O
Presidente considerou que "a alternativa claramente inconsistente sugerida
por outras forças políticas" teria consequências "muito mais
graves".
"Se
o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a
estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves
as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa
claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o
chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na comunicação ao país, onde anunciou que
tinha indigitado o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para o cargo de
primeiro-ministro.
Sublinhando
que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente
livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do
primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não
tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução
alternativa estável, duradoura e credível".
Cavaco
sublinhou ainda que se regeu pela "regra que sempre vigorou na nossa
democracia: quem ganha as eleições é chamado a formar governo pelo Presidente
da República" e garantiu que fora da União Europeia, o futuro de Portugal
"seria catastrófico".
Nas
eleições de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a
maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu
86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um
deputado.
TSF
com Lusa
Partidos
divididos entre uma "perda de tempo" e uma decisão "corajosa"
Nas
reações à escolha de Pedro Passos Coelho para primeiro-ministro, a direita
congratula-se, mas os partidos à esquerda falam em "perda de tempo" e
dizem que o Governo vai ser derrubado no Parlamento.
Pelo Partido
Socialista reagiu João Soares. O deputado "lamenta e estranha esta
decisão do Presidente da República". A escolha é lamentada porque faz o
país "perder tempo" já que "inevitavelmente" Passos Coelho
vai ser derrubado no parlamento. João Soares afirma ainda que o PS
"estranha a decisão porque está em contradição com o que o Presidente da
República tem dito: que não daria posse a um PM que não desse garantias de um
governo estável e duradouro".
O PSD,
por Marco António Costa já se veio congratular com a decisão de Cavaco Silva.
Dizendo que agora se "abre um novo tempo" para a Assembleia da
República saber dar "estabilidade" ao novo Governo. "É o tempo
da responsabilidade do Parlamento", disse Marco António Costa. O
vice-presidente do Partido Social Democrata diz que esta escolha representa o
"respeito pelo resultado eleitoral das eleições de 4 de outubro".
Marco António Costa garantiu aos portugueses que "não viraremos as costas
a qualquer dificuldade com o objectivo de garantir que a recuperaçao da
economia e dos emprego continuem".
Pelo Bloco
de Esquerda Pedro Filipe Soares reiterou que "tudo faremos para
rejeitar o Governo aqui na Assembleia da República". "O país
precisava de um Presidente responsável que não fizesse o país perder tempo e
não se comportasse como se estivesse dependente da sua costela de direita,
particularmente de apoio a PSD/CDS", afirmou Pedro Filipe Soares, no
parlamento. Interrogado pelos jornalistas, Pedro Filipe Soares não quis dizer
como têm evoluido as negociações com o PS.
PCP - Cavaco
Silva "terá de assumir todas as consequencias da instabilidade" que
aí vem, considera o deputado comunista João Oliveira, que lembrou que o PCP vai
também apresentar um moção de rejeição ao Governo. "Esta decisão é
inaceitável, revela absoluto desprezo pela vontade expressa pelo povo português
nas eleições de 04 de outubro e total ausência de imparcialidade",
declarou João Oliveira, nos Passos Perdidos do parlamento. Segundo o deputado
comunista, Cavaco Silva colocou-se "totalmente ao serviço do PSD e do CDS,
cuja ação governativa os portugueses quiseram ver interrompida".
CDS - Foi
dos discursos mais "importantes, claros e corajosos de todos os mandatos
de Cavaco Silva" diz Nuno Melo do CDS. A decisão que Cavaco tomou foi
a normal, afirmou o deputado, "optar por quem perdeu as eleições é que
seria estranho". Segundo o centrista - que recordou que Cavaco Silva fez
aquilo que todos os Presidentes da República fizeram nos últimos 40 anos - a
decisão e a responsabilidade cabe agora aos deputados, sendo de esperar que os
parlamentares façam o que tenha que ser feito, escusando-se a antecipar
cenários. (TSF)
CGTP
diz que decisão de Cavaco é "um atentado à democracia"
O
secretário-geral da CGTP acusa o Presidente da República de ter feito o jogo da
coligação de direita indo contra a vontade dos eleitores portugueses.
"O
Presidente da República (PR) não devia tomar partido, mas tomou, a favor dos
partidos que têm estado no Governo", disse Arménio Carlos à agência Lusa.
Para o sindicalista, "a declaração do PR é um atentado à democracia e à
vontade dos eleitores".
À
TSF, o líder da Intersindical lamentou que Cavaco Silva não tivesse tido em
conta "a expressão do voto da maioria do povo português que foi inequívoco
ao retirar a maioria absoluta ao PSD/CDS" nas eleições de 04 de outubro
passado.
O
sindicalista considerou ainda que o PR, com os argumentos que apresentou para
justificar a sua decisão, "procurou espalhar o terror e discriminou os
restantes partidos".
Arménio
Carlos manifestou esperança de que os partidos de esquerda sejam coerentes e rejeitem
o programa de Governo da coligação PSD/CDS-PP.
TSF
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