Tsipras:
“Não queremos juntar-nos aos sociais-democratas”
Entrevistado
esta manhã na rádio, o primeiro-ministro grego diz estar orgulhoso da batalha
travada nos últimos seis meses e que a tarefa do governo será o ataque à
oligarquia e compensar os efeitos negativos do memorando. “O Grexit estará em
cima da mesa enquanto não houver alívio da dívida”, diz Tsipras, prevendo que
essa parte do acordo possa avançar em novembro.
Numa
entrevista em que passou em revista os primeiros meses do mandato, a decisão de
convocar o referendo, a chantagem do acordo de 12 de julho e a divisão no
Syriza, Alexis Tsipras deixou claro que o partido “não está interessado em
juntar-se aos sociais-democratas”, que considera estarem afundados num “impasse
estratégico”.
“Eu
sou a última pessoa a desejar eleições, se tiver maioria parlamentar. Mas se
não a tiver, serei obrigado a ir a eleições”, afirmou o primeiro-ministro da
Grécia à rádio Kokkino. Tsipras defende que um partido no governo “não pode
funcionar com centros de poder paralelos” e que as decisões coletivas devem ser
seguidas por todos os deputados, “e caso contrário devem devolver os seus
lugares”.
“Não
vou deixar que os problemas do Syriza se tornem problemas do país”.
Para
resolver as divergências no seio do grupo parlamentar, Tsipras defende um
“processo coletivo” que pode passar pela convocatória de um congresso
extraordinário para setembro. Uma escolha defendida pelo líder do Syriza esta
semana, mas que os dirigentes da Plataforma de Esquerda recusam, propondo em
alternativa uma conferência, o que evitaria a eleição de novos delegados e
dirigentes do partido.
“Não
se pode dizer que se discorda com as decisões do governo e que se apoia o
governo. Isso é levar o surrealismo a um outro nível”, afirmou Tsipras,
comentando as posições dos ex-ministros e da presidente do parlamento, Zoe
Konstantopoulou. O primeiro-ministro grego insiste que não vai deixar “que os
problemas do Syriza se tornem problemas do país”.
Tsipras
voltou a justificar a assinatura do acordo em Bruxelas por ser a única
alternativa ao colapso dos bancos. Para o primeiro-ministro, o cenário do dia
seguinte à recusa de um acordo seria o colapso de dois dos principais bancos,
que arrastaria os restantes. Uma situação que, na prática, reduziria a pó todos
os depósitos.
“Nunca
dissemos na campanha eleitoral que governar seria um passeio”
“A
nossa diferença [em relação aos anteriores governos] é que nós não reclamamos a
autoria do programa. É uma receita errada que somos obrigados a aplicar, mas
iremos lutar para derrubá-la e procurar formas de compensar o seu impacto”, acrescentou,
considerando que os efeitos negativos do controlo de capitais na economia grega
“são reversíveis”.
Nesta
entrevista, Tsipras disse que povo grego fugiu da prisão da austeridade para
depois ser atirado para a cela solitária. Mas nesta “vitória de Pirro” dos
poderes da UE, ficou bem à vista o beco sem saída das políticas que defendem,
sublinhou, afirmando que isso se deve à posição da Grécia durante os meses de
negociações promovidas sob asfixia financeira.
“Nunca
dissemos na campanha eleitoral que governar seria um passeio nem que íamos
rasgar o memorando por decreto. O mandato que tivemos foi fazer tudo ao nosso
alcance para travar a sangria do povo”, defendeu. Tsipras admitiu que a decisão
de convocar o referendo foi “de alto risco” mas face às medidas previstas no
ultimato de junho, não havia outra saída. E graças a ele, há hoje um
compromisso para aliar a dívida da Grécia, concluiu.
Tsipras
destacou algumas das leis progressistas aprovadas no primeiro semestre do
mandato e diz que esse esforço irá prosseguir, com a aprioridade no “ataque à
oligarquia”. A lei de regulação dos media, que se encontra em fase de discussão
pública, é um dos próximos passos nesse sentido.
InfoGrécia - ontem
Ministro
da Energia afasta privatização da rede elétrica
O
ministro Panos Skourletis, que substituiu Lafazanis na pasta da Energia e
Ambiente, diz que a ADMIE, que gere as redes elétricas da Grécia, irá continuar
sob controlo público.
O
acordo de Bruxelas prevê a privatização da ADMIE ou medidas alternativas que
garantam condições neutras de concorrência entre a companhia pública de
eletricidade (PPC) e os restantes operadores do setor elétrico.
Em
declarações à agência ANA-MPA, Skourletis assegurou que a ADMIE continuará em
mãos públicas e serão tomadas medidas para garantir a sua neutralidade em
relação a todos os operadores. As negociações do ministro com os representantes
dos credores têm início esta quarta-feira.
InfoGrécia
– ontem
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