Díli,
10 fev (Lusa) - O antigo vice-primeiro-ministro timorense Mário Carrascalão
defendeu hoje que, com a indigitação do novo primeiro-ministro, é necessário
refazer a coligação do governo, procurando um entendimento com a Fretilin.
Para
Mário Carrascalão, o facto de Rui Araújo, membro do Comité Central da Fretilin
(Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente), assumir as rédeas do VI
Governo "significa que a coligação [que sustenta o executivo] se devia
desfazer imediatamente".
"Seria
preferível que a Fretilin fizesse uma plataforma de entendimento com o CNRT
(Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste). De qualquer modo a
democracia não funciona sem oposição", disse.
O
atual executivo é suportado pelo CNRT, PD (Partido Democrático) e FM (Frente
Mudança), estando a Fretilin na oposição.
Em
declarações à Lusa, Mário Carrascalão considera o primeiro-ministro cessante,
Xanana Gusmão, passou um "atestado de incompetência" aos três
partidos que sustentam o governo, ao assumir que não existiam líderes capazes
dentro daquelas estruturas.
"O
Rui Araújo é uma pessoa que preenche as condições para este lugar. Dificilmente
encontraremos melhor atualmente. Mas sendo nomeado nestas condições pode criar
problemas de entendimento sobre propostas do governo", disse.
O
ex-presidente do Partido Social Democrata (PSD) timorense manifestou dúvidas
sobre a gestão do futuro governo se Xanana se mantiver como elemento do
executivo.
"Acho
que se o Xanana se demitiu, devia agora sair definitivamente e não ficar no
Governo. Se fizer isso vai criar um complexo a Rui Araújo", disse hoje à
Lusa em Díli.
"Nenhum
daqueles ministros verá o Xanana, que sempre foi seu superior, apenas como mais
um colega e duvido que ele esteja preparado para ser comandado pelo Rui
Araújo", afirmou Carrascalão.
Mário
Carrascalão reagia à confirmação, pela Presidência da República timorense, de
que o chefe de Estado, Taur Matan Ruak, aceitou a proposta do partido mais
votado, o CNRT, que indigitou para o cargo de primeiro-ministro Rui Maria
Araújo, informou a presidência em comunicado.
"O
Presidente da República aceitou a proposta do partido mais votado nas últimas
eleições legislativas, o CNRT, que indigitou para o cargo de primeiro-ministro
o Dr. Rui Maria Araújo", refere o comunicado distribuído ao final da
tarde, hora local.
"O
Presidente da República receberá nos próximos dias o primeiro-ministro
indigitado para discutir a constituição do VI Governo Constitucional. O Governo
será, de seguida, empossado pelo Presidente da República, previsivelmente, ainda
durante esta semana", explica.
ASP
// PJA
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