quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Portugal – Hepatite C: “NÃO ME DEIXE MORRER, EU QUERO VIVER” – diz doente ao ministro


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

"Não me deixe morrer, eu quero viver", diz doente com hepatite C a Paulo Macedo

O Ministro da Saúde admitiu hoje no Parlamento que é preciso alargar a toma dos novos medicamentos para a hepatite C a doentes que não estejam considerados em risco de vida. Declarações na comissão de saúde à qual assistiam alguns doentes e familiares e que acabou interrompida pelos protestos de um dos presentes.
(em Youtube)

Foi um apelo lancinante dirigido ao ministro da Saúde, apelidado de Doutor Morte. Ministro de um governo com muitos mais Doutores Morte. Incomodou a indiferença do ministro com aquele semblante constante e inexpressivo, a fazer lembrar um buldogue do piorio a quem basta gritar “mata-mata” que ele morde e estraçalha até o mandarem parar. Mesmo assim só obedece à voz do dono. O vídeo que testemunha a semelhança está em cima e ao dispor se o virmos com olhos de ver. Com olhos daqueles que estão condenados a morrer com Hepatite C perante a indiferença e as lengas-lengas hipócritas do governo de Cavaco-Passos-Portas.

Prevê-se um assassínio massivo se realmente nada for feito para derrubar o muro que separa os doentes com Hepatite C da posição do governo em não lhes facultar o devido tratamento que os traga à vida sem temores de em breve morrerem. Em Portugal existem cerca de 100 mil infetados com Hepatite C. Destes, quantos milhares irão falecer ou, melhor dizendo, irão ser assassinados pelas políticas economicistas de criminosos morais que têm a espada de Damocles sobre os tais 100 mil – mas principalmente dos doentes em desesperantes circunstâncias terminais. Quantos são esses doentes? Sem números precisos podemos dizer que são muitos porque dois já seriam demais. A vida não tem preço. E compete a um governo cumprir com zelo pela saúde dos seus cidadãos e eleitores. Constitucionalmente todos temos direito à saúde. Se o governo não observa esta norma constitucional compete aos deputados da Assembleia da República (todos) chamarem à responsabilidade o governo. Compete também ao presidente da República fazer o mesmo. Cavaco Silva bem podia deixar de estar em Belém encolhido a um canto nos temores de que os seus cambalachos (a existirem) sejam divulgados preto no branco por um banqueiro furibundo. Mais importante que isso são as mortes que a Hepatite C está a causar aos portugueses perante a indiferença e hipocrisia do seu primeiro-ministro de eleição e conluio. Até porque politicamente Cavaco Silva já é cadáver, com ou sem cambalachos. O mais que pode acontecer é ir encostar-se a uma barra de tribunal como já aconteceu a alguns dos seus correligionários e amigos. E isso não mata ninguém. É evidente que isto seria o pior dos cenários mas trata-se de pura ficção para demonstrar que pior que tudo é termos uma doença cujo tratamento existe e nos mantém na vida mas pelo que o governo português faz, ou não faz, a morte é certa porque o tratamento é muito dispendioso e estão a negociar com o laboratório há imenso tempo, sem resultados práticos. Não é?

Dito isto referencio aqui um caso de um amigo com Hepatite C que na Alemanha recebe o devido tratamento gratuitamente, podendo desse modo prolongar a sua esperança de vida com qualidade. Quanto custa o medicamento correspondente ao tratamento? Pois, a módica quantia de 23 mil euros cada embalagem de Harvoni. O tratamento é composto por duas embalagens, 46 mil euros no total. É que existem políticos, governos e países que cumprem as suas obrigações e suas Constituições. Não é o caso de Portugal nem de muitos dos políticos portugueses que têm sempre alguma na manga para tirarem vantagens retirando-as aos seus concidadãos.

Para o tratamento, em Portugal, não há verbas. Economicamente não é possível, dizem. Contudo é possível a Presidência da República ter um orçamento e gastos superiores ao rei de Espanha e de muitos outros países. É possível sustentar políticos que desempenharam cargos e arrecadam benesses e mais benesses financeiras pelo resto da sua vida. É possível sustentar as vidas de demasiados que já no desempenho dos cargos enriqueceram como que por milagre… E etc. Para isso já existe viabilidade económica. Para salvar vidas de portugueses não. 

Está em curso um assassinato massivo. A impunidade do costume é certa.

Depois de Escrito

O doente que protagonizou o vídeo acima, José Carlos Saldanha, foi hoje agradavelmente surpreendido com a notícia de que vai ter o medicamento "milagroso" à disposição, para assim dar inicio ao tratamento. (Ver barra lateral em A FRASE)

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