quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Moçambique - CESSAÇÃO DE HOSTILIDADES: EMOCHIM REFUTA VIOLAÇÃO DO ACORDO




Um relatório da Equipa de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), divulgado na segunda-feira em Maputo, concluiu que não há evidências tangíveis que justifiquem as declarações da Renamo, que acusa o Governo de violar o Acordo de Cessão de Hostilidades.

Nas últimas semanas, a Renamo tem vindo a acusar o Governo de estar a colocar novas posições das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na província de Inhambane, nos postos administrativos de Marromeu e Muxúnguè, na província de Sofala, bem como nas províncias de Manica e Tete.

Para a Renamo, a alegada movimentação das FDS constitui uma violação do acordo de cessação das hostilidades militares.

Por isso, a EMOCHM, um órgão que integra 70 peritos militares nacionais, dos quais 35 do Governo e igual número da Renamo, e ainda 23 peritos militares estrangeiros, realizou patrulhas nas referidas províncias que culminaram com a elaboração de um relatório, cujas conclusões refutam as acusações daquele partido da oposição. 

Segundo o documento, as autoridades locais negam a presença de quaisquer membros adicionais das FDS. Contudo, a população discorda com as autoridades locais.

“A população local foi intransigente e contrária a essa informação. Pondo de lado este facto de informação contraditória, o patrulhamento não pôde obter nenhuma evidência tangível e independente da alegada violação pela presença de posições militares”, lê-se no relatório.

O documento reconhece, por outro lado, a existência de um número significativo de agentes da Polícia nas províncias em causa.

A Renamo
também acusa o Governo de estar a orquestrar uma campanha de perseguição dos seus membros.

“Quanto à acusação de perseguição, de acordo com o inquérito conduzido no local, e com base em pormenores narrados, pareceu ser possível ter havido ocorrência de tais comportamentos negativos em mais de um caso. Apesar disso, a ausência de qualquer evidência concreta/específica não permite à EMOCHIM determinar o autor de tais actos e, por conseguinte, das suas intenções”. 

Comentando sobre o assunto, o chefe da delegação do Governo no diálogo com a Renamo, José Pacheco, disse que o relatório da EMOCHM confirma a inexistência das alegadas violações propaladas pela Renamo. 

Sobre a integração das forças residuais da Renamo, Pacheco disse que já estão criadas todas as condições para que a EMOCHM entre na fase operacional de monitoria e avaliação do processo de integração na Polícia e nas Forças Armadas.

“Mas estamos à espera que a Renamo apresente a lista que vai garantir o processo de integração na Polícia, nas forças militares e garantir a sua integração social”, afirmou Pacheco, que também ocupa o cargo de Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar.

Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, disse que o documento da EMOCHIM contém declarações contraditórias, entre as informações dadas pelas estruturas locais e as populações.

Por isso, “é fundamental que seja feita uma fiscalização, de modo a trazer-se um relatório que reflicta a situação real no terreno. O relatório refere que existem revistas e gostaríamos que esse tipo de situações fosse reduzido em nome da paz”.

Falando sobre a despartidarização do Aparelho do Estado, outro ponto da agenda do diálogo político, Macuiana, que também é deputado eleito da Renamo pelo círculo eleitoral de Manica, explicou que as partes estão a tentar harmonizar o documento apresentado pelos observadores nacionais. “É um documento base e bem elaborado. Foi encarregue um grupo para harmonizar o documento. Do nosso lado temos Eduardo Namburete, do lado do Governo o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abdurremane Lino de Almeida, mais um membro da mediação”.

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