Xanana
Gusmão nunca admitiu responder a perguntas relacionadas com as centenas de
milhões de dólares em contratos de petróleo concedidos ao seu sobrinho Nilton
Gusmão; nem reconheceu os contratos oferecidos aos outros membros da sua
família.
Ted
McDonnell (*)
É muito
provável que Timor-Leste tenha um novo primeiro-ministro dentro dos próximos
dias, se se tiver em conta boatos e especulações. A confirmação virá muito
rapidamente que Xanana Gusmão se demitiu do cargo de primeiro-ministro e será
substituído pelo altamente respeitado e actual dirigente da Fretilin, Rui
Araújo.
Dos
55 ministros no actual governo, um número de ministros-chave demitiu-se ou
foram demitidos, incluindo a controversa ministra das Finanças, Emília Pires,
juntamente com dirigentes do partido CNRT de Xanana Gusmão e membros da
coligação do Partido Democrático e Frente-Mudança.
À
parte o seu novo papel como primeiro-ministro, é mais do que certo que Rui
Araújo irá substituir Emília Pires como ministro das Finanças e nomeie Dionísio
Babo do CNRT e Estanislau Silva da Fretilin como seus vices. É mesmo possível
que Xanana Gusmão continue no novo governo, mas como se diz, como tudo em
Timor-Leste, se for essa a sua vontade. Ele pode ainda querer puxar os
cordelinhos como mestre manipulador de marionetes.
Nas
eleições de 2012 o CNRT ganhou 30 lugares, o Partido Democrático e a FM ficaram
com 10 entre os dois e a Fretilin 25 na Assembleia formada por 65 lugares.
Xanana Gusmão, uma vez ganho o governo, nomeou um incrível número de 55
ministros principais e auxiliares; de seguida comprou-lhes imediatamente novos
Toyotas com tracção às quatro rodas como prémio por fazerem parte do governo.
À
medida que a economia azedava, a pobreza, a má nutrição e o desemprego pioravam
e a corrupção e o nepotismo atingiam novos picos, mesmo para a realidade de
Timor-Leste. Então Xanana Gusmão carregou no botão de alarme. Este foi o seu
“legado”, seja ele um legado fabricado ou não.
Assim,
no início de 2014, Xanana Gusmão anunciou que se iria retirar mais para a
frente nesse ano e que um novo primeiro-ministro do seu partido CNRT iria
assumir o cargo e ser assessorado por um Conselho de Anciãos. Em Agosto do ano
passado, depois da chamada “súplica” por parte dos membros do partido, Xanana
Gusmão não resignou, mas anunciou uma “remodelação” do governo que iria
encolher em tamanho de forma significativa.
Por
volta dessa altura, Xanana Gusmão introduziu leis arcaicas para a informação,
restringindo quem podia ser jornalista em Timor-Leste e criou quase um esquema
de licença para jornalistas estrangeiros, os quais necessitam de uma aprovação
do governo para dar notícias em Timor.
Pouco
depois, despediu conselheiros judiciários estrangeiros, incluindo assessores
para as questões da corrupção. Disse na altura que os juízes estrangeiros foram
despedidos porque eram “incompetentes” depois de o jovem país ter perdido uma
série de casos de impostos sobre o petróleo para companhias estrangeiras. No
entanto, os despedimentos pararam também as investigações sobre corrupção e os
casos em tribunal contra os ministros corruptos do seu governo. Durante todo
este período, ele protegeu alegados membros corruptos do seu governo, incluindo
a controversa e escolhida a dedo Emília Pires.
Assim,
potencialmente, sem eleições, todo o governo de Timor-Leste irá mudar e muito
possivelmente, a não ser que Xanana Gusmão mude de novo de ideias, terá um novo
primeiro-ministro. Quanto ao Conselho de Anciãos incluindo Lu ‘Olo; JRH e
Alkatiri… aparentemente estão sentados no banco de suplentes.
Mas
durante todo este tempo de truques e jogadas políticas de Xanana Gusmão, o que
é que ele fez pelo processo democrático de Timor-Leste com todas estas práticas
desonestas?
O
povo votou no CNRT em 2012 e Xanana Gusmão formou um governo de coligação
democrático. Contudo, agora, conforme a sua vontade, rescreveu o livro das
regras ou deitou-o fora de novo e criou um novo governo.
Em
relação à Constituição parece que o governo pode fazer o que quer, mediante a
sua vontade.
Quanto
à Fretilin, surge politicamente incapaz como oposição e potencial futuro
governo. Quanto a Rui Araújo se tornar o próximo primeiro-ministro e Estanislau
Silva ser um dos seus assessores, quem é que eles irão representar nas eleições
de 2017? O actual governo de coligação ou a Fretilin? Há poucas dúvidas de que
Rui Araújo será um excelente e honesto primeiro-ministro para Timor-Leste, mas
a maioria pensava que ele seria um primeiro-ministro da Fretilin.
Parece
que a judicatura, a liberdade de expressão e o direito dos povos de
determinarem um “novo” governo foram todos expulsos para o mar de Timor.
Entretanto,
Xanana Gusmão tem tantas perguntas para dar resposta!
Xanana
Gusmão nunca admitiu responder a perguntas relacionadas com as centenas de
milhões de dólares em contratos de petróleo concedidos ao seu sobrinho Nilton
Gusmão; nem reconheceu os contratos oferecidos aos outros membros da sua
família. Essas perguntas foram todas varridas para debaixo do pesado tapete de
Gusmão.
Também
permanecem ainda por responder perguntas sobre o assassinato de 11 comandantes
das Falintil em 1985: o assassinato de Alfredo Reinaldo em 2008 e a tentativa
de assassinato de José Ramos Horta também em 2008. Gusmão pode bem ter a chave
de todos estes mistérios em Timor Leste. Pode literalmente saber onde estão
sepultados os seus corpos.
Quanto
às eleições de 2017, o que fez Xanana Gusmão à solidariedade da Fretilin e das
suas perspetivas nas urnas? Será que foram de novo sugadas por esta manhosa
velha raposa?
In
http://www.tedmcdonnell.com/blog
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