sexta-feira, 31 de julho de 2015

DEBATE ANUAL DE PARLAMENTARES CABO-VERDIANOS DEVERÁ “AQUECER”




Os deputados cabo-verdianos debatem nesta sexta-feira (31.07) o "Estado da Nação", naquele que será o último debate antes das eleições legislativas de 2016. A antevisão mostra que a disputa no próximo ano será acirrada.

Mais uma vez cumpre-se a tradição e o debate sobre o "Estado da Nação" acontecerá no último dia do mês de julho, marcando assim o fim do presente ano parlamentar. Mas este ano, com uma particularidade. Trata-se do derradeiro grande confronto entre o Governo e a oposição.

O primeiro-ministro, José Maria Neves, não irá se recandidatar no próximo ano e aproveitará o debate desta sexta-feira (31.07) para fazer um balanço dos 15 anos de governação. A oposição irá abordar os pontos fracos do Executivo, chamando para a mudança.

O debate acontece numa altura em que Cabo Verde tem sido assolado por algumas greves e o Governo dá sinais de alguma fadiga e estresse.

Questões sócio-económicas deverão destacar-se, como deixou a entender o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Fernando Elísio Freire. "Temos a maior taxa de desemprego dos últimos 25 anos. Assim como a menor média do crescimento económico [do mesmo período]. Vivemos um clima de intranquilidade e instabilidade nas principais instituções do país. Estamos num quadro em que, claramente, o Governo deve ser responsabilizadoi pela situação a que chegou o país.”

Da parte do partido que sustenta o Governo, o líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Felisberto Vieira, aproveita as críticas para dizer que o país tem, neste momento, três grandes desafios a vencer: "Reduzir o desemprego, a pobreza e as desigualdades sociais". Desafios recebidos de frente, segundo Felisberto Vieira, já que pretendem continuar a trabalhar para merecer a confiança dos cabo-verdianos no próximo pleito eleitoral e "continuar nesta linha de transformar Cabo Verde", destacou.

Desafios

Numa antevisão do debate sobre o “Estado da Nação”, o presidente da Câmara de Comércio Indústria e Serviços de Sotavento, Jorge Spencer Lima, disse à DW África que o ambiente de negócios em Cabo Verde passou de mau para “muito mau”, uma vez que continuam a persistir todos os problemas que existiam há cinco anos.

"Em termos económicos e financeiros, penso que Cabo Verde ainda tem muito que fazer. Há uma série de questões em cima da mesa que não atam nem desatam, como a lei de médias e pequenas empresas", explicou Lima.

O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos - Central Sindical, Júlio Ascensão Silva, apontou a redução do poder de compra dos trabalhadores e o desemprego como os grandes problemas sociais de Cabo Verde. "Desde 2011, os salários na administração pública estão congelados. A taxa de desemprego ainda está bastante elevada e isso afeta sobretudo os jovens licenciados, o que é preocupante".

Nas ruas, a insatisfação aumenta. Um comerciante e empresário com o qual a DW África conversou diz que nunca vendeu tão mal como atualmente. “Já fechei uma empresa. Agora estou a fechar outra. Não sei onde isto vai parar", desabafa.

Depois do debate sobre o "Estado da Nação" os deputados entram de férias até outubro, período em que a pré-campanha para as eleições legislativas de 2016 deverá intensificar-se.

Nélio dos Santos (Cidade da Praia) – Deutsche Welle

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