Paulo
Baldaia –TSF, opinião
São
os aliados do PS, PCP e Bloco, que dizem que o orçamento ficou pior do que o
esboço. Dizem que as cedências são por culpa do PSD e CDS, mas a tese do
ministro Mário Centeno é mais credível: "numa negociação só há
vencedores".
O
orçamento é agora pior do que era quando foi entregue em Bruxelas, diz o PCP e
o Bloco. Também acho. Tem menos coerência, é menos de esquerda do que era,
carrega nos impostos indirectos, como se eles não tivessem implicação no custo
de vida de pobres e ricos.
Deixa
cair uma bandeira socialista que fazia todo o sentido para um governo de
esquerda, mesmo que nunca tivesse tido o apoio entusiástico do PCP e do Bloco,
que era a descida da TSU para trabalhadores que ganham menos de 600 euros.
Estes são os trabalhadores, sempre nos lembrou o PS, que não ganhariam nada com
o fim da sobretaxa. Estes são os trabalhadores para quem 10 ou 20 euros fazem a
diferença.
Quem
acreditou que era possível vergar Bruxelas argumenta agora que numa negociação
ambas as partes têm de ceder. É verdade, mas isso foi o que sempre foi dito
pelos que criticavam o irrealismo das contas e a impossibilidade de cumprir as
regras, aumentando a despesa e diminuindo a receita.
Tudo
começou com um esboço que agora é um orçamento. São ainda apenas contas num
papel, compromissos que todos os anos os governos assumem e corrigem de acordo
com a execução. O anterior governo conseguiu até a proeza de ter mais
orçamentos rectificativos que orçamentos propriamente ditos. Depois de tudo o
que a Comissão impôs ao documento que o PS entregou hoje no Parlamento, tendo a
comissão feito também algumas cedências, o que fica para um futuro próximo é o
recado de que haverá, por parte de Bruxelas, um "controlo ao
detalhe", porque continua a haver um "risco de incumprimento".
Fica
provado, como hoje disse o ministro Mário Centeno, que "há
alternativa". Ainda bem. O pior que nos podia acontecer a todos, aos que
gostam deste governo e aos que não gostam, é que tivesse ficado provado que
existe uma ditadura de pensamento único. É possível mudar, aconselha-se
prudência e uma execução profissional e sem falhas. No papel a alternativa é
possível, mostrem agora na prática que a alternativa é melhor.
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