Díli,
09 mar (Lusa) - O ataque de domingo contra a esquadra da localidade timorense
de Baguia, que feriu quatro agentes policiais, foi um crime "contra o
Estado e a ordem constitucional" que não vai ser tolerado, disse hoje o
ministro do Interior.
"Não
vamos permitir isto. A decisão está tomada. Não aceitamos que se continue a
praticar estes crimes contra o Estado, contra as autoridades do Estado, contra
a ordem constitucional e não há mais negociações", disse aos jornalistas
Longuinho Monteiro.
"O
Estado condena estas ações e vai colocar no terreno os meios para responder.
Não aceitamos qualquer justificação para este tipo de crime", considerou.
O
ministro falava aos jornalistas depois de participar com o ministro da Defesa,
Cirilo Cristóvão, num encontro de mais de uma hora com o Presidente da
República, Taur Matan Ruak, na sequência do ataque levado a cabo no domingo na
localidade a 40 quilómetros sudeste de Baucau, a segunda cidade timorense.
Recorde-se
que quatro agentes policiais, entre eles três elementos do Corpo de Segurança
Pessoal do presidente do Parlamento Nacional, Vicente da Silva Guterres, foram
feridos no ataque que ocorreu na madrugada de domingo.
Operações
desencadeadas na zona de imediato por efetivos policiais de Díli e Baucau
levaram já à captura de três pessoas, segundo disse à Lusa fonte da policia
timorense (PNTL).
Além
dos responsáveis do Interior e da Segurança o chefe de Estado timorense recebe
ainda hoje o presidente do Parlamento - são ambos naturais da zona de Baguia -
e, posteriormente, o chefe de Governo, Rui Araújo.
"O
senhor presidente convocou-me e ao ministro da Defesa para um briefing sobre a
situação em Baguia e os incidentes de ontem. E para ouvir a nossa opinião sobre
as medidas que vamos implementar em resposta", explicou Longuinhos
Monteiro.
"O
Presidente da República está preocupado com a situação e pede à comunidade para
apoiar as forças de segurança que se vão manter firmes em defesa do interesse
do Estado, contra práticas deste tipo", afirmou.
Monteiro
garantiu que, mais uma vez, foram "crimes perpetrados pelo grupo de Mauk
Moruk", um ex-guerrilheiro timorense, que é "responsável repetente
deste tipo de ações".
Questionado
sobre se considera que o ataque visou diretamente o presidente do Parlamento
Longuinhos Monteiro disse que "não", que se tratou de um "crime
contra o Estado" mas que "não tem nada a ver com a pessoa do
presidente do parlamento".
Já
no domingo Vicente da Silva Guterres tinha dito à agência Lusa que o
"ataque coordenado" não o visava diretamente, apesar de ter ferido
três dos seus seguranças.
Recorde-se
que em janeiro dois agentes da Polícia Nacional foram feitos reféns depois de
confrontos no subdistrito de Laga, a 20 quilómetros noroeste de Baguia, durante
os quais foram feridos dois outros agentes.
Em
dezembro o Tribunal de Díli tinha ordenado a libertação de Mauk Moruk e a de
outro antigo comandante timorense, José Santos Lemos (Labarik), detidos
preventivamente em março, por alegada tentativa de instabilidade.
Os
homens foram detidos pela polícia timorense em cumprimento de uma resolução do
parlamento aprovada também em março que condenava o que classificou como
tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de
Revolução Maubere e pelo Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste
(CPD-RDTL).
Todos
os envolvidos naquele processo, cerca de 20 pessoas, continuam sob termo de
identidade e residência até ser concluída a investigação do Ministério Público.
ASP
// FV
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