Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
A
capacidade de resiliência do PS é invejável. Considerando apenas a sucessão de
casos de corrupção a que altos dirigentes do partido estão associados, em
qualquer outro país isso levaria à desfragmentação do partido e à sua
condenação eleitoral. Ao invés, nos estudos de opinião, mantém-se estável como
a força política mais votada.
Contudo,
a realidade grega poderá ser o seu maior problema - se não acontecer uma
tragédia e a economia grega colapsar no decorrer dos próximos meses ficando
dependente do BCE onde, entre outros, o ex-secretário geral do PS Vítor
Constâncio tudo faz para dobrar a espinha ao governo grego.
Até
hoje, a estratégia dos socialistas baseava-se na ideia de que qualquer
iniciativa fora do arco da austeridade era impossível, procurando distinguir-se
do PSD por adoptar as mesmas premissas de uma forma mais sensível. A ideia tem
vingado mas só resulta se tudo o que estiver fora do colete de forças da troika
não entrar na discussão política, condenado ao degredo da "impossibilidade",
"radicalismo" ou "demagogia". Ora o governo grego está a
demonstrar que é possível fazer política além da austeridade tomando medidas
ditas "impossíveis" como o aumento do salário mínimo, a travagem das
privatizações ou a renegociação da dívida.
Sendo
que o PS não romperá com a troika - leiam-se as mais recentes intervenções
públicas de António Costa, do presidenciável Vitorino ou do líder da UGT Carlos
Silva - e que será difícil desconversar até às eleições, não lhe resta muito
mais do que repetir o discurso do PASOK, dizendo não ser PASOK, esperando que o
voto contra a austeridade se congregue no Livre/Tempo de Avançar com quem já
vive em união de facto.
Escreve
à segunda-feira
Sem comentários:
Enviar um comentário