quinta-feira, 30 de julho de 2015

Portugal. Ainda faz sentido ser comunista? "Mais do que nunca" – Jerónimo de Sousa




“Há quatro anos, falar de renegociação da dívida era quase uma blasfémia”. Hoje, é um tema recorrente e do qual o Partido Comunista não desiste.

O líder do Partido Comunista deu, esta noite, uma entrevista à SIC em que esclareceu os principais pontos do seu programa eleitoral, após tecer críticas às propostas da coligação hoje apresentadas: “É um pouco uma repetição”.

Tendo em conta que “o país está a definhar”, uma das principais apostas do PCP é a tão discutida saída do euro, que Jerónimo de Sousa justifica dizendo que “é desastroso ter a mesma moeda em economias tão diferentes em grau de desenvolvimento” e que não viu, até agora, “nenhuma desgraça” nos países da União Europeia que não aderiram à moeda única.

Assumindo que se trata de uma “decisão de grande responsabilidade”, o líder comunista admite que se possa vir a perceber que não é o melhor caminho para o país. Mas frisa que a proposta deve ser validada, até porque “qualquer dia corremos o risco de sermos expulsos”.

Outro sistema do qual o PCP entende que o país deveria sair é da NATO, dado o seu “caráter belicista e agressivo”. Mas nem tudo são saídas. Há um setor no qual, segundo Jerónimo, o Estado deveria ter mais presença: "a banca".

“O dinheiro é um bem público e, por tudo o que aconteceu no setor bancário, exige-se um controlo público. Tendo em conta que fez um investimento de milhares de milhões, o Estado deve ter um papel determinante neste setor tão sensível”, defendeu na antena da SIC, acusando os reguladores de falharem.

Outro dos pontos com o qual Jerónimo de Sousa se compromete é uma aposta na produção. Investir no mar, no subsolo, na pesca e na agricultura é, para o PCP, essencial para que o país cresça e se desenvolva.

E sendo certo que é preciso dinheiro para se fazer investimento, a reestruturação da dívida torna-se, assim, uma necessidade mais premente. Desta forma, “libertávamos milhares e milhões de euros que deviam ser direcionados para o investimento”, frisou o comunista, certo de que este tema já foi mais polémico: “Há quatro anos, falar de renegociação da dívida era quase uma blasfémia”.

A entrevista conduzida no ‘Jornal da Noite’ da estação de Carnaxide terminou com a jornalista Clara de Sousa a perguntar ao líder do PCP se, tendo em conta que o Muro de Berlim caiu, a União Soviética acabou, Cuba está num processo de abertura e se vive em capitalismo desenfreado na China, ainda faz sentido ser comunista no século XXI.

“Mais do que nunca”, garantiu Jerónimo de Sousa, na certeza de que “no balanço que se pode fazer das derrotas socialistas a Leste, o mundo não ficou melhor, ficou mais perigoso, mais desequilibrado”.

Goreti Pera – Notícias ao Minuto

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