Polícia "recolheu" manifestantes em Luanda por alteração à ordem
A
Polícia Nacional de Angola negou esta quinta-feira que tenha feito detenções
durante a manifestação de ativistas em Luanda, na quarta-feira, garantindo que
apenas "recolheu" jovens, entretanto libertados, por "tentarem
alterar a ordem" na cidade.
A
informação foi prestada à agência Lusa pela porta-voz do Comando Provincial de
Luanda daquela força, intendente Engrácia Costa, garantindo a oficial que a
presença da polícia no Largo da Independência, à hora da manifestação dos
ativistas, visiva assegurar a segurança de outro evento que decorria no local.
"Foram
[jovens ativistas que se manifestavam] recolhidos porque insistiam, apesar da
nossa sensibilização. Depois de identificados numa unidade nossa, foram
mandados embora. Não, não foram detidos, foram recolhidos só para prevenir
alguma alteração da ordem que eles tentavam fazer", afirmou a oficial da
polícia, sem querer adiantar quantos estiveram nessa situação.
A
polícia angolana carregou na quarta-feira sobre algumas dezenas de
manifestantes que exigiam em Luanda a libertação de 15 ativistas detidos desde
junho - mas que não estaria autorizada pelo governo provincial -, tendo-se
registado alguns feridos na sequência dessa intervenção.
Uma
"manifestação pacífica" de ativistas angolanos sob o lema "Chega
de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola" estava
convocada para aquele, para exigir a libertação dos jovens ativistas detidos,
suspeitos de prepararem um golpe de Estado.
O
protesto concretizou-se pelas 16 horas, no Largo da Independência, com os
jovens manifestantes gritando por "Liberdade" quando entravam naquela
área, que registava forte aparato policial e onde já decorria uma ação das
estruturas juvenis do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, o
partido no poder), envolvendo cerca de duas centenas de jovens.
A
intendente Engrácia Costa reiterou, em declarações à Lusa, que a polícia agiu
inicialmente "sensibilizando" os manifestantes que, na aproximação ao
largo em que se verificou a intervenção, "eram aconselhados a regressar
para casa".
"Mas
nós não fomos para recolher manifestantes, nós fomos para fazer o asseguramento
da atividade recreativa e cultural devidamente autorizada que decorria no Largo
1.º de Maio [da Independência] e na Praça da Família, em alusão ao dia da
mulher africana [que se comemora a 31 de julho]", disse ainda a porta-voz
da polícia em Luanda.
Conforme
a Lusa constatou no local, os jovens estiveram ao longo de alguns minutos concentrados
em frente ao mesmo largo, rodeados de elementos policiais que, segundo foi
visível, não intervieram.
Aparentemente,
só a aproximação entre os manifestantes, do autodesignado Movimento
Revolucionário, e a juventude partidária do MPLA - que organizava o evento
autorizado - levou a polícia de intervenção colocada no local a carregar sobre
os mesmos, recorrendo a equipas cinotécnicas, por entre momentos de forte
tensão.
Os
manifestantes, algumas dezenas, ainda conseguiram entoar cânticos de protesto à
volta do largo e no interior do mesmo, durante alguns minutos, até à
intervenção policial.
Outros
jovens, afetos ao MPLA, desfilavam em caravana motorizada, em apoio ao Governo,
à volta do mesmo largo, onde decorria ainda a venda de artesanato e música.
Jornal
de Notícias – título PG
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