“Há
quatro anos, falar de renegociação da dívida era quase uma blasfémia”. Hoje, é
um tema recorrente e do qual o Partido Comunista não desiste.
O
líder do Partido Comunista deu, esta noite, uma entrevista à SIC em que
esclareceu os principais pontos do seu programa eleitoral, após tecer críticas
às propostas da coligação hoje apresentadas: “É um pouco uma repetição”.
Tendo
em conta que “o país está a definhar”, uma das principais apostas do PCP é a
tão discutida saída do euro, que Jerónimo de Sousa justifica dizendo que “é
desastroso ter a mesma moeda em economias tão diferentes em grau de
desenvolvimento” e que não viu, até agora, “nenhuma desgraça” nos países da
União Europeia que não aderiram à moeda única.
Assumindo
que se trata de uma “decisão de grande responsabilidade”, o líder comunista
admite que se possa vir a perceber que não é o melhor caminho para o país. Mas
frisa que a proposta deve ser validada, até porque “qualquer dia corremos o
risco de sermos expulsos”.
Outro
sistema do qual o PCP entende que o país deveria sair é da NATO, dado o seu
“caráter belicista e agressivo”. Mas nem tudo são saídas. Há um setor no qual,
segundo Jerónimo, o Estado deveria ter mais presença: "a banca".
“O
dinheiro é um bem público e, por tudo o que aconteceu no setor bancário,
exige-se um controlo público. Tendo em conta que fez um investimento de
milhares de milhões, o Estado deve ter um papel determinante neste setor tão
sensível”, defendeu na antena da SIC, acusando os reguladores de falharem.
Outro
dos pontos com o qual Jerónimo de Sousa se compromete é uma aposta na produção.
Investir no mar, no subsolo, na pesca e na agricultura é, para o PCP, essencial
para que o país cresça e se desenvolva.
E
sendo certo que é preciso dinheiro para se fazer investimento, a reestruturação
da dívida torna-se, assim, uma necessidade mais premente. Desta forma,
“libertávamos milhares e milhões de euros que deviam ser direcionados para o
investimento”, frisou o comunista, certo de que este tema já foi mais polémico:
“Há quatro anos, falar de renegociação da dívida era quase uma blasfémia”.
A
entrevista conduzida no ‘Jornal da Noite’ da estação de Carnaxide terminou com
a jornalista Clara de Sousa a perguntar ao líder do PCP se, tendo em conta que
o Muro de Berlim caiu, a União Soviética acabou, Cuba está num processo de
abertura e se vive em capitalismo desenfreado na China, ainda faz sentido ser
comunista no século XXI.
“Mais
do que nunca”, garantiu Jerónimo de Sousa, na certeza de que “no balanço que se
pode fazer das derrotas socialistas a Leste, o mundo não ficou melhor, ficou
mais perigoso, mais desequilibrado”.
Goreti
Pera – Notícias ao Minuto
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