Horas
após a sua detenção para averiguações, o ex-Presidente do Brasil, Lula da
Silva, garantiu aos seus simpatizantes que estará presente se o Partido dos
Trabalhadores precisar “de alguém para comandar a tropa”
Cristina
Pombo – Expresso, ontem
la
da Silva contra-atacou ao final de sexta-feira, horas depois de ter sido detido
em sua casa e ouvido durante três horas no âmbito da Operação Lava Jato, por
suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção relacionado com a petrolífera
estatal Petrobras.
O
ex-Presidente e fundador do Partido dos Trabalhadores brasileiro (PT) assegurou
aos cerca de cinco mil militantes do PT que se reuniram em São Paulo que está
“vivo” e preparado para disputar a Presidência em 2018. “A partir de hoje, a
resposta que posso dar é ir para as ruas e dizer: 'estou vivo e sou mais
honesto do que vocês'”, garantiu.
Lula,
que foi recebido com uma grande ovação, chorou várias vezes e garantiu que se o
quiserem derrotar vão ter de o “enfrentar nas ruas do país”.
“Se
vocês estão precisando de alguém para comandar a tropa, está aqui”, afirmou, ao
mesmo tempo que classificou a ação de sexta-feira como uma “provocação banal e
imbecil”, queixando-se de ter sido vítima de “sequestro”.
No
final do seu discurso, que durou perto de uma hora, Lula defendeu-se das
acusações que o envolvem a ele e a membros da sua família no escândalo de
corrupção que tem abalado o Brasil.
“Se
alguém pensa que me vai calar com perseguição e denúncia, vou falar que
sobrevivi à fome. Não sou vingativo e não carrego ódio na minha alma, mas quero
dizer que tenho consciência do que posso fazer por esse povo e tenho
consciência do que eles querem comigo”, afirmou numa clara alusão à disputa
presidencial de 2018.
O
Ministério Público revelou ontem, em comunicado, que na origem das suspeitas
sobre o ex-dirigente estão doações e pagamentos que o beneficiam a ele e
familiares. Em causa está o dinheiro usado em obras num apartamento triplex e
noutro local do estado de São Paulo, e montantes recebidos por Lula nas suas
palestras, que podem ter sido pagos por empresas de construção investigadas no
processo Lava Jato.
DILMA
DEFENDE-SE
Pouco
antes do encontro de Lula com apoiantes, já a Presidente em exercício, Dilma
Rousseff, se tinha manifestado “inconformada” com o facto de o antigo
Presidente ter sido “submetido a uma desnecessária coação coerctiva”,
acrescentado que Lula prestou várias vezes esclarecimentos às autoridades de
maneira voluntária.
Dilma
dedicou menos de dois minutos à defesa do seu antecessor na Presidência,
escreve a “Folha” na sua edição online, e preferiu defender-se das acuações de
que foi alvo na véspera, por parte do senador Delcídio do Amaral, e que estão
também relacionadas com o caso Lava Jato.
Foto:
Lula da Silva recebido em apoteose por apoiantes, em São Paulo / Paulo Whitaker
- Reuters
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