Ainda
de acordo com os advogados, a defesa de Lula não deu procuração ao MPF e o
citado habeas corpus foi impetrado com o argumento principal da
condução coercitiva do ex-presidente e de sua esposa
Correio
do Brasil, com ABr – de Brasília
Os
advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Roberto Teixeira e
Cristiano Zanin Martins divulgaram neste domingo nota na qual repudiam as
declarações dos procuradores da República integrantes da força-tarefa Lava Jato
feitas no sábado. Para os advogados do ex-presidente, as declarações dos
procuradores são uma “desesperada tentativa de legitimar a arbitrária condução
coercitiva do ex-presidente na sexta-feira”.
De
acordo com a nota, publicada no site do Instituto Lula, a condução
coercitiva é uma medida que cerceia a liberdade de ir e vir e jamais poderia
ter sido requerida ou autorizada nos termos em que se deu. “O fato de a
Operação Lava Jato já ter emitido 117 mandados de condução coercitiva não tem o
condão de legitimar a ilegalidade agora praticada contra o ex-presidente Lula,
mas, ao contrário, serve de alerta para tantas outras arbitrariedades que
poderão já ter sido praticadas nessa operação”, defendem os advogados.
Segundo
eles, a tentativa de vincular Lula a esquema de formação de cartel e corrupção
da Petrobrás “apenas atende anseio pessoal das autoridades envolvidas na
operação”, além de configurar infração de dever funcional. “O MPF aposta na
força das palavras em detrimento dos fatos. Lula jamais participou ou foi
beneficiado, direta ou indiretamente, de qualquer ato ilegal”, diz a nota.
Ainda
de acordo com os advogados, a defesa de Lula não deu procuração ao MPF e o
citado habeas corpus foi impetrado com o argumento principal de que a
condução coercitiva do ex-presidente e de sua esposa, Marisa Letícia Lula da
Silva, cogitada pelo Promotor de Justiça Cássio Roberto Conserino, do
Ministério Público do Estado de São Paulo, não poderia ser admitida pois
afrontaria a ordem jurídica.
– Lula
já prestou três depoimentos, dois à Polícia Federal e um ao Ministério Público
Federal. Em nenhum destes houve qualquer confronto ou risco à ordem pública,
porque marcados e realizados de forma adequada pelas autoridades envolvidas –
diz a nota.
Na
última sexta-feira, Lula foi conduzido coercitivamente para depor na sala da
Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, zona sul paulistana. Durante as três
horas de depoimento, o ex-presidente foi questionado sobre a ligação com um
sítio em Atibaia, interior paulista, e com um apartamento tríplex no Guarujá,
no litoral de São Paulo, além de bens que recebeu durante os dois mandatos na
presidência do país, que devem ser mantidos por ele como acervo histórico.
Depois do depoimento, Lula fez um discurso na sede do PT.
Força-tarefa
Lava Jato
Na
noite de sábado, a força-tarefa da Procuradoria da República em Curitiba
divulgou nota na qual diz que no âmbito das 24 fases
da operação Lava Jato, foram expedidos 117 mandados de condução coercitiva
e que nos demais 116, “não houve tal clamor”.
Eles
alegam que a condução coercitiva foi necessária, neste caso, para a segurança
pública, das próprias equipes de agentes públicos e para a segurança do próprio
ex-presidente, além da necessidade de serem realizadas as oitivas
simultaneamente, a fim de evitar a coordenação de versões. A nota cita o
episódio da intimação de Lula para ser ouvido pelo Ministério Público de São
Paulo em investigação sobre desvios ocorridos na Bancoop. “Após ser intimado e
ter tentado diversas medidas para protelar esse depoimento, incluindo inclusive
um habeas corpusperante o TJSP, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva
manifestou sua recusa em comparecer”.
– Assim,
apesar de todo respeito que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva merece, esse
respeito é-lhe devido na exata medida do respeito que se deve a qualquer outro
cidadão brasileiro, pois hoje não é ele titular de nenhuma prerrogativa que o
torne imune a ser investigado na operação Lava Jato – dizem os procuradores.
Para
os procuradores, essa discussão “nada mais é que uma cortina de fumaça sobre os
fatos investigados”. Eles dizem ainda que é preciso investigar os fatos
indicativos de enriquecimento de Lula, “por despesas pessoais e vantagens
patrimoniais de grande vulto pagas pelas mesmas empreiteiras que foram
beneficiadas com o esquema de formação de cartel e corrupção na Petrobras,
durante os governos presididos por ele e por seu partido”.
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