terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

MÁRIO CARRASCALÃO PEDE NOVO ENTENDIMENTO PARA GOVERNO EM TIMOR-LESTE




Díli, 10 fev (Lusa) - O antigo vice-primeiro-ministro timorense Mário Carrascalão defendeu hoje que, com a indigitação do novo primeiro-ministro, é necessário refazer a coligação do governo, procurando um entendimento com a Fretilin.

Para Mário Carrascalão, o facto de Rui Araújo, membro do Comité Central da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente), assumir as rédeas do VI Governo "significa que a coligação [que sustenta o executivo] se devia desfazer imediatamente".

"Seria preferível que a Fretilin fizesse uma plataforma de entendimento com o CNRT (Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste). De qualquer modo a democracia não funciona sem oposição", disse.

O atual executivo é suportado pelo CNRT, PD (Partido Democrático) e FM (Frente Mudança), estando a Fretilin na oposição.

Em declarações à Lusa, Mário Carrascalão considera o primeiro-ministro cessante, Xanana Gusmão, passou um "atestado de incompetência" aos três partidos que sustentam o governo, ao assumir que não existiam líderes capazes dentro daquelas estruturas.

"O Rui Araújo é uma pessoa que preenche as condições para este lugar. Dificilmente encontraremos melhor atualmente. Mas sendo nomeado nestas condições pode criar problemas de entendimento sobre propostas do governo", disse.

O ex-presidente do Partido Social Democrata (PSD) timorense manifestou dúvidas sobre a gestão do futuro governo se Xanana se mantiver como elemento do executivo.

"Acho que se o Xanana se demitiu, devia agora sair definitivamente e não ficar no Governo. Se fizer isso vai criar um complexo a Rui Araújo", disse hoje à Lusa em Díli.

"Nenhum daqueles ministros verá o Xanana, que sempre foi seu superior, apenas como mais um colega e duvido que ele esteja preparado para ser comandado pelo Rui Araújo", afirmou Carrascalão.

Mário Carrascalão reagia à confirmação, pela Presidência da República timorense, de que o chefe de Estado, Taur Matan Ruak, aceitou a proposta do partido mais votado, o CNRT, que indigitou para o cargo de primeiro-ministro Rui Maria Araújo, informou a presidência em comunicado.

"O Presidente da República aceitou a proposta do partido mais votado nas últimas eleições legislativas, o CNRT, que indigitou para o cargo de primeiro-ministro o Dr. Rui Maria Araújo", refere o comunicado distribuído ao final da tarde, hora local.

"O Presidente da República receberá nos próximos dias o primeiro-ministro indigitado para discutir a constituição do VI Governo Constitucional. O Governo será, de seguida, empossado pelo Presidente da República, previsivelmente, ainda durante esta semana", explica.

ASP // PJA

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