terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Primeiro-ministro timorense rejeita ideia de que Xanana mantém o controlo do Governo




Díli, 24 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense rejeitou hoje as opiniões de que o seu antecessor, Xanana Gusmão, mantém o controlo sobre o Governo, explicando que o agora ministro, nas reuniões do executivo, só fala quando é solicitado a intervir.

"Considero uma ideia injusta esses comentários sobre a dominância, a influência de Xanana. Temos que reconhecer que ele tem um papel importante nas decisões do Estado, mas respeita o processo governativo", afirmou hoje Rui Maria Araújo, numa entrevista televisiva.

Rui Araújo tomou posse no passado dia 16 de fevereiro, substituindo Xanana Gusmão como primeiro-ministro, que se manteve no Governo com o cargo de ministro do Planeamento e Investimento Estratégico.

"É claro que em assuntos relacionados com segurança, nos grandes temas de desenvolvimento, precisamos de o ouvir. Mas a conotação de que influencia tudo é errada. Os factos não mostram isto", disse Rui Araújo.

"Tem sentido de Estado. E por isso, embora tenha uma estatura política e histórica, na reunião do Conselho de Ministros só falou quando lhe foi perguntado alguma coisa", afirmou.

Rui Maria Araújo foi o convidado da terceira edição do programa de debate "Talk Show Ita Nia Governo", da Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL), gravado no auditório do Arquivo e Museu da Resistência Timorense em Díli e moderado por Rui Viana, da secretaria de Estado da Comunicação Social.

Considerando Xanana Gusmão "insubstituível" tanto pela sua "história na resistência" como pela sua "história na governação", Rui Araújo disse que aceitou o convite para ser primeiro-ministro por um sentido de unidade nacional.

E recordou, neste caso, os paralelismos entre o movimento de unidade nacional liderado por Xanana Gusmão há 30 anos - "que levou 15 anos depois à independência" - e o novo esforço de unidade nacional, que pode levar ao desenvolvimento do país.

O VI Governo, disse, nasce de um reconhecimento de que em Timor-Leste é necessário "mobilizar recursos, independentemente dos partidos, para consolidar a agenda de desenvolvimento".

"Precisamos de talentos de todos para desenvolver o país", afirmou.

Sobre a sua própria carreira, e o percurso de médico para a vida política, Rui Araújo explicou que ocorreu com um reconhecimento de que na agenda da saúde pública se pode beneficiar muito mais pessoas do que como médico.

E insistiu na necessidade de implementar em Timor-Leste conceitos de "medicina social", reconhecendo que a saúde depende de ações médicas e serviços, mas mais de "boas práticas de saúde pública".

Uma agenda, disse, que inclui "o desenvolvimento do país, o ambiente, emprego e economia", entre outras questões gerais de Estado.

ASP // JPS – Foto EPA / António Sampaio

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