quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Portugal. SOARES DA COSTA AVANÇA COM DESPEDIMENTO COLETIVO DE 500 TRABALHADORES



Maria João Babo – Jornal de Negócios

CEO da construtora explica necessidade de reestruturação com o facto de ter encontrado empresa pior do que esperava, assim como com a crise em Portugal e Angola.

O presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, comunicou esta quarta-feira à comissão de trabalhadores (CT) que a empresa vai dar início a um processo de despedimento colectivo de cerca de 500 trabalhadores.

A crise económica e financeira instalada em Portugal e em Angola, o principal mercado do grupo, "continua a ter repercussões nefasta para a Soares da Costa", começa a carta enviada esta quarta-feira à CT do grupo.

"Em Portugal mantém-se a estagnação do mercado da construção, com incipientes níveis de obras postas a concurso, e em Angola a quebra de receitas relacionadas com a produção petrolífera reduziu significativamente os níveis de investimento público e privado", refere o CEO.

Joaquim Fitas avisa ainda que "a conjuntura mantém-se, pois, extramente adversa, o que impõe o inevitável redimensionamento e reestruturação da empresa através de uma solução estruturante que nos permita normalizar a actividade, reduzindo custos e normalizando os níveis de rentabilidade".

Como refere, os prejuízos acumulados nos exercícios anteriores têm ultrapassado, em cada ano, mais de 60 milhões de euros. Também o volume de negócios tem estado em declínio, tendo diminuído cerca de 30% de 2013 para 2014.

"A estrutura não se adaptou aos desafios e manteve-se inelástica, pesada e sem que o negócio conseguisse cobrir os pesados custos", frisa ainda o CEO da Soares da Costa na carta onde pede à comissão de trabalhadores que se o entender emita o seu parecer nos próximos cinco dias.

A Soares da Costa tem actualmente cerca de 4.300 trabalhadores, dos quais mais de 800 em Portugal e quase 3.500 nos restantes mercados (Brasil, Angola e Moçambique). A empresa tem também neste momento cerca de 200 trabalhadores em inactividade.

Ao Negócios, o CEO da construtora frisou que "para salvar 4 mil vamos ter de sacrificar 500", acrescentando que o grupo "não tem  alternativa a avançar com este despedimento colectivo".


Joaquim Fitas adiantou ainda que este processo está identificado como indispensável na empresa há três anos, tendo nessa altura sido obtidas as necessárias autorizações. Parte do capital que foi injectado na Soares da Costa com a entrada do empresário angolano António Mosquito, no total de 70 milhões de euros, já se destinava a fazer face a esta situação.

O responsável explicou ainda ao Negócios que a maior percentagem de trabalhadores envolvidos no despedimento colectivo diz respeito aos serviços de apoio e suporte à actividade core. 

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