quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

XANANA GUSMÃO: QUERO POSSO E MANDO




Xanana Gusmão nunca admitiu responder a perguntas relacionadas com as centenas de milhões de dólares em contratos de petróleo concedidos ao seu sobrinho Nilton Gusmão; nem reconheceu os contratos oferecidos aos outros membros da sua família.

Ted McDonnell (*)

É muito provável que Timor-Leste tenha um novo primeiro-ministro dentro dos próximos dias, se se tiver em conta boatos e especulações. A confirmação virá muito rapidamente que Xanana Gusmão se demitiu do cargo de primeiro-ministro e será substituído pelo altamente respeitado e actual dirigente da Fretilin, Rui Araújo.

Dos 55 ministros no actual governo, um número de ministros-chave demitiu-se ou foram demitidos, incluindo a controversa ministra das Finanças, Emília Pires, juntamente com dirigentes do partido CNRT de Xanana Gusmão e membros da coligação do Partido Democrático e Frente-Mudança.

À parte o seu novo papel como primeiro-ministro, é mais do que certo que Rui Araújo irá substituir Emília Pires como ministro das Finanças e nomeie Dionísio Babo do CNRT e Estanislau Silva da Fretilin como seus vices. É mesmo possível que Xanana Gusmão continue no novo governo, mas como se diz, como tudo em Timor-Leste, se for essa a sua vontade. Ele pode ainda querer puxar os cordelinhos como mestre manipulador de marionetes.

Nas eleições de 2012 o CNRT ganhou 30 lugares, o Partido Democrático e a FM ficaram com 10 entre os dois e a Fretilin 25 na Assembleia formada por 65 lugares. Xanana Gusmão, uma vez ganho o governo, nomeou um incrível número de 55 ministros principais e auxiliares; de seguida comprou-lhes imediatamente novos Toyotas com tracção às quatro rodas como prémio por fazerem parte do governo.

À medida que a economia azedava, a pobreza, a má nutrição e o desemprego pioravam e a corrupção e o nepotismo atingiam novos picos, mesmo para a realidade de Timor-Leste. Então Xanana Gusmão carregou no botão de alarme. Este foi o seu “legado”, seja ele um legado fabricado ou não.

Assim, no início de 2014, Xanana Gusmão anunciou que se iria retirar mais para a frente nesse ano e que um novo primeiro-ministro do seu partido CNRT iria assumir o cargo e ser assessorado por um Conselho de Anciãos. Em Agosto do ano passado, depois da chamada “súplica” por parte dos membros do partido, Xanana Gusmão não resignou, mas anunciou uma “remodelação” do governo que iria encolher em tamanho de forma significativa.

Por volta dessa altura, Xanana Gusmão introduziu leis arcaicas para a informação, restringindo quem podia ser jornalista em Timor-Leste e criou quase um esquema de licença para jornalistas estrangeiros, os quais necessitam de uma aprovação do governo para dar notícias em Timor.

Pouco depois, despediu conselheiros judiciários estrangeiros, incluindo assessores para as questões da corrupção. Disse na altura que os juízes estrangeiros foram despedidos porque eram “incompetentes” depois de o jovem país ter perdido uma série de casos de impostos sobre o petróleo para companhias estrangeiras. No entanto, os despedimentos pararam também as investigações sobre corrupção e os casos em tribunal contra os ministros corruptos do seu governo. Durante todo este período, ele protegeu alegados membros corruptos do seu governo, incluindo a controversa e escolhida a dedo Emília Pires.

Assim, potencialmente, sem eleições, todo o governo de Timor-Leste irá mudar e muito possivelmente, a não ser que Xanana Gusmão mude de novo de ideias, terá um novo primeiro-ministro. Quanto ao Conselho de Anciãos incluindo Lu ‘Olo; JRH e Alkatiri… aparentemente estão sentados no banco de suplentes.

Mas durante todo este tempo de truques e jogadas políticas de Xanana Gusmão, o que é que ele fez pelo processo democrático de Timor-Leste com todas estas práticas desonestas?

O povo votou no CNRT em 2012 e Xanana Gusmão formou um governo de coligação democrático. Contudo, agora, conforme a sua vontade, rescreveu o livro das regras ou deitou-o fora de novo e criou um novo governo.

Em relação à Constituição parece que o governo pode fazer o que quer, mediante a sua vontade.

Quanto à Fretilin, surge politicamente incapaz como oposição e potencial futuro governo. Quanto a Rui Araújo se tornar o próximo primeiro-ministro e Estanislau Silva ser um dos seus assessores, quem é que eles irão representar nas eleições de 2017? O actual governo de coligação ou a Fretilin? Há poucas dúvidas de que Rui Araújo será um excelente e honesto primeiro-ministro para Timor-Leste, mas a maioria pensava que ele seria um primeiro-ministro da Fretilin.

Parece que a judicatura, a liberdade de expressão e o direito dos povos de determinarem um “novo” governo foram todos expulsos para o mar de Timor.

Entretanto, Xanana Gusmão tem tantas perguntas para dar resposta!

Xanana Gusmão nunca admitiu responder a perguntas relacionadas com as centenas de milhões de dólares em contratos de petróleo concedidos ao seu sobrinho Nilton Gusmão; nem reconheceu os contratos oferecidos aos outros membros da sua família. Essas perguntas foram todas varridas para debaixo do pesado tapete de Gusmão.

Também permanecem ainda por responder perguntas sobre o assassinato de 11 comandantes das Falintil em 1985: o assassinato de Alfredo Reinaldo em 2008 e a tentativa de assassinato de José Ramos Horta também em 2008. Gusmão pode bem ter a chave de todos estes mistérios em Timor Leste. Pode literalmente saber onde estão sepultados os seus corpos.

Quanto às eleições de 2017, o que fez Xanana Gusmão à solidariedade da Fretilin e das suas perspetivas nas urnas? Será que foram de novo sugadas por esta manhosa velha raposa?

In http://www.tedmcdonnell.com/blog


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