Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
"Não
me deixe morrer, eu quero viver", diz doente com hepatite C a Paulo Macedo
O Ministro da Saúde admitiu hoje no Parlamento que é preciso alargar a toma dos novos medicamentos para a hepatite C a doentes que não estejam considerados em risco de vida. Declarações na comissão de saúde à qual assistiam alguns doentes e familiares e que acabou interrompida pelos protestos de um dos presentes. (em Youtube)
Foi
um apelo lancinante dirigido ao ministro da Saúde, apelidado de Doutor Morte. Ministro
de um governo com muitos mais Doutores Morte. Incomodou a indiferença do
ministro com aquele semblante constante e inexpressivo, a fazer lembrar um
buldogue do piorio a quem basta gritar “mata-mata” que ele morde e estraçalha
até o mandarem parar. Mesmo assim só obedece à voz do dono. O vídeo que
testemunha a semelhança está em cima e ao dispor se o virmos com olhos de ver. Com
olhos daqueles que estão condenados a morrer com Hepatite C perante a
indiferença e as lengas-lengas hipócritas do governo de Cavaco-Passos-Portas.
Prevê-se
um assassínio massivo se realmente nada for feito para derrubar o muro que
separa os doentes com Hepatite C da posição do governo em não lhes facultar o
devido tratamento que os traga à vida sem temores de em breve morrerem. Em
Portugal existem cerca de 100 mil infetados com Hepatite C. Destes, quantos
milhares irão falecer ou, melhor dizendo, irão ser assassinados pelas políticas
economicistas de criminosos morais que têm a espada de Damocles sobre os tais
100 mil – mas principalmente dos doentes em desesperantes circunstâncias
terminais. Quantos são esses doentes? Sem números precisos podemos dizer que são
muitos porque dois já seriam demais. A vida não tem preço. E compete a um
governo cumprir com zelo pela saúde dos seus cidadãos e eleitores. Constitucionalmente
todos temos direito à saúde. Se o governo não observa esta norma constitucional
compete aos deputados da Assembleia da República (todos) chamarem à
responsabilidade o governo. Compete também ao presidente da República fazer o
mesmo. Cavaco Silva bem podia deixar de estar em Belém encolhido a um canto nos
temores de que os seus cambalachos (a existirem) sejam divulgados preto no
branco por um banqueiro furibundo. Mais importante que isso são as mortes que a
Hepatite C está a causar aos portugueses perante a indiferença e hipocrisia do
seu primeiro-ministro de eleição e conluio. Até porque politicamente Cavaco
Silva já é cadáver, com ou sem cambalachos. O mais que pode acontecer é ir
encostar-se a uma barra de tribunal como já aconteceu a alguns dos seus correligionários
e amigos. E isso não mata ninguém. É evidente que isto seria o pior dos cenários
mas trata-se de pura ficção para demonstrar que pior que tudo é termos uma
doença cujo tratamento existe e nos mantém na vida mas pelo que o governo
português faz, ou não faz, a morte é certa porque o tratamento é muito
dispendioso e estão a negociar com o laboratório há imenso tempo, sem
resultados práticos. Não é?
Dito
isto referencio aqui um caso de um amigo com Hepatite C que na Alemanha recebe
o devido tratamento gratuitamente, podendo desse modo prolongar a sua esperança
de vida com qualidade. Quanto custa o medicamento correspondente ao tratamento?
Pois, a módica quantia de 23 mil euros cada embalagem de Harvoni. O tratamento é
composto por duas embalagens, 46 mil euros no total. É que existem políticos,
governos e países que cumprem as suas obrigações e suas Constituições. Não é o
caso de Portugal nem de muitos dos políticos portugueses que têm sempre alguma
na manga para tirarem vantagens retirando-as aos seus concidadãos.
Para
o tratamento, em Portugal, não há verbas. Economicamente não é possível, dizem.
Contudo é possível a Presidência da República ter um orçamento e gastos
superiores ao rei de Espanha e de muitos outros países. É possível sustentar
políticos que desempenharam cargos e arrecadam benesses e mais benesses
financeiras pelo resto da sua vida. É possível sustentar as vidas de demasiados
que já no desempenho dos cargos enriqueceram como que por milagre… E etc. Para
isso já existe viabilidade económica. Para salvar vidas de portugueses não.
Está
em curso um assassinato massivo. A impunidade do costume é certa.
Depois de Escrito
O doente que protagonizou o vídeo acima, José Carlos Saldanha, foi hoje agradavelmente surpreendido com a notícia de que vai ter o medicamento "milagroso" à disposição, para assim dar inicio ao tratamento. (Ver barra lateral em A FRASE)
Sem comentários:
Enviar um comentário