A
Polícia de Angola, comportando-se mais uma vez como polícia do MPLA, carregou
hoje forte e feio contra os manifestantes que exigiam, em Luanda, a libertação
de 15 activistas detidos desde Junho.
Vários
feridos e muitas detenções são, para já, o saldo, de um intervenção policial e
militar que mostrou como é fácil ser forte com os que, embora tendo razão, têm
como única arma a liberdade de pensamento.
O
protesto concretizou-se pelas 16 horas, no Largo da Independência, com os
jovens manifestantes gritando “liberdade” e a entrarem naquela área que, à
semelhança de outros pontos da cidade, registava forte aparato policial.
Para
esta acção musculada a Polícia dita nacional usou estrategicamente o seu braço
político-juvenil, a JMPLA, para estar presente no mesmo local, justificando
dessa forma a acção policial que, diz, se destinou a evitar confrontos entre
manifestante.
Trata-se,
aliás, de uma técnica fascista que é reiteradamente usada pelo regime de José
Eduardo dos Santos para justificar o injustificável. Ao saber que os jovens do
dito Movimento Revolucionário tinham convocado, com a devida informação ao
Governo provincial, uma manifestação para aquele local, o MPLA tratou de
organizar igual evento.
A
manifestação de hoje, tal como todas as que não tenham o patrocínio do MPLA,
contrariando a propaganda do regime, que propala que ao abrigo do artigo 47 da
Constituição todos se podem manifestar, resultou em actos de extrema violência,
detenções e deslocação dos detidos para parte incerta.
Mais
uma vez a brutalidade do regime mostrou, embora sejam poucos os que queiram
ver, que só existe liberdade quando é para idolatrar a figura de José Eduardo
dos Santos ou, ainda, para bajular as sua políticas.
O
regime escuda-se, e bem, no facto de se membro do Conselho de Segurança da ONU
para ter cobertura internacional. Até agora tem dito que os jovens activistas
pretendiam levara efeito um golpe de Estado. Não tardará muito que passe à fase
seguinte que é da dizer que eles pertencem a grupos terroristas, até mesmo
alegando que poderão pôr em risco a segurança da região.
Anunciada
e comunicada a tempo e horas, e cumprindo todas as formalidades legais (se bem
que a lei em Angola é letra morta para quem não se ajoelhe perante o rei), a
manifestação visava denunciar a arbitrariedade ditatorial do regime.
Não
deixando os seus créditos por cassetetes e armas alheias, a Polícia Nacional
(do MPLA, reafirme-se), materializou as suas intenções de dar porrada a todos
quantos ousem perturbar o sono divino do “querido líder”, por sinal embalado
pelo hino do Conselho de Segurança da ONU.
Com
esta prática reiterada, o regime pretende ensinar a todo o mundo – com excepção
da Coreia do Norte – qual é a melhor forma, obviamente espontânea, legal e
democrática, de acabar com manifestações sem sequer usar gás lacrimogéneo. De
facto, porrada e balas são métodos mais eficazes de um regime que se diz
democrata mas que tem tudo de ditador.
Tudo
indica que, a fazer fé na tradição democrática das forças policiais, que os
detido serão despejados – espera-se que com vida – numa outra província,
igualmente acusados de preparem um golpe de Estado. Ou será já uma mais larga
acção terrorista?
Folha
8 (ao)
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