Documento
lançado pelo órgão se baseia numa revisão abrangente e na síntese de dados
nacionais
A
mortalidade infantil permanece elevada em Angola, treze anos após o fim da
guerra civil, indica um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) que sublinha as grandes disparidades nos resultados da Saúde entre a
população.
Em
causa está o relatório de análise da Situação das Crianças e Mulheres, que se
baseia numa revisão abrangente e na síntese de dados sobre inquéritos
familiares nacionais, sistemas de informação de rotina específicos aos
sectores, programas do governo e de Organizações Não-Governamentais,
apresentado ontem em Luanda.
O
documento sublinha os progressos registados por Angola, desde o fim da guerra,
na “melhoria das hipóteses de sobrevivência das crianças”, entretanto, mas
também salienta que “um número elevado de crianças continua a morrer antes de
completar os cinco anos”.
Os
mais recentes inquéritos nacionais fiáveis com dados referentes à mortalidade
infantil e em menores de cinco anos são o Inquérito de Indicadores Múltiplos
(MICS), de 2001, e o Inquérito de Bem-Estar da População (IBEP), de 2008-2009,
que a Unicef teve como referência.
O
MICS estimou a mortalidade infantil e em menores de cinco anos em 250 e 150 óbitos
por mil nados vivos, respectivamente, enquanto o IBEP estimou em 194 e 116
óbitos por mil nados vivos.
Em
2013, o Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre a
Mortalidade Infantil (UN-IGME), utilizando dados existentes para modelar a
mortalidade infantil em Angola, estimou os óbitos dos menores de cinco anos em
167, das mortes infantis em 102 e a mortalidade neonatal em 42 óbitos por mil
nados vivos.
A
malária, a diarreia, as infecções respiratórias agudas e o sarampo constituem a
maioria esmagadora das causas de morte de crianças, realçando que “embora o
governo promova abordagens integradas da prestação de serviços de saúde, estas
não foram aplicadas na prática”.
A
oferta na saúde continua a enfrentar “grandes desafios” para colocar em prática
os cuidados de saúde primários, que são prioridade no Plano Nacional de
Desenvolvimento Sanitário (PNDS).
O
relatório salienta que o Serviço Nacional de Saúde enfrenta uma grave escassez
de pessoal qualificado e do total de 2.356 unidades sanitárias, mais de um
quinto não está a funcionar e mais de metade não tem fornecimento de energia.
De
acordo com o relatório, a execução do PNDS exige um grande aumento no
financiamento ao sector da saúde, o qual ter vindo a receber uma parte cada vez
menor do Orçamento Geral do Estado nos últimos anos.
“Em
2014, o sector da saúde recebeu 5 por cento da despesa orçamentada do governo
(excluindo o serviço da dívida), apenas um terço da meta de 15 por cento
definida pelos governos africanos na Declaração de Abuja em 2001″, refere a
Unicef.
No
capítulo da sobrevivência e saúde da criança, foi também analisada a
malnutrição, o VIH/SIDA em crianças, água, saneamento básico e higiene.
Lusa,
em Rede Angola
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