O
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, criticou hoje a forma como o líder
do parlamento do país, Cipriano Cassamá, pediu desculpa ao povo angolano, a
propósito do golpe militar que aconteceu em Bissau em 2012.
"Não
é aceitável que alguém, ainda que titular de órgão de soberania, decida
pronunciar-se em nome de todas as autoridades guineenses, dos partidos
políticos ou do povo, sem mandato para o efeito e sem consulta ou articulação
prévia com os órgãos normalmente competentes para tal", observou José
Mário Vaz.
À
saída de uma audiência com o presidente do Parlamento de Angola, no âmbito de
uma visita oficial àquele país em 01 de junho, Cipriano Cassamá disse aos
jornalistas ter pedido "desculpa em nome do povo guineense".
"Em
nome do povo da Guiné-Bissau, dos partidos políticos com e sem assento
parlamentar e demais autoridades, pedi desculpas ao povo angolano pelos
acontecimentos vergonhosos e tristes ocorridos no meu país, a 12 de abril de
2012", referiu Cassamá, citado pela imprensa angolana.
O
líder do Parlamento guineense referia-se à retirada forçada dos efetivos
militares e da polícia que estavam em Bissau integrados na Missão Militar
Angolana (Missang).
Dirigindo-se
aos 13 membros do Conselho de Estado (órgão consultivo do Presidente da
República), que hoje tomaram posse, José Mário Vaz disse ser inaceitável aquele
tipo de pronunciamento - sem nunca referir ao nome de Cipriano Cassamá, que
também estava presente na cerimónia.
Para
o Presidente guineense "não está em causa" o que o líder do
Parlamento disse, mas sim a sua legitimidade para o fazer.
"Há
que haver maiores responsabilidades, há que haver um esforço de contenção do
impulso mediático da vontade de aparecer", defendeu José Mário Vaz,
pedindo reserva e discrição na conduta pública dos titulares de órgãos de
soberania.
"Este
estado de coisas não ajuda aos esforços conjuntos de reabilitação da imagem das
nossas instituições da República sobre as quais, oportunamente, este conselho
será chamado a pronunciar-se", disse ainda o Presidente guineense.
Ao
ser convidado para usar da palavra na cerimónia de hoje, na qualidade de
presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá disse que não sabia que iria
discursar pelo que não tinha nada a dizer.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário