Graça
Machel, antiga primeira-dama de Moçambique, apelou à unidade africana no
serviço fúnebre de Emmanuel Sithole (Manuel Jossias de seu nome verdadeiro), um
dos cidadãos moçambicanos vítimas da violência xenófoba no país vizinho. Graça
Machel apelidou o brutal assassinato do moçambicano de “um símbolo do que não
deve acontecer novamente”.
Pelo
menos sete pessoas morreram na sequência de ataques a estrangeiros e suas
propriedades iniciados há duas semanas, na África do Sul.
Num
discurso emocionado em Joanesburgo, Graça Machel, que foi também primeira-dama
da África do Sul, disse que a violência recente deve ser “uma chamada de
atenção” para toda a região da África Austral.
O
serviço fúnebre, que marcou o início da transladação do corpo para Moçambique,
teve lugar no emblemático município de Alexandra, onde Emmanuel Sithole foi
morto por quatro homens.
Por
entre aplausos da multidão presente no acto, Graça Machel promoveu a aceitação
de todas as nacionalidades.
“Eu
sou sul-africana. Eu sou moçambicana. Eu sou zambiana. Eu sou zimbabweana”,
disse ela, acrescentando que “a migração está no nosso sangue. As fronteiras
foram criadas pelos colonizadores. Elas não significam nada para nós, porque
nós somos um”.
Graça
descreveu a recente onda de violência como uma “expressão de ódio pelo próprio
que foi inculcada pelo sistema de apartheid”.
A
activista moçambicana dos direitos humanos enfatizou que ataques semelhantes
aconteceriam de novo, a menos que os países da região sejam capazes de
providenciar melhores oportunidades económicas aos seus povos.
Após
o seu discurso, a ex-primeira-dama ficou “banhada” de lágrimas, segundo o
correspondente da BBC no local.
Emmanuel
Sithole foi agredido e esfaqueado no município de Alexandra, arredores de
Joanesburgo, no dia 18 de Abril.
O
seu assassinato, registado por um fotojornalista, chocou a nação e o mundo e
causou indignação global.
Inicialmente,
ele foi identificado pela imprensa como Emmanuel Sithole, mas o Presidente
Sul-africano, Jacob Zuma, desde então, revelou o seu nome verdadeiro como sendo
Manuel Jossias.
Quatro
suspeitos compareceram perante o tribunal na semana passada acusados do
assassinato do moçambicano. A audiência do caso foi adiada para 4 de Maio.
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(mz)
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descontentamento face à demora no pagamento da indemnização por parte das
entidades do Governo do país vizinho.
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