O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que está disponível para dialogar de
imediato com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, para preservar a paz no país.
Moçambique
assinalou esta terça-feira (03.02.) o Dia dos Heróis Nacionais com cerimónias
em todo o país.
A
tónica principal das intervenções foi a necessidade de manter o diálogo e
preservar a paz e a unidade nacional. Foi nesse sentido que o Presidente de
Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou que está pronto para dialogar "agora
mesmo, se houver possibilidade" com o líder do principal partido da
oposição.
"Já
dei o sinal da prontidão para podermos falar. Só falando é que nos entendemos
uns aos outros", disse o chefe de Estado moçambicano.
Esta
foi a primeira resposta pública de Nyusi aos pronunciamentos do líder da
Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, que ameaça criar um
Governo de gestão ou uma região autónoma no centro e norte do país, em protesto
contra os resultados das recentes eleições gerais.
Questionado
se estaria disponível para abordar com Dhlakama as exigências do líder da
oposição, Nyusi afirmou que "o diálogo nunca é pré-condicionado porque
também não sabemos o que o povo quer."
"Através
da conversa, do diálogo, podemos chegar a conclusões sobre aquilo que achamos
ser útil para os moçambicanos", disse.
Apelos ao diálogo sucedem-se
Apelos ao diálogo sucedem-se
Na
mesma ocasião, o embaixador de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte,
apelou igualmente ao diálogo sublinhando que há formas democráticas de fazer as
coisas sem ser através da perturbação da ordem e da paz estabelecida.
O
diplomata português manifestou apreensão em relação aos pronunciamentos de
Afonso Dlakhama e disse que o país tem um Parlamento onde as pessoas podem
defender os seus pontos de vista.
"Todos
nós, quer Moçambique, quer os amigos de Moçambique e, neste caso, Portugal e os
portugueses, devemos estar empenhados na paz , na estabilidade e no
desenvolvimento", afirmou José Augusto Duarte. "Manifestações de
rutura ou de violência são extremamente preocupantes e geram apreensão nas
pessoas que querem investir e em quem quer efetivamente apostar no
desenvolvimento do país."
"São
desastrosos os pronunciamentos de Dhlakama"
Também
a representante das Nações Unidas em Moçambique, Jennifer Topping, disse que só
com o diálogo se pode garantir o desenvolvimento do país. "Este é um
assunto que interessa a todos os moçambicanos. Discutir o futuro do país e a
continuação da consolidação da paz e do desenvolvimento. O diálogo está em
curso e é importante que continue de forma pacífica."
Já
o Presidente do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), e antigo chefe de Estado, Armando Guebuza, considerou que os
pronunciamentos de Dhlakama têm sido "desastrosos".
"Todo
o povo fala em construção e ele persiste num discurso destrutivo. Ele não quer
de facto dar a sua contribuição para que o nosso país viva em paz", disse
Guebuza.
Ao
falar com os jornalistas, o Presidente Filipe Nyusi reiterou que é a favor da
inclusão, mas, segundo observou, no estrito respeito pela Constituição da
República.
"A
minha intervenção durante a tomada de posse foi muito clara. Sou pela inclusão,
o que significa dar oportunidade a todos os moçambicanos - oportunidades na
criação e distribuição de riquezas", afirmou Nyusi.
A
RENAMO não marcou presença nas cerimónias do Dia dos Heróis Nacionais, ao
contrário do outro partido da oposição com assento parlamentar, o Movimento
Democrático de Moçambique (MDM).
Leonel
Matias (Maputo) – Deutsche Welle
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