segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Portugal: SER OU NÃO SER PASOK



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

A capacidade de resiliência do PS é invejável. Considerando apenas a sucessão de casos de corrupção a que altos dirigentes do partido estão associados, em qualquer outro país isso levaria à desfragmentação do partido e à sua condenação eleitoral. Ao invés, nos estudos de opinião, mantém-se estável como a força política mais votada.

Contudo, a realidade grega poderá ser o seu maior problema - se não acontecer uma tragédia e a economia grega colapsar no decorrer dos próximos meses ficando dependente do BCE onde, entre outros, o ex-secretário geral do PS Vítor Constâncio tudo faz para dobrar a espinha ao governo grego.

Até hoje, a estratégia dos socialistas baseava-se na ideia de que qualquer iniciativa fora do arco da austeridade era impossível, procurando distinguir-se do PSD por adoptar as mesmas premissas de uma forma mais sensível. A ideia tem vingado mas só resulta se tudo o que estiver fora do colete de forças da troika não entrar na discussão política, condenado ao degredo da "impossibilidade", "radicalismo" ou "demagogia". Ora o governo grego está a demonstrar que é possível fazer política além da austeridade tomando medidas ditas "impossíveis" como o aumento do salário mínimo, a travagem das privatizações ou a renegociação da dívida.

Sendo que o PS não romperá com a troika - leiam-se as mais recentes intervenções públicas de António Costa, do presidenciável Vitorino ou do líder da UGT Carlos Silva - e que será difícil desconversar até às eleições, não lhe resta muito mais do que repetir o discurso do PASOK, dizendo não ser PASOK, esperando que o voto contra a austeridade se congregue no Livre/Tempo de Avançar com quem já vive em união de facto.

Escreve à segunda-feira

Sem comentários:

Mais lidas da semana