sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Nenhuma instituição em Timor-Leste é "intocável" - Xanana Gusmão




Díli, 06 fev (Lusa) -- O primeiro-ministro demissionário timorense, Xanana Gusmão, afirmou hoje que nenhuma instituição em Timor-Leste é "intocável" e que os líderes políticos do país devem procurar trabalhar com compromisso e unindo esforços.

"Esta é uma mensagem para todas as instituições. Estamos no processo de criação do Estado e todas as instituições ainda são fracas. E nenhuma instituição deve sentir-se intocável", afirmou num debate público, em Díli.

"Precisamos de um sentido de compromisso, de coordenar todos os esforços para garantir que se há dificuldades as podemos resolver, se há necessidades podemos fazer algo em conjunto para lhes dar resposta", afirmou Xanana Gusmão.

Xanana Gusmão falava num debate público com o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri e com o Kishore Mahbubani, reitor da Lee Kuan Yew School of Public Policy na Universidade Nacional de Singapura, que decorreu hoje no Centro de Convenções de Díli.

Recorde-se que Xanana Gusmão, enviou ao Presidente da República, Taur Matan Ruak, a sua carta de demissão do cargo de chefe do Executivo, segundo confirmou hoje o Governo em comunicado.

"Cabe agora ao Presidente da República considerar e responder a esta carta de resignação", refere o comunicado do ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo de Timor-Leste, Agio Pereira.

Na carta de demissão obtida pela Lusa na quinta-feira, Xanana Gusmão explica que a sua decisão se prende com o "entendimento comum" da necessidade de "uma reestruturação profunda, que permita assegurar, nestes dois anos e meio que restam ao Governo, uma maior dinâmica em termos de eficiência".

"Esta remodelação implica também, e sobretudo, dar a oportunidade a uma nova geração de líderes para governar, não só a nível ministerial mas também ao nível da chefia de todo o Governo", explicou ainda.

Intervindo no debate, Mari Alkatiri também destacou o facto de Timor-Leste continuar no seu processo de construção institucional com "muitas dificuldades e muitos desafios".

"O mais importante é que estamos a tentar construir um Estado em que o Estado de direito prevalece. É um Estado nação. E precisamos de um estado forte para consolidar o Estado nação", afirmou.

Sobre outro assunto, o da corrupção, Xanana Gusmão disse que há sempre uma tendência para "dramatizar", afirmando que "com base numa carta ou num artigo de jornal" se acusa membros do Governo de corrupção.

"Tudo é corrupção. Dizem que tudo é corrupção. E depois ninguém fala do positivo que estamos a fazer", afirmou, considerando que as acusações e suspeitas "destroem a confiança nos funcionários públicos".

"Temos a Comissão Anticorrupção, estamos a reforçar a nossa capacidade de atuar e o que temos que fazer na construção do Estado é reforçar a nossa capacidade de trabalho e de responder", disse.

Xanana Gusmão reconheceu ainda fraquezas na construção da administração pública, admitindo que ainda não há critérios, métodos e sistemas adequados para aplicar meritocracia ou garantir que o mérito é sempre aplicado na seleção.

ASP // FV

Sem comentários:

Mais lidas da semana