segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CONTOS DE CRIANÇAS



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

Na passada quarta-feira, o "Jornal de Negócios" publicou uma notícia na qual Maxime Sbaihi, economista da Bloomberg, demonstrava que o país mais prejudicado por uma declaração de não pagamento da dívida grega seria: Alemmmm... Portugal. Segundo a notícia, Portugal terá participado nos planos da troika com 5,5 mil milhões de euros, o que corresponde a 3,2% do PIB, fazendo do nosso país a economia mais exposta à dívida grega. Curiosamente, a seguir ao nosso país, seguem- -se os improváveis Chipre (2,8%), Eslovénia, Malta e Espanha (todos com cerca de 2,5%).

Estes dados permitem-nos concluir que os países mais expostos à dívida grega são os que estão sob o jugo da austeridade, como se prova também por isto, uma política que não salva mas aprofunda a dependência dos países que a praticam. Se antes da entrada da troika na Grécia se sabia que a banca alemã era quem estava mais exposta à dívida grega, num par de anos de Merkel-Passos, Portugal tomou esse lugar.

Perante a irredutibilidade da Alemanha e da UE em renegociar a dívida grega (em oposição à disponibilidade do FMI) e após o sinal político do Syriza ao fazer um acordo de governo com uma força política de direita radical mas que lhe dá garantias de não se opor a uma saída do euro, a declaração de não pagamento parece cada vez mais provável.

A decisão do povo grego é legítima e democrática. O governo grego tem um mandato popular que exige a recuperação dos instrumentos de soberania e a abertura de um processo de restruturação da dívida. Trata-se do cumprimento do programa eleitoral, algo que para os jihadistas da austeridade é um conto de crianças.

Portugal, com um governo que vende, amesquinha e ridiculariza o país, continuará a cavar um buraco cada vez mais fundo.

Escreve à segunda-feira

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