Rui Peralta, Luanda
A
questão dos 15 cidadãos angolanos detidos acabou transformada numa plataforma
de ingerência contra a soberania nacional e numa tentativa de desestabilização,
promovida a partir do exterior. A forma como é propagandeada revela um grande
desconhecimento sobre a realidade angolana, esquecendo os seus promotores que
estão na presença de um Estado Democrático de Direito, legitimado pela
Soberania Popular.
O
atropelo é de tal forma efectuado pela máquina de propaganda estabelecida no
exterior, que chega ao ponto de retirar do foro judicial uma questão que é da
competência do Poder Judicial e que apenas no quadro da ordem
jurídico-constitucional angolana pode ser resolvida. Estamos, assim, na
presença, pois, de uma campanha de desestabilização – mais uma – que tem como
objectivo impedir a efectivação do Estado Democrático de Direito e dos
princípios e valores constitucionais da Republica de Angola.
Como
é do conhecimento publico, um dos 15 cidadãos a aguardar julgamento (Luaty
Beirão) optou pela greve da fome como forma de protestar pela sua detenção
(foi, posteriormente, seguido por mais dois dos cidadãos detidos que, segundo
creio, desistiram desta posição). Este protesto é um direito que assiste a esse
cidadão e a sua posição foi respeitada pelas autoridades angolanas, que encarregaram-se
de fazer prevalecer um outro direito constitucional (o Direito á Vida),
prestando ao detido os cuidados clínicos necessários, para que este possa
exercer o seu protesto sem colocar em risco a sua própria vida. Neste sentido
procedeu-se á transferência de Luaty Beirão para uma clínica privada de alta
qualidade, bem apetrechada de meios técnicos e humanos.
Esta
preocupação do Estado angolano revela o comportamento democrático (o Estado
angolano assume-se, com esta actuação, como um Estado Democrático de Direito,
respeitando os valores constitucionais, os direitos de cidadania e a Declaração
Universal dos Direitos do Homem) e o respeito pela condição da Pessoa Humana,
contrastando com a forma hipócrita como os “amigos” de Luaty lhe manifestam “solidariedade”,
aproveitando o seu protesto para fins obscuros e transformando-o, na prática,
em “carne para canhão”.
A
máquina de propaganda contra Angola (uma máquina bem oleada e de á muito
montada e reequipada) aproveita-se do desconhecimento da realidade democrática
angolana, do grande esforço que é feito no dia-a-dia da Nação Angolana para
efectivar os princípios democráticos e aprofundar a Democracia. Este
desconhecimento é, sem dúvida, algo que nós angolanos devemos começar a combater,
mostrando ao mundo a nossa realidade, tornando acessível ao mundo obter
informação sobre as nossas instituições democráticas e levando ao mundo a nossa
realidade. Aqui temos, pois, responsabilidades e esta é uma frente sobre a qual
nos temos de debruçar.
Por
outro lado a oleada máquina patrocinada pelos interesses “anti-Angola”,
aproveita-se da leviandade com que algumas forças políticas e figuras públicas europeias
e norte-americanas abordam os assuntos de política externa e dos Direitos do
Homem. Esta leviandade, associada á ignorância e ao desconhecimento, por si,
apesar de preocupante, não passaria disso mesmo, de leviandade e
desconhecimento. Mas estes factores (leviandade e desconhecimento sobre a
realidade angolana) revelam-se um cocktail perigoso quando servem de alimento
aos objectivos e interesses que estão por detrás da máquina de propaganda
exterior. É que estes, caros amigos, são interesses conhecidos á mais de meio
milénio pelos angolanos….
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