidade em África tem repercussões positivas neste continente e noutras partes do mundo.

A importância de África no mundo justifica os debates que se fazem à volta  dos seus problemas. O mundo tem esperança de que em 2015  o continente  africano venha a ser um espaço de paz, concórdia e harmonia e onde os africanos possam tirar proveito das riquezas que a natureza lhes proporcionou.

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