Itapecerica
da Serra/SP – Armindo Francisco Kalupeteka (Ekwikwi V), soberano do Reino
do Bailundo, desde abril de 2012, será o primeiro soberano dos povos de origem
bantu a visitar o Brasil, em abril deste ano. O soberano bantu chega dia 04 de
abril a S. Paulo.
Para
preparar a visita, o jornalista e sacerdote, coordenador nacional do Instituto
Latino Americano de Estudos Tradicionais Bantu (ILABANTU), e dirigente do Nzo
Tumbansi, terreiro de candombolé de matriz congo-angola (bantu), Walmir
Damasceno, embarca para Angola nos próximos dias. Ele será recebido em
cerimônia tradicional na Ombala Mbalundo, o Palácio real, no dia 19 de
fevereiro.
Damasceno
destaca que “esta será a primeira vez que um Rei Tradicional Bantu pisa em solo
brasileiro após a escravidão”. “Já tivemos a visita de soberanos ao Brasil das
civilizações Yorubá (Nigéria), e Jêje (Ewé-Fon, Benin), mas nunca a história
registrou a vinda de soberanos dos povos Bantu”, enfatiza.
Onde
é
O
Reino do Bailundo está localizado na província do Huambo, a 460 Km de Luanda,
Angola, e foi fundado em 1.700 por Katyavala. A história registra o apogeu
desse Reino durante o reinado de Ekwikwi II, de 1.876 a 1.890. Foi fundado pelo
Rei Katyavala I.
“Antes
do século XVII, o reinado manteve-se à margen do domínio colonial. Só por volta
de 1.770/71 é que Portugal se instalou no Reino do Bailundo, com a presença de
um juiz. Em 1.885 a colônia portuguesa já estava representada no reino por um
capitão-mor”, explica Damasceno.
O
dirigente e sacerdote brasileiro conta que o soberano bantu Ekwikwi V tem 40
anos é casado e pai de sete filhos. “Ele é o mais novo de todos os reis
escolhidos em toda a história do reino e goza de popularidade na corte e na
região do Bailundo, local habitado pelo povo Ovimbundu, no Planalto central da
República de Angola", acrescenta. Ekwikwi V também trabalhou como
comerciante, é professor e também estuda Ciências Sociais.
Pela
constituição angolana esses reinos, explica Damasceno, tem reconhecimento
jurídico e político, e atribuições em sua jurisdição, em casos como conflitos
de terras, crimes de abusos sexuais, entre outros.
Visita
oficial
Para
preparar a visita, Damasceno esteve reunido com autoridades do Departamento de
Relações Exteriores do Itamaraty, como Lívia Sobota, o diretor do Departamento
da África, ministro Nedilson Jorge, e com o diretor de Assuntos Internacionais
do Ministério da Cultura (MinC), Antonio Alves Júnior, além do secretário
executivo da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR), da Presidência da República, Giovanni Harvey.
Segundo
Damasceno, nas conversas que manteve por telefone, Armindo Francisco
Kalupeteca, se disse feliz em estreitar e fortalecer as relações Angola/Brasil e
que aguarda com ansiedade a chegada do sacerdote e jornalista brasileiro.
S.
Paulo
A
programação da visita do soberano bantu começa por S. Paulo, onde será
recepcionado pela comunidade bantu paulista. Estão previstas também visitas as
cidades de Brasília, Salvador, Ilhéus, Itabuna e Ipiaú (sul da Bahia), Belo
Horizonte, Recife, e à Serra da Barriga, em Alagoas, onde se localizou o
Quilombo dos Palmares.
Na
comitiva, segundo Damasceno, estará entre outros auxiliares, um curandeiro
(kimbanda), que pratica a medicina tradicional. A quimbanda na tradição
cultural bantu, acrescenta Damasceno, reúne um conjunto de poderes. “É,
simultaneamente, advinho, curandeiro e feiticeiro e, geralmente acompanha a
família real em viagens oficiais dentro e fora do território angolano”,
explica.
Afropress
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