Pequim,
03 fev (Lusa) -- O ministro da Educação da China, Yuan Guiren, afirmou que
jovens professores e alunos das universidades chinesas são alvo das
"forças inimigas estrangeiras" que pretendem estender a sua
influência no gigante asiático.
O
ministro da Educação fez estas declarações na última edição da
"Qiushi" -uma publicação periódica do Partido Comunista chinês --,
quatro dias depois de instar as universidades do país a proibir o uso dos
livros importados que propaguem os "valores ocidentais", noticia hoje
o diário em língua inglesa publicado em Hong Kong South
China Morning Post (SCMP).
"Os
jovens professores e os estudantes são os principais alvos de infiltração das
forças inimigas", escreveu Yuan, para quem "alguns países veem o
desenvolvimento da China como um desafio ao seu sistema e valores e
intensificaram a influência de maneiras mais discretas e diversas".
O
titular da pasta da Educação acrescentou que vão ser elaboradas diretrizes
escolares para "colocar o marxismo na vanguarda" e que vão ser
proibidos nos campus os livros que difundam pontos de vista ocidentais
"errados", ou seja, que contrariem os ideais do regime comunista.
As
declarações do ministro chinês são um claro reflexo da campanha ideológica do
Presidente Xi Jinping, disse ao SCMP Zhang Xuezhong, um antigo professor
associado da Universidade de Ciência Política e Direito do leste da China,
despedido no ano passado por criticar o sistema político da potência asiática.
Já
Hu Xingdou, economista da Universidade de Tecnologia de Pequim, acredita que
estas medidas representam um "renascimento da revolução Cultural".
"A
oposição a todos os pensamentos e culturas estrangeiras é a tendência
ideológica mais à esquerda desde a reforma e abertura", afirmou.
"Isto
vai provocar mais conflitos na ideologia", acrescentou Hu, que estima que
a "censura" dos valores ocidentais poderá significar o fim de algumas
disciplinas de Ciências Sociais porque muitos conceitos, sobretudo na Economia,
são oriundos do Ocidente.
Ainda
que o governo chinês intensifique os esforços para manter afastada a influência
estrangeira, Zhang acredita que a campanha não vai funcionar porque "os
tempos mudaram" e os professores e estudantes têm acesso a outras fontes
de informação.
FV
// JCS
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