quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

BRASIL TERÁ EM ABRIL PRIMEIRA VISITA DE EKWIKWI, SOBERANO BANTU




Itapecerica da Serra/SP – Armindo Francisco Kalupeteka (Ekwikwi V), soberano do Reino do Bailundo, desde abril de 2012, será o primeiro soberano dos povos de origem bantu a visitar o Brasil, em abril deste ano. O soberano bantu chega dia 04 de abril a S. Paulo.

Para preparar a visita, o jornalista e sacerdote, coordenador nacional do Instituto Latino Americano de Estudos Tradicionais Bantu (ILABANTU), e dirigente do Nzo Tumbansi, terreiro de candombolé de matriz congo-angola (bantu), Walmir Damasceno, embarca para Angola nos próximos dias. Ele será recebido em cerimônia tradicional na Ombala Mbalundo, o Palácio real, no dia 19 de fevereiro.

Damasceno destaca que “esta será a primeira vez que um Rei Tradicional Bantu pisa em solo brasileiro após a escravidão”. “Já tivemos a visita de soberanos ao Brasil das civilizações Yorubá (Nigéria), e Jêje (Ewé-Fon, Benin), mas nunca a história registrou a vinda de soberanos dos povos Bantu”, enfatiza.

Onde é

O Reino do Bailundo está localizado na província do Huambo, a 460 Km de Luanda, Angola, e foi fundado em 1.700 por Katyavala. A história registra o apogeu desse Reino durante o reinado de Ekwikwi II, de 1.876 a 1.890. Foi fundado pelo Rei Katyavala I.

“Antes do século XVII, o reinado manteve-se à margen do domínio colonial. Só por volta de 1.770/71 é que Portugal se instalou no Reino do Bailundo, com a presença de um juiz. Em 1.885 a colônia portuguesa já estava representada no reino por um capitão-mor”, explica Damasceno.

O dirigente e sacerdote brasileiro conta que o soberano bantu Ekwikwi V tem 40 anos é casado e pai de sete filhos. “Ele é o mais novo de todos os reis escolhidos em toda a história do reino e goza de popularidade na corte e na região do Bailundo, local habitado pelo povo Ovimbundu, no Planalto central da República de Angola", acrescenta. Ekwikwi V também trabalhou como comerciante, é professor e também estuda Ciências Sociais.

Pela constituição angolana esses reinos, explica Damasceno, tem reconhecimento jurídico e político, e atribuições em sua jurisdição, em casos como conflitos de terras, crimes de abusos sexuais, entre outros.

Visita oficial

Para preparar a visita, Damasceno esteve reunido com autoridades do Departamento de Relações Exteriores do Itamaraty, como Lívia Sobota, o diretor do Departamento da África, ministro Nedilson Jorge, e com o diretor de Assuntos Internacionais do Ministério da Cultura (MinC), Antonio Alves Júnior, além do secretário executivo da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da Presidência da República, Giovanni Harvey.

Segundo Damasceno, nas conversas que manteve por telefone, Armindo Francisco Kalupeteca, se disse feliz em estreitar e fortalecer as relações Angola/Brasil e que aguarda com ansiedade a chegada do sacerdote e jornalista brasileiro.

S. Paulo

A programação da visita do soberano bantu começa por S. Paulo, onde será recepcionado pela comunidade bantu paulista. Estão previstas também visitas as cidades de Brasília, Salvador, Ilhéus, Itabuna e Ipiaú (sul da Bahia), Belo Horizonte, Recife, e à Serra da Barriga, em Alagoas, onde se localizou o Quilombo dos Palmares.

Na comitiva, segundo Damasceno, estará entre outros auxiliares, um curandeiro (kimbanda), que pratica a medicina tradicional. A quimbanda na tradição cultural bantu, acrescenta Damasceno, reúne um conjunto de poderes. “É, simultaneamente, advinho, curandeiro e feiticeiro e, geralmente acompanha a família real em viagens oficiais dentro e fora do território angolano”, explica.

Afropress


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