Ana
Sá Lopes – jornal i
Alfredo
Barroso diz ao i que "António Vitorino é o Proença de Carvalho do PS"
e considera "um erro tremendo" o apoio do PS ao ex-ministro
Na
semana passada António Costa e Manuel Alegre encontraram-se para falar sobre
presidenciais, soube o i junto de fonte socialista. A candidatura de
António Vitorino não é consensual no PS - e Manuel Alegre não faz parte do
clube de entusiastas. Mas o ex-candidato presidencial do PS está longe de ser o
único com reservas em relação a uma candidatura de António Vitorino. Ontem, o
fundador do PS Alfredo Barroso escreveu no Facebook o que muitos socialistas
dizem em privado: "Mais um facilitador de negócios em Belém? Francamente,
ó PS!".
Ao i,
Alfredo Barroso - que foi chefe da Casa Civil da Presidência nos tempos de
Mário Soares - afirma que será "um erro tremendo" o apoio do PS a uma
candidatura de António Vitorino. "António Vitorino é politicamente muito
competente, mas há muitos anos que está envolvido no mundo dos negócios,
pertence a uma sociedade de advogados poderosa, participou em privatizações,
ocupa vários lugares de administração em várias empresas. É administrador dos
CTT, uma privatização que o PS condenou", afirma Alfredo Barroso, para concluir:
"António Vitorino é o Daniel Proença de Carvalho do PS".
No
PSD, Marcelo, Santana Lopes e a direcção estão agora todos de acordo: anúncios
presidenciais só depois das legislativas. Foi por ter chegado a esta conclusão
que Santana decidiu suspender o seu processo de candidatura à Presidência da
República. Santana Lopes já tinha um dia apontado para anunciar que seria
candidato a Belém: 21 de Março, a data que marca o arranque da Primavera. Mas a
pressão que foi feita aos seus apoiantes - nomeadamente, vários autarcas que
declararam o seu apoio ao provedor da Santa Casa - fizeram Santana recuar.
Segundo fontes próximas de Santana, avançar num timing que a direcção do PSD
considera errado do ponto de vista estratégico poderia prejudicar a sua capacidade
enquanto candidato, mas também os militantes que lhe declarassem o apoio - isto
num momento delicado como são as vésperas das eleições legislativas. Se Santana
avançasse agora, os seus apoiantes teriam de ficar em silêncio ou, em
alternativa, acabariam a pôr em causa a estratégia de Passos.
Sobre
a sua própria candidatura, Marcelo foi mais uma vez vago - embora já tenha
alterado o discurso de "não sou candidato para não dividir a
direita". "Não há decisão nenhuma que nenhum candidato deva sequer
poder tomar antes de Outubro", disse o professor sobre a sua eventual
candidatura. Depois de Marcelo ter considerado que António Vitorino e Santana
Lopes não se enquadram "no perfil tradicional dos candidatos a Presidente
da República, senadores", Judite Sousa perguntou-lhe se ele próprio se
enquadrava no perfil de senador. Marcelo responde: "Eu também não me
revejo nesse perfil". Mas Marcelo empenhou-se em desmentir a afirmação de
Marques Mendes de que agora tem uma "auto-estrada" para a Presidência
da República: "Na direita não há auto-estradas. A direita vai percorrer um
caminho difícil, nas legislativas e nas presidenciais. A auto-estrada significa
uma facilidade que não existe. A existirem auto-estradas será mais para um
candidato de esquerda".
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