Díli,
24 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense rejeitou hoje as opiniões de que
o seu antecessor, Xanana Gusmão, mantém o controlo sobre o Governo, explicando
que o agora ministro, nas reuniões do executivo, só fala quando é solicitado a
intervir.
"Considero
uma ideia injusta esses comentários sobre a dominância, a influência de Xanana.
Temos que reconhecer que ele tem um papel importante nas decisões do Estado,
mas respeita o processo governativo", afirmou hoje Rui Maria Araújo, numa
entrevista televisiva.
Rui
Araújo tomou posse no passado dia 16 de fevereiro, substituindo Xanana Gusmão
como primeiro-ministro, que se manteve no Governo com o cargo de ministro do
Planeamento e Investimento Estratégico.
"É
claro que em assuntos relacionados com segurança, nos grandes temas de
desenvolvimento, precisamos de o ouvir. Mas a conotação de que influencia tudo
é errada. Os factos não mostram isto", disse Rui Araújo.
"Tem
sentido de Estado. E por isso, embora tenha uma estatura política e histórica,
na reunião do Conselho de Ministros só falou quando lhe foi perguntado alguma
coisa", afirmou.
Rui
Maria Araújo foi o convidado da terceira edição do programa de debate
"Talk Show Ita Nia Governo", da Rádio e Televisão de Timor-Leste
(RTTL), gravado no auditório do Arquivo e Museu da Resistência Timorense em
Díli e moderado por Rui Viana, da secretaria de Estado da Comunicação Social.
Considerando
Xanana Gusmão "insubstituível" tanto pela sua "história na
resistência" como pela sua "história na governação", Rui Araújo
disse que aceitou o convite para ser primeiro-ministro por um sentido de
unidade nacional.
E
recordou, neste caso, os paralelismos entre o movimento de unidade nacional
liderado por Xanana Gusmão há 30 anos - "que levou 15 anos depois à
independência" - e o novo esforço de unidade nacional, que pode levar ao
desenvolvimento do país.
O
VI Governo, disse, nasce de um reconhecimento de que em Timor-Leste é
necessário "mobilizar recursos, independentemente dos partidos, para
consolidar a agenda de desenvolvimento".
"Precisamos
de talentos de todos para desenvolver o país", afirmou.
Sobre
a sua própria carreira, e o percurso de médico para a vida política, Rui Araújo
explicou que ocorreu com um reconhecimento de que na agenda da saúde pública se
pode beneficiar muito mais pessoas do que como médico.
E
insistiu na necessidade de implementar em Timor-Leste conceitos de
"medicina social", reconhecendo que a saúde depende de ações médicas
e serviços, mas mais de "boas práticas de saúde pública".
Uma
agenda, disse, que inclui "o desenvolvimento do país, o ambiente, emprego
e economia", entre outras questões gerais de Estado.
ASP
// JPS – Foto EPA / António Sampaio
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